7 - O Martírio de Estevão
(Atos 7)
Nós temos no sétimo capítulo de Atos o relato do martírio de Estevão, o primeiro mártir da Igreja, cujos sofrimentos e morte serviram de exemplo e encorajamento para todos aqueles que são chamados a resistirem até o sangue, se preciso for, para não negarem o nome de Jesus e a Sua Palavra.
Ao ser interrogado pelo sumo sacerdote, no Sinédrio, Estevão começou sua defesa se dirigindo a eles, chamando-os de irmãos e pais, porque era judeu tanto quanto eles, e descendente dos patriarcas Abraão, Isaque e Jacó.
Ele revelou portanto um trato civilizado e respeitoso para com eles, apesar de toda a falsidade e malícia com que lhe estavam tratando.
Ele não tinha nenhuma expectativa de que receberia um tratamento justo da parte deles, e portanto, estava falando daquela maneira não para lisonjeá-los, mas porque isto estava em conformidade com o seu caráter reto e santo.
Eles se dirigiram a ele como se fosse um traidor do judaísmo, e como se fosse um grande inimigo, no entanto, ao lhes chamar de irmãos e pais, estava revelando que não havia razão para considerá-lo de tal forma.
Estevão lhes havia falado anteriormente da idolatria de Israel e que Abraão foi chamado e justificado por Deus, quando era ainda um gentio, e que nem um pé de Canaã foi tomado por posse pela sua descendência, a não ser somente 400 anos depois de terem permanecido se multiplicando no Egito.
Ele havia mostrado também que os próprios patriarcas de Israel, descendentes de Jacó, não haviam agido de modo justo com o seu irmão José, de maneira que não deveriam pensar que a santidade deles consistia no simples fato de serem descendentes de Abraão, de terem um templo e de habitarem em Canaã; porque seguramente Deus voltaria a visitar os seus pecados destruindo o templo, e lhes expulsando mais uma vez da Palestina, conforme havia sido profetizado por Jesus.
Então Estevão foi completamente honesto e verdadeiro, quando lhes alertou quanto ao perigo que havia em rejeitar a Jesus, que fora dado pelo desígnio de Deus, para justificar os pecadores, e para que pudessem ser realmente santos perante Ele.
Mas como poderiam entender o propósito de Deus, e se renderem a Ele sendo homens de dura cerviz, incircuncisos de coração e ouvido, que sempre resistiam ao Espírito Santo, tanto quanto os seus ancestrais haviam feito no passado? (At 7.51).
Eles continuavam imitando os seus pais, que haviam perseguido os profetas, e haviam não somente traído Jesus, como também Lhe haviam matado.
Assim, afinal, quem era traidor de quem?
Se ao próprio Moisés, a quem alegavam seguir, não mostraram fidelidade, cumprindo a Lei que lhes fora dada, como poderiam ser verdadeiros discípulos de Jesus, de quem Moisés foi apenas servo?
Assim o coração de Deus não estava naquela terra, e nem naquele templo de pedra, mas naqueles que Lhe obedeciam de fato.
Por isso Ele havia falado pelo próprio Moisés acerca de um Profeta, que seria levantado no futuro (Jesus), que deveria ser ouvido pelos israelitas, para conhecerem a Sua vontade numa Nova Aliança.
Deus estava fazendo coisas novas, e não havia feito nenhuma promessa de garantir a Lei cerimonial e o templo de Jerusalém para sempre.
Ao contrário, havia falado pelos profetas que faria uma Nova Aliança, para vigorar no lugar da Antiga.
Deste modo, era injustificável a teimosia e resistência dos judeus ao Espírito Santo, por causa de tentarem fazer prevalecer os seus próprios conselhos, em vez de se submeterem ao plano de Deus.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Atos dos Apóstolos - Evangelho - Missões - Evangelização
SpiritualitéPor várias evidências internas, que encontramos no livro de Atos, e especialmente pelo prefácio, que endereça a escrita a Teófilo (Atos 1.1), tal como no evangelho que leva o nome do autor (Lc 1.4), concluímos que o livro de Atos foi com toda a cert...