the souls

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Capítulo 2
Estava parado na frente da janela, tomando uma brisa suave que vinha da mesma. Foi quando percebi algo a me observar, que tinha um aspecto azul, mas o que seria isso? Como eu poderia descobrir se é alguém? Tinha tantas perguntas rodeando minha cabeça, seria Aya, que morreu há mais ou menos 8 meses? Eu já devo estar delirando, não consigo parar de pensar nela, como dói ela ter ido embora. Éramos felizes brincando na pequena floresta quando crianças, no campo das flores e na casa de minha tia, mas eu amava ela mais do que uma simples amiga? Ou melhor, será que ela me amava? Estava difícil arrumar informações concretas comigo mesmo, eu estava com uma perturbação em minha mente. A morte de Aya, uma coisa inesperada, apesar de eu ter certeza que fui avisado indiretamente.
Uma menina perfeita, linda, com olhos de tom igual ao mel, cabelos enrolados, formados de cachos definidos, que mesmo quando acabava de acordar já estavam perfeitamente arrumados, sua cor era castanho escuro na raiz, com as pontas mais claras, até com alguns fios ruivos. Ainda sinto aqueles abraços, que transmitiam tantas sensações, quando encosto na parede da minha sala, costumávamos encostar aqui para observar o horizonte. Ela parecia com uma princesa, mas era como se fosse a minha rainha, e agora eu sinto que deveria ter sido o rei dela enquanto havia tempo. Eu não tinha certeza se a amava como mais do que melhores amigos que foram criados juntos em uma cidade estranha. Prédios, intercalados de pequenas florestas no meio de um centro urbano, que chamavam de Dominion. E o que mais me chamava atenção era o jeito como nos olhávamos, eu sabia que era algo mais do que apenas dois amigos que gostavam muito um do outro. Como um sentimento profundo, uma coisa envolvente e intrigante, talvez meio difícil de definir exatamente. Não me lembro de mais tantas coisas boas que fazíamos, apenas lembro, agora, de coisas ruins e brigas que foram simplesmente horríveis e, no caso, me arrependo de cada segundo. Mas vê-la de novo seria perfeito, é algo que gostaria de fazer antes de morrer. E às vezes, minhas memórias me enganam, me fazem achar que ainda sou feliz por apenas pequenos momentos (muito raros inclusive). Eu era feliz quando estava com ela, eu acho, mas se ela reaparecer, por mais que seja impossível, e eu esteja me iludindo, é melhor ignorar. Vou fingir que ela não existe, principalmente se Aya reencarnar, e tenho certeza que vou saber se acontecer isso, de algum jeito. Não quero que ela entenda mal, até porque eu sou realmente apaixonado por ela, só não quero me aproximar demais. Também não quero machucá-la como eu acho que já fiz alguma vez, e me machucar muito menos. Acho que ela não conseguia entender o que acontecia em sua própria vida, e ela me disse muitas coisas a respeito do que sofria, mas sempre tentou ficar bem sozinha e esconder as coisas tristes que passavam em sua cabeça. "Se eu ficar triste, vou acabar por contaminar tudo, como uma pequena chama que se espalha em uma floresta", esta era a frase que ela me dizia, afirmando que ficaria bem para me ver sorrir.
De toda forma, eu fazia de tudo para que Aya ficasse bem, desde quando éramos crianças, é como se eu tivesse essa necessidade/urgência de vê-la feliz.
Eu ainda me encontrava intrigado com a possibilidade de algo estar me seguindo, como se quissesse ser notado especialmente por mim. Sinceramente, tenho um leve medo deste tipo de coisa, me remete a filmes de terror com casas assombradas e espíritos possuindo as pessoas. Parece uma paranóia de uma criança com medo de dormir no escuro, no caso de aparecer algum bicho querendo matá-la ou sabe Deus o que. Não que eu seja assim, eu sou capaz de dormir no escuro tranquilamente. Isso me lembra tanto a Aya, ela adorava brincar comigo de dia, porém de noite não podia nem sonhar com isso, tinha um medo que a deixava fofa, era como se eu estivesse sendo pai, mesmo que eu tivesse apenas 7 ou 8 anos. E eu sabia o quanto ela se ficava mal em se sentir sozinha, mesmo que estivesse com alguém bem do lado dela. Sempre usei isso como prioridade quando estávamos juntos, fazia tudo o que estivesse ao meu alcance para que Aya sentisse que sempre estaria com ela. Seu maior medo era que fosse abandonada de alguma forma, já que o pai dela foi embora quando era criança, e isso causava-lhe uma dor profunda e constante. Tudo que eu queria era ter feito com que ela fosse plenamente feliz, e consegui falhar até nisso. Talvez eu devesse ter tentado mais, tentado fazer ela mais feliz de alguma forma. Eu a amo incondicionalmente de qualquer forma, só não aguento essa vida sem ela.

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