O pânico toma conta do meu ser durante uns dez minutos até que resolvo dividir a notícia com meu irmão, que ao ouvir o meu chamar se desloca o mais rápido possível para o quarto que ocupo.
- O que houve Felipe, para me chamar tão desesperado? Indagava meu irmão , muito preocupado com o que possa ser.
Então sem respondê-lo, o entrego a carta para que ele possa tomar consciência da situação.
Assim que a termina, meu irmão me olha com uma expressão de espanto que nem mesmo ele conseguiu disfarçar. E ao voltar a realidade ele me segura pelos ombros com um pouco de força e me diz:
- Isto está mais sério do que eu pensava. Precisamos bolar uma solução o mais rápido sem que prejudicamos a vida dos nossos familiares.
-E quando você diz em uma solução. O que você tem em mente ?
-Felipe pegue suas coisas, hoje mesmo iremos abandonar a casa da nossa avó, dizia o meu irmão com muita certeza no que estava fazendo.
- Você do pode ter enlouquecido, dizia eu tentando me manter paciente para poder sugerir outro meio de nos proteger. E nervoso por não achar outra solução acabo concordando com a ideia do meu irmão.Mas antes que ele se retire do meu quarto eu o digo:
- Depois de sairmos daqui de casa, só nos resta contar com nós mesmos- e segurando a angústia que sentia em meu peito continuo a dizer- promete nunca me abandonar meu irmão. Eu não sei se aguento mais viver nesta situação. E sem perceber me entrego a lágrimas que tendem a escorrer pelos meus olhos.
Me envolvendo em seus braços com um abraço fraterno de irmão meu irmão me diz:
-Pode contar sempre comigo Felipe, pois independente de tudo que ocorrer a nós daqui pra frente, eu nunca irei lhe abandonar.
Naquela tarde faço uma visita a minha avó que ainda continua de repouso em seu quarto e depois sigo em direção ao meu quarto para arrumar minhas coisas em uma mochila improvisada, na qual a encontrei em um velho armário que se encontra em meu quarto.
Dou preferência ao meu diário que para preserva-lo o guardo bem no fundo da mochila e por cima acrescento algumas peças de roupas.E após organiza-la a escondo debaixo da cama para que ninguém a possa achar.
Quando decidimos partir já são por volta das duas da madrugada.Todos da casa já se encontravam em descanso nos seus quartos, o que de fato tornou nossa saída mais fácil.
Ao sairmos na rua o frio da madrugada estava intolerável e vestindo um casaco que havia guardado na mochila seguimos direção pelo Barra da Tijuca, conhecido também por Barra o bairro da vovó e um dos bairros nobres do Rio de Janeiro, cheios de condomínios e grandes empreendimentos imobiliários.
Depois de muito caminhar bem na saída do bairro deparamos com a nossa antiga casinha e mais a frente havia uma esquina que em decorrer do tempo começaram a aparecer moradores de rua que procuravam um lugar mais tranquilo para passar a noite.
Como estava muito frio e nossas articulações já doíam de tanto frio resolvemos nos aproximar de um grupo de moradores de rua, que ao notar nossa presença e nossa expressão de tristeza nos rostos nos recebe com muito compaixão.
Um homem moreno, alto com roupas desgastadas e uma velha coberta de aproxima e diz:
-Boa noite crianças, meu nome é Aristeu. E pela carinha estão muito tristes.
Assustados com a reação do homem afastamos um pouco e trombamos em um mulher de cabelos negros como a noite e com uma roupas surradas e sujas que vinha a encontro do homem. Notando nosso afastamento o Aristeu muito humilde diz:
- sei o que estão pensando. E apesar de ser um morador de rua tenho um coração muito bondoso e vejo que são crianças que tem uma boa condição social, mas que por algum motivo fugiram de casa. Não se preocupem não irei fazer mal a nenhum de vocês.
Simpatizando com o mendingo nos sentamos próximos a ele e com muita bondade o homem divide seu pequeno cobertor com nós.
Contamos a ele todo o ocorrido e o homem espantado com a nossa história nos diz:
-A Barra da Tijuca cresceu muito nos últimos anos, mas assim como muitos outros locais, também apresenta os seus aspectos positivos ainda existe seus aspectos negativos como a violência, apesar de ser um bairro nobre. Sinto muito pelo que houve crianças e podem contar comigo que eu os ajudarei. Mas será que vocês acham correto sair de casa sem sequer avisar seus familiares sobre o ocorrido.
Implorando para que ele não nos abandone, pedimos a ele que nos deixe pelo menos passar a noite ali. E vendo que também estava tarde para nos acompanhar até nossa casa ele se aproxima o máximo que pode até nos envolver em seu velho e rasgado cobertor que decorridos alguns minutos somos vencidos pelo cansaço e adormecemos na madruga gelada revestidos pelo aconchego do cobertor.
Ao amanhecer nos deparamos com uma mulher baixa, cabelos sujos e embaraçados e uma roupa desgastada trazendo consigo alguns pães duros e dois copos de café.
Sem delongas a mulher deposita as coisas em um caixote e olhando nos nossos olhos e depois direcionando o olhar para Aristeu ela diz alto e em bom som para que de fato ouçamos.
- Foi tudo o que deu para comprar Aristeu. E a propósito você não pretende ficar com essas crianças né. Pois sem elas já está difícil de sobreviver, imagine com mais duas bocas para alimentar provavelmente morreríamos na miséria.
-Dorothéia, não se preocupe com os meninos eles já estão de partida hoje mesmo. Irei acompanha-los até a casa deles para que cheguem em segurança. Dando as costas para seu Aristeu a mulher nos olha novamente e desesperadamente se serve do pão duro e o café que no momento já devia estar frio.
Sentamos próximos ao caixote e nos servimos do único pão que sobrou divindo-o em dois pedaços.
Pego um dos pedaços e divido com meu irmão e como a degustar do pão.
O bondoso homem nos oferece um pouco do seu café e com muita gentileza recusamos.
Instantes após terminarmos a refeição agradecemos por tudo nos despedimos da mulher que vira o rosto ao aproximarmos e então somos acompanhados por Aristeu para retornarmos para casa.
No meio do caminho peço com muita educação que deu Aristeu nos leve ao cemitério onde hoje repousa o corpo de minha mãe.
Um pouco indeciso sobre o meu pedido o homem nos olha e então concorda e retornando pelo caminho seguimos rumo ao cemitério.
Comentem o que estão achando e o que esperam no desenrolar da história, dia 06/07 publicarei o quarto capítulo.
"Felipe e Fernando decidem ir ao cemitério onde localiza o corpo de sua mãe e muito perigo os afronta lá e a separação dos irmãos pode mudar tudo o que Fernando havia prometido.
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