Capítulo 4

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Boa Noite!

Me desculpem não ter postado no sábado, mas tive compromissos a serem realizados e não tive tempo de postar. Mas o capítulo está aí!!! Espero que estejam gostando!

Beijinhos e Boa Leitura!


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Sair de casa foi uma das decisões mais difíceis da minha vida, mas também foi pela primeira vez que eu pensei em mim. Foi pela primeira vez que fiz algo por mim. Antes de fazer qualquer coisa em toda a minha vida eu pensava nos meus pais e no que as pessoas pensariam de mim. Eu já recusei festas de aniversário de pessoas da escola por causa de um teste idiota que eu sabia que se eu não estudasse tiraria a mesma nota se tivesse feito o contrário pelos meus pais, pelo o que eles pensariam de mim. Para não decepciona-los. Agora vejo que estava errada. Que eu perdi 17 anos da minha vida tentando agradar a meus pais e desagradando a eu mesma. Mas agora é diferente, não tenho eles por perto então vou ser eu mesma. Quem eu realmente sou, a pessoa que apenas Jessica sabia, nem mesmo Henry, mesmo por que ele nunca me deu uma atenção considerável. E por falar nela, bate uma saudade sem igual. Me despedir dela foi tão difícil como me despedir da minha mãe. Ela é praticamente minha irmã e todas as minhas boas e más lembranças ela está, ela está presente em toda a minha vida. Roberto é meu irmão mais velho, todo preocupado comigo e eu amo essa preocupação dele, mas as vezes age como se fosse meu pai. E por falar no meu pai penso em como ele deve estar agora. Não consigo ter raiva dele nem mesmo depois das palavras que ele me disse, porém estou muito triste e magoada com ele. Eu esperava aquelas palavras de todo mundo. Menos dele. Não do meu pai.

Olhei no relógio e já era 13h e estava com fome e o ônibus parecia andar tão devagar como uma formiga. O caminho para o hospital onde fui levada também não era muito perto. Levava um certo tempo a se chegar e de ônibus parecia uma eternidade. Agora enquanto eu penso na minha vida, tem uma idosa que aparenta ter uns 75 anos que não parou de falar desde que se sentou ao meu lado e a cumprimentei com um "boa tarde". Agora ela está falando de sua saúde e quase estou a interrompendo perguntando se sou clínica geral. Nunca tinha passado por isso, nunca tinha pego um ônibus antes. Meus pais tem dois carros então se um estivesse sendo usado, tinha outro a disposição. Mas ao contrário do que eu esperava, gostei de andar de ônibus. A viagem demora mais, as idosas falam mais do que um político fazendo seu discurso, mas mesmo assim eu gostei. Gostei de fazer parte da sociedade. Gostei de em um gesto simples de liberdade. Olhei mais uma vez para os documentos para confirmar o endereço do hospital. Pedi informações para o senhor a minha frente sobre o endereço, já que nunca tinha ido por aquele lugar. Ele me orientou dizendo onde era e qual rua eu deveria entrar quando saísse do ônibus.

- É na próxima que você desce. - Ele disse enquanto eu prestava atenção no discurso da idosa ao meu lado.

- Obrigada. - Eu disse pegando minha mala e me despedindo da idosa e agradecendo o senhor.

Sai do ônibus contente por ter conseguindo chegar até o hospital onde eu fui levada quando meus pais me encontraram. O sinal fechou e eu segurei firme minhas malas e atravessei a rua indo em direção a entrada do hospital que ficava de frente para o ponto que ônibus me deixou. Só tive o trabalho de atravessar a rua. Olhei o letreiro que dizia "Texas Children's Hospital" e entrei.

Havia crianças gritando, chorando, sendo amamentadas, correndo e brincando. De todas as idades possíveis. Era um hospital especializado na área infantil. Totalmente azul claro com branco, mas em algumas áreas de brincadeira, por exemplo, a parede era colorida e com muitos brinquedos espalhados no chão. Enquanto caminhava até a recepção via mães sorrindo conversando umas com as outras e olhando seus filhos se divertirem. Outra sorria ao amamentar o filho que aparentava ter somente alguns meses e outra com um sorriso largo recebia os filhos de braços abertos que correra até ela. E por um momento me perguntei o que eu tinha de errado que não causei alegria em minha mãe biológica e isso só aumentou meu ódio por ela e a angústia dentro de mim.

- Bom dia. - Disse uma mulher de pele clara e cabelos ruivos ao eu chegar a recepção.

Eu não sabia o que dizer, nunca tinha parado para pensar nas perguntas porque estava ocupada demais imaginando as respostas. Enquanto ela me encarava confusa eu colocava os pensamentos em ordem tentando encontrar um ponto de partida.

- Eu fui encontrada e trazida para esse hospital quando era um bebê e preciso de todas as informações que pode me dar. - Eu disse e ela respirou fundo.

- Quando você nasceu? - Ela perguntou.

- 27 de abril de 1994. - Eu disse e ela digitou em seu computador.

Sua expressão era ilegível e eu torcia para ela encontrar algo. Qualquer coisa.

- Desculpa, mas a pediatra que te atendeu já se aposentou e não tem mais nenhum vínculo com o hospital. - Ela disse e a frustração deu um tapa na minha cara.

- Você tem ao menos o telefone dela que eu possa falar? - Ela negou com a cabeça.

- Desculpa, mas não posso conceder informações pessoais de médicos. - Ela disse e minha vontade era de dar um tapa na cara dela.

- Por favor, eu preciso falar com ela. Por favor. - Ela negou com a cabeça. - Você fala com ela e se ela aceitar falar comigo você não vai estar cometendo nenhum erro. - Ela pensou.

- Tudo bem. Fique aqui e aguarde. - Ela disse indo para o outro lado do balcão discando números.

Eu a aguardava ansiosamente e ela parecia uma tartaruga enquanto eu era uma fórmula 1. Ela desligou o telefone e ligou novamente e virou de costas para mim. Depois de 5 minutos ela veio até mim.

- Desculpa, mas ela não possui mas esse número. - Abaixei a cabeça incrédula.

- Pode me dizer ao menos o nome dela? - Perguntei tão baixo que só ela ouviu.

- Claro. - Ela digitou outra vez no computador. - Dra. Angelica Paul Johson. - Anotei o nome dela em um papel.

- Obrigada. - Disse e ela segurou meu braço antes que eu pudesse sair.

- Você no mínimo é adotada e descobriu a pouco tempo e agora quer descobrir a verdade. - Ela disse e eu a encarei surpresa por ela falar isso com uma tranquilidade fora do normal.

- Como você...

- Não é a primeira que aparecessem aqui pedindo informações como essa. - Ela sorriu gentilmente.

- Deve me achar infantil e idiota por estar correndo atrás de algo que me deixou a 18 anos atrás. - Eu disse e ela negou sorrindo.

- Pelo contrário, eu acho você muito corajosa e determinada, não é todo mundo que tem sua atitude. - Ela disse mas eu não levava suas palavras a sério e acho que ela percebeu. - Tem noção de quantas pessoas querem fazer isto mas não tem coragem para dar o primeiro passo? Tem ideia de quantas pessoas morrem não sabendo a verdade sobre seus pais? E o pior, já imaginou quantas pessoas morrem com a dúvida de não saberem nem se quer o nome de seus pais biológicos? Se perguntando qual era o problema que elas tinham que seus pais a rejeitaram? - Ela respirou fundo e balançou a cabeça.

- Você também é adotada. - Eu disse a observando atentamente e ela abriu os olhos sorrindo tristemente.

- Eu não tenho coragem. - Ela disse e só agora percebi o quanto ela é nova. Deve ser uns dois anos mais velha que eu. - Tenho medo de magoar minha mãe, mas você está enfrentando tudo. Não desista. - Ela disse sorrindo. - Você vai conseguir. Vai conseguir garota.

- Se você der o primeiro passo também consegue. - Ela sorriu.

- Talvez. - Ela deu de ombros e mexeu na sua bolsa. - Toma. Se precisar de alguma informação no hospital que eu possa te ajudar. Me liga. - Peguei seu cartão e guardei em meu bolso.

- Obrigada. - Disse e estendi minha mão. - Por sinal sou Danielle Clark. - Ela apertou minha mão.

- Elise Croft. - Ela respirou fundo. - Boa sorte. - Sorri e peguei minha mala saindo do hospital.

Quando cheguei do lado de fora respirei fundo não sabendo por onde começar, mas tendo a certeza que continuaria a procura por mim, por Elise e pessoas que queriam descobrir os "por quês".

Em Busca De Respostas *Até 16/09/2017* [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora