Que forma mais bacana de se encontrar pela primeira vez.

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 Bom, eu não costumava contar as minhas aventuras com meu padrasto, para minha mãe. Mas naquele dia tive que explicar por que eu estava rindo com meu padrasto sempre que a conversa aderia palavras como "medico, dente, morder, plantas, ervas e pessoas chapadas". Mas no final ela só deu um puxão de orelha em mim e um esporro no meu padrasto.

 Agora eu já estava na cama, deitado como de habitual, mexendo em meu Facebook, olhando alguns perfis. Mara Lissa, a menina que jura ser linda, mas infelizmente o editor de fotos dela não serve na vida real. Beto Claudino -Meu Deus, até meu nome é melhor. Pensei ,rindo.- ele até é bonito, mas o nome. Vaulter Brazs, quanta letras desnecessárias.
 Troquei algumas palavras com minhas amigas da escola, com alguns colegas de dança. Quando aparentemente recebo uma solicitação e uma mensagem, por acaso, as duas provinham da mesma pessoa. Como não costumo aceitar qualquer pessoa, fui olhar seu perfil.
 Kwon Brein. O nome é diferente. Menino, 16 anos. Bonito, moreno, de olhos castanhos claros, -provavelmente usou efeito nos olhos para por o brilho que havia na foto- lutador de Taekwondo, medalhista em varias competições. E ele era asiático e não era surpresa seu cabelo ser escuro, liso, caídos sobre o rosto.

  -Hmm...Vou aceita-lo e depois verei o que ele quer. -digo olhando para meu espelho.

 Aceitar. Messenger, abrir conversa.

 *Ola, meu nome é Kwon, mas pode me chamar de Kon.*
 -digitando-
 *Ah, OK. O meu nome é Elfyn, mas pode me chamar de Efi.*

 Falei, bloqueando a tela.
 Logo escuto o celular avisar que outra mensagem havia chegado. Da tela via que era ele. -Nossa, que rápido- desbloqueie e me via espantado ao ler aquela mensagem.

 *Desculpa falar assim, é que eu estou correndo numa rua próxima a sua casa, só sei que você mora aqui porque te vi no Grindr, um aplicativo para gays, você sabe. Então preciso me esconder em algum lugar, posso ir na sua casa? *

 -OOOOHHHH MEEERRDAA!!! -não pude evitar o escândalo em minha voz.

 Como assim meu perfil ainda estava ativo, como assim ele esta fugindo de alguém? Como assim, eu não estou entendendo nada! E se eu permitir que ele venha, meu dente ainda esta com leves "menstruações". E se ele for um assassino em série? Meu Deus o que fazer?

 Então escuto minha mãe gritar meu nome:
 -Elfyn, tem gente te chamando aqui em baixo!

 Ai Jesus. É ele. Sai correndo do quarto, mas parei a uma parede de distância da porta.
 E se ele estiver fazendo minha mãe de refém? Deixei fácil o numero da policia da tela de meu celular, qualquer coisa era só apertar.

 Respirei fundo e entrei na sala. Lá estava uma menina de cabelos presos, feito um coque, de pele branca, desbotada. Relaxei.

 - Blenda sua desgraçada por que não me ligou antes de vim? - falei começando a relaxar.

 -Ah, agora que sou sua vizinha, pensei que não precisasse. Tava esperando alguém é? -disse minha melhor amiga me olhando, confusa.

 Olhei para porta, e neguei com a cabeça sem conseguir esconder a confusão em que me sentia envolvido.

  Ela se dirigiu ate mim, falando enquanto caminhava:
  -Pois bem, vamos lá fora conversar. Tenho algumas atualizações para te dar.

  Blenda Grenind era minha amiga de 1° ano do ballet, já nos conhecíamos a 6 anos. Fui seu crush por um tempo, mas logo ela entendeu que para mim, ela é "uma irmã que nunca tive".

  -Vamos. -falo abrindo a porta para sairmos.

 Quase esquecendo do que me tirara da cama como se minha família fosse se meter em mais um caso criminal de tv, onde um sequestro acontece por causa de algum louco da internet. Do lado de fora havia um garoto preste a bater na porta, respirando ofegante, parecendo ter corrido em uma maratona. Dou um salto para trás assustado.

 -Elfyn , preciso da sua ajuda!! -o garoto me dizia em meio a sua respiração descompassada, ofegante.

 Blenda assustada, fica em posição de combate, pois aquela garota já havia feito karatê nas ferias.

 -Quem é esse ai Efi?!! -ela me questiona aos berros, com a coragem de um gato assustado.

  Eu não o conhecia ao certo, mas sabia quem era ele.

 -Bem...é o Kwan...Kwon, ah essa é minha amiga Blenda. Blenda esse é o Kwon que tá fugindo de alguém...

 Ele se mantinha assustado e ofegante, olhando a rua de forma desesperada.

 - Não temos tempo para isso. Eu preciso me esconder. Me ajude por favor.

 Dava para escutar uma gritaria vindo do lado norte da rua. Rapidamente o puxei para dentro da casa e o arrastei para o andar de cima. Blenda nos seguia atenta ao garoto sem perder sua pose de lutadora. Não que nada disso houvesse chamado atenção da minha mãe, mas não havia tempo para se preocupar com explicações a adultos agora.

 Ao chegarmos no meu quarto, Kwon correu para a janela, olhando em volta, assim eu o acompanhei. Lá pude ver o esquadrão de meninos, era uns 13, com bastões balançando em suas mãos.

 -O que você fez para eles quererem te bater?- falei enquanto notava as mãos dele, que estavam sujas de sangue.

 -Eu... -ele tentou falar, mas num ato de força se segurou em mim, estava com os olhos prestes a se revirar e logo desmaiou em meu tapete, quase me puxando junto.

 -Kwon!!- o segurei, deixando sua queda o mais lenta possível, para evitar um baque maior.

 Blenda estava observando tudo, do lado de dentro e do lado de fora do quarto, feito uma vigilante. A vejo ficar inquieta e logo movendo-se para perto.

 -Efi, fica com ele que eu vou dar um jeito naqueles rapazes. -ela disse saindo do quarto.

 -Blenda o que você vai fazer?!! -minha preocupação agora não era apenas com o quase falecido, desconhecido, era que minha melhor amiga que luta igual ursos de pelúcia queria se meter numa briga que ela nem entendia o motivo.

 A garota desceu aos berros. Então a escutei falando para minha mãe que tinha baderneiros na porta da minha casa. Eu sabia que meu padrasto pegaria sua espingarda para fazer um belo susto. Escutei a gritaria quando o mesmo saira com a arma em mãos. Então em minutos tudo já estava menos barulhento, mais calmo.

 Eu observava as mãos do garoto, por algum motivo elas se envolveram com sangue. Tive que mexer em seu corpo buscando por outros ferimentos.
 Havia um em sua cintura, provavelmente ele havia sido ferido por uma faca. mas por sorte o corte foi algo sem preocupações, mais superficial que um corte de cozinha poderia ser.
 Fui ate minha gaveta e peguei minha caixa de primeiro socorros, usando algodão com álcool para limpar, cubro o ferimento com gaze e esparadrapos. Fora um corte superficial mais que poderia inflamar se não fosse cuidado.

 Blenda ao voltar, com uma maçã na boca, tranquila como se tivesse esquecido do garoto desmaiado. Vê que Kwon estava sem camisa, no chão, so então ela entendeu que a coisa era ali poderia ser seria. 
 -Meu Deus ele esta bem?!- ela perguntou com uma parte da maçã na boca.

 -Parece que não vai morrer, mas isso não é desculpa para você falar de boca cheia. -disse passando a mão na testa, para aliviar o suor que escorria pelo meu rosto. Toda aquela situação havia me feito suar de nervoso e de medo, eu acho.

 -OK, Sorry. -ela falou sentando na cama enquanto nós observava.

 Assim que meu padrasto guardou a sua arma, ele veio até meu quarto recolher informações sobre o ocorrido.
 Expliquei a ele o que sabia, na verdade só expliquei o básico que mais era sobre uma bela mentira, eu não iria revelar de onde havia conhecido o garoto e nem o que acontece nesse tipo de aplicativo.
 Após a explicação, eu e meu padrasto chegamos a um acordo de que Kwon poderia dormir na minha cama, e ficar ate amanhecer, já que ele estava ferido, mas aparentemente já não corria perigo.

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