Que pesão!

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 Eu estava dentro de um ringue, onde havia um homem grande e forte de costas para mim. Ouço um barulho semelhante a um balançar de sino. E logo percebo que o homem se virava para em minha direção.

  Me assustando enquanto andava para trás, pois seu rosto era um pé grande, um pesão.
  Mas ao velo andar em minha direção sentia uma grande vontade de rir.
 Como assim ele tem um pé no lugar da cabeça?
 O homem começou a correr em minha direção. Até saltar e me acertar com um chute na cara. A força usada por ele havia sido tão grande que amassou minha cabeça, sobrando apenas meu nariz acima do chão do ringue. Era como se estivesse preso a um universo semelhante a um Toon Force.
 De alguma forma ele estava dando uma gargalhada maligna enquanto esfregava seu pé fedorento no que restou do meu rosto. Tentei gritar por socorro e então acordei!

 -Saí Pésão! -grito erguendo meu corpo, ficando sentado.

 Eu havia dormindo no chão. Olho ao redor tendo vagas lembranças sobre a noite anterior.

 Então entre as olhadas e o despertar, encontro o corpo do coreano deitado quase ao meu lado. Seu nome, deixe me lembrar... Kwon, era verdade então. Seu nome me fazia recordar por completo da noite passada.
 Me aproximo de seu corpo, procurando pela área que eu havia colocado o curativo. Assim que a vejo, noto que ela estava quase fora do lugar onde a ferida existia.

 Movi meu braço esquerdo levando-o até a área. Puxando o curativo levemente para o lugar certo. Então o susto. Antes que pudesse dar atenção a respiração proxima de mim, a voz dele ecoou no meu quarto, quase como um asmr.

 -Você costuma tocar o corpo das pessoas enquanto elas dormem? -Kwon fala meio sonolento, pondo sua mão sobre a minha, fazendo com que eu realmente tocasse sua cintura.

 Uma onde de vergonha e espasmo, me fazem rapidamente retirar minha mão de lá, me arrastando para trás bruscamente. Dando de costas com a parede. PAFT!

 -Aiii ! -gemi infantilmente, sentindo a dor. -merda!

 Kwon se apoiou nos cotovelos até conseguir sentar-se.

 -Elfyn, foi você que fez esse curativo? -ainda confuso, ele parecia alguém com ressaca.

 -Er, bem. -uma rápida pausa, porque eu adoro drama.- Sim. -eu me sento com os joelhos em borboleta.

 Ele de alguma forma concorda com a cabeça e sorri.

 -Obrigado. -ele falou, enquanto revirava o rosto, olhando ao redor do quarto.

 Apoiou-se na minha cabeceira ficando de pé:
 -Onde eu posso tomar um banho... quer dizer, se é que posso tomar um?

 Como resposta aponto para uma porta na lateral do quarto.
 -Ali, tem duas toalhas, use a preta e... -"Meu Deus, aquele homem de pé a minha frente é um deus grego, quer dizer, Coreano". -use mais o que você quiser.

 O vejo subir, ficar completamente de pé, balançar a cabeça, enquanto consentia. Assim que ele entrou no banheiro, ligeiramente me joguei de costas na cama.
 "QUE HOMEM!!" Me vi sorrindo bobo, mas a minha consciência não me deixava se iludir tão fácil.
 "Ele ainda pode ser algum tipo de vilão, até agora ele só me disse seu nome. Hmm faria sentido se ele pertencesse a alguma gangue e fez alguma besteira, por isso tantas pessoas tentando agredi-lo..." Pensei me deixando tomar pela criatividade.

 Deitado na cama, me viro de lado e sinto um aroma doce e meio enferrujado. Olho para a colchão e vejo que minha cabeça estava sob a camisa de Kwon. Tal camisa tinha uma gigantesca mancha de sangue, que me fez lembrar sobre as mãos dele sujas de sangue mais uma vez. E isso me preocupava, claro, até porque o garoto perseguido é meu... añn, verdade, o que que ele é meu?É tipo, meu amigo? Meu crush?

 Quando menos esperava, la estava ele na minha frente. Me observando:

 - Você esta cheirando minha camisa? -ele falou o fato que ocorria naquele instante, me deixando quase sem palavras ou reação alguma.

 - Er...eu.- enrolei a camisa, fazendo uma bola. - Você não deve usá-la, ela esta suja de sangue. -falei de forma ligeira e vergonhosa.- Tome essa.

Peguei uma das minhas camisas de banda que estavam empilhadas no canto da cama.

 Ele a olhou e lançou um sorriso na minha direção.
 - Você sabe de onde essa camisa é?

 -Coreia do Sul. -respondi quase tão rápido quanto a pergunta dele, poderia soar meio xenofóbico, mas juro que foi na inocência.

 - Eu sou coreano esqueceu? -suas palavras despertaram algumas questões em minha mente.

 Meu Deus, agora tudo fazia sentido. Ele me achou no Grindr por conta do meu perfil, que detalhava minhas preferências étnicas. Eu gosto de música coreana e na camisa estava estampada a logo de um grupo de Kpop, o Shinee.
 - Ahh, se não quiser eu tenho outra...- falei mexendo na pilha de roupa.

 - Não tudo bem. -ele falou pegando a camisa.

 Eu não havia notado o quão o corpo dele era magnífico, daquele jeito, sem camisa. Seu corpo de lutador era realmente bem ornamentado. Aquele curativo deixava tudo mais sexi. Eu ja estava vermelho com meus pensamentos.

 - Elfyn? Você está ai? Oii?! -ela falou na tentativa de me trazer de volta ao mundo real.

 - Ah! Oi! -concentrei meus olhos na roupa que havia no chão.

 Ele ja estava completamente vestido.
 - Olha, eu preciso ir. Muito obrigado pela ajuda. Eu mando mensagem para você ok? -ele falou passando a mão sob meus cabelos.

 - Okay. -falei mais uma vez confuso, vendo ele saindo do meu quarto.

 Nossa, ele é tão, maravi... Opa! Ele ta indo embora!?

 Corri pelas escadas até encontrar a minha mãe fechando a porta após se despedir do Kwon. Apenas andei de costas, voltando para as escadas. Por mais que o cheiro dele estivesse naquela camisa sob minha cama, seria necessário a lavagem dela por causa do sangue.

 Porém agora algumas dúvidas familiares nasciam em minha mente. Como explicarei tudo a minha mãe que acabou de ver um garoto sair de meu quarto, tomado banho, usando uma roupa minha? A pior parte era ele ser um desconhecido que dormiu no meu quarto.

 Durante o café da manhã, após muita pressão maternal, como se estivéssemos num programa estilo "jovens encarcerados", eu falei aos meus pais que o Kwon, algum dia, iria explicar o porque de tudo aquilo ter acontecido. Eles ficaram mostrando mais preocupação em relação a mim, do que ao Kwon, por ter mentido na noite anterior e por ter envolvimento com um desconhecido nessas condições. Mas logo mudamos de assunto. 

 O dia foi resumido a minha mãe quase sempre na janela observando a rua e meu padrasto andando com a espingarda para cada parte da casa em que ele fosse. "O primeiro que se meter a besta, vindo com papo de homofobia, vai levar um balaço nas fuça". Ele não atiraria de verdade, mas até que me passou certa segurança.

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