Capítulo 4 - Madrugada

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Chegamos tarde. O sol estava quase nascendo quando nós estávamos nos preparando para deitar. Eu fechava os olhos e conseguia ver os flashes daquela noite incrível. Apesar de tudo, não conseguia esquecer das partes divertidas da festa. Adrian estava acompanhado de um grupo de amigos. Acabei por fazer amizade com as duas meninas do grupo, o resto eram três rapazes, contando com o Adrian. As meninas se chamavam Alexandra e Maria. Eu tirei várias fotos com elas e com o grupo. Eram jovens da minha idade, todos muito bonitos e elegantes. Dancei até minha cintura e pernas doerem, beijei até meus lábios ficarem cansados e bebi até meu estômago indicar que não aguentaria mais uma dose.

Mas daquela noite iria carregar mesmo uma frase de Alexandra: "Sebastian Cernat é seu primo? Por Deus! Ele é o maior gato! Bem, ele sempre vem aqui ou com os amigos, para dançar e bater um papo ou sozinho para ficar com umas garotas. Afinal, sabe como é lindo e rico daquele jeito... Eu ficaria com ele, mas não quero me igualar a esse tipo de mulher que só falta dar a alma pra ele. Sebastian é conhecido por ser bem filho da puta sem sentimentos."

Coloquei o babydoll e sentei na cama, lentamente me virando e deitando. Enquanto eu tinha dó do meu corpo Sebastian se jogou na cama de forma escandalosa.

- Eu estou exausto! - Ele disse virando o rosto para me encarar. Apesar de eu estar cheia de lembranças maravilhosas era só olhar para ele que logo a voz de Alexandra voltava a ecoar em minha cabeça, com direito a ser acompanhada por suas risadinhas. Aquele filme pornô ao vivo no qual Sebastian era o ator principal também voltava na minha cabeça.
- Eu imagino. - Minha intenção era parecer fria e distante a aquela situação, mas minha voz saiu seca, grossa, como quem estava realmente magoada, demonstrar meus sentimentos não era a melhor coisa naquele momento. Cobri meu corpo como se nada tivesse acontecido, como se eu não tivesse me denunciado com o tom de voz usado naquele momento, mas foi difícil escapar do olhar cheio de dúvida de Sebastian.

Tentei ser fria a aquilo também, mas eu estava bêbada e pessoas bêbadas são péssimas mentirosas, mas considerando o fato de Sebastian estar tão bêbado quanto eu o fato se anulava. Era como fazer equações.

- Eu fiz alguma coisa de errado? - Cometi o erro de olhar nos olhos dele. "Aqueles olhos que o Diabo lhe deu" já dizia Machado de Assis em Dom Casmurro, e eu amava muito aquele livro. Parecia que tinha sido escrito para mim naquele momento. "Olhos de cigana oblíqua e dissimulada", mudando o gênero para o masculino eu descreveria os olhos de Sebastian assim.

O quarto estava levemente claro pela penumbra da manhã que chegava lentamente. Os olhos de provocação de mais cedo haviam sumido. Onde eles estavam? Eu só sabia que sentia muita vontade de me tocar quando olhava naqueles olhos quando ele lançava aquele olhar.

- Talvez aquele filme pornô ao vivo. - Sebastian riu, se jogando e virando de lado completamente para mim. E por falar no Diabo... Os olhinhos provocantes voltaram naquele momento. Senti minha calcinha umedecer com todos os pensamentos que explodiram em minha cabeça. Passei a mão no meu rosto tentando apagar todas aquelas coisas.

- Ah, mas você nem viu a melhor parte. – Sua voz combinava perfeitamente com os olhos. Senti o sarcasmo. Ele sorriu e deixou aquela frase no ar. Alexandra estava certa. Ele era um verdadeiro filho da puta! Eu tomei aquilo como uma provocação. Eu o amaldiçoei mil vezes em minha mente.

- O que você quer dizer com isso? - Nunca fui muito fã fazer joguinhos e deixar as coisas com segundas intenções rolando por aí e não poderia aceitar que fizessem aquilo comigo. Principalmente quando eu estava alterada e não suportaria o fato de um homem como Sebastian ficar fazendo essa brincadeirinha de menina de 12 anos.

Ele riu em resposta a minha frase. Daquelas risadas de zombaria. Ele realmente devia estar se divertindo muito com tudo aquilo.

- Ué, eu quero dizer que você perdeu o ápice daquela situação, o clímax. Eu quis dizer exatamente o que você ouviu. - E acabou aí. Ele virou a barriga para cima, relaxou os músculos e fechou os olhos. Parecia até uma criança brincando comigo, completamente infantil, injusto. Mas eu não deixava barato.

Sebastian [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora