Capítulo 13 - Vida Real

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Sabe aqueles dias que você acorda tão feliz e descansada que nem percebe a ressaca direito? Eu tenho certeza que esse tipo de coisa acontece raramente na vida de uma pessoa, e aquele foi um desses dias raros.

Uma coisa que eu gostava na Romênia, era que eles comiam pão no café da manhã. Na verdade, lá eu descobri que eles comem pão com qualquer coisa. E eu estou falando sério quando digo "qualquer coisa".

- Bom dia, minha ninfa. – Foi o que Sebastian disse quando eu apareci na cozinha. Eu me senti perdidamente atraída pelo cheiro do cappuccino e sabia que estava na hora de acordar pelo horário: 7 da manhã. Eu e ele entrávamos às oito e meia.

- Ninfa? – Perguntei, apesar de não estar sonolenta, eu estava visivelmente sob os efeitos do sono.

- Tipo... Ninfomaníaca. Transamos quantas vezes ontem a noite? – Olhei para ele tentando prender a risada. Eu perdi a conta dos orgasmos.

- Perdi a conta, mas fala sério, depois da segunda vez foi você que ficou pedindo por mais. – Sebastian riu alto e deu de ombros, me dando um pão com manteiga e queijo. O lado bom dele é que ele sabia o que eu gostava. Fui até o balcão interno da cozinha e peguei a garrafa térmica com o cappuccino, despejei o líquido na minha caneca, uma temática do filme "Bonequinha de Luxo" que comprei em Londres e me juntei a ele naquela mesinha para dois de frente para a cidade.

- O que eu posso fazer se você é boa? – Comecei a rir, porque sinceramente nunca ninguém havia elogiado minhas habilidades sexuais. O que era estranho, porque boa parte do tempo eu não tinha focado em ser boa, mas sim retribuir o prazer que eu sentia.

- Olha, Seb, quando eu transo com alguém eu tento retribuir o prazer que eu sinto em meus atos, ou seja, se eu estava sendo boa, era porque você também estava. - Sebastian me deu um sorriso carinhoso e pegou minha mão dando um beijo nela em seguida. Ele não me soltava como se dissesse silenciosamente que me amava.

- Ansiosa para hoje? - Ele perguntou enquanto sorria, estava completamente entretido com meus dedos, passando os seus por eles.

- Claro! - Disse enquanto sorria como uma boba e observava perdidamente os olhos azuis de Sebastian.

- Acho que eu poderia colocar alguma coisa para enfeitar essas mãos suas, não é? - Ele perguntou enquanto passava a mão no meu pulso e subia para os meus dedos. - Anel ou bracelete?

Fiquei olhando para ele completamente incrédula enquanto ele ria. Sebastian deu de ombros e ai eu percebi que eu sequer tinha começado a tomar o café, enquanto ele já havia terminado.

Olhei para a minha refeição e tornei a comer. O lado ruim daquilo tudo é que sempre parecia que estávamos vivendo um sonho. E eu sabia que "o inferno são os outros" e eu sentia que assim que aquela semana começasse verdadeiramente aquele conto de fadas iria acabar.

Sebastian sugeriu que a melhor vestimenta para o primeiro dia era um vestido azul que eu havia comprado recentemente. O decote não era revelador, mas também não era casto, a saia era esvoaçante, ia até o meu joelho. Tentei parecer uma pessoa realmente dedicada e que estava pronta para trabalhar da melhor forma. Eu queria provar para aquelas pessoas, que eu ainda não conhecia, que eu estava ali por muito mais do que um empurrãozinho de um parente.

Penteei meu cabelo para que ele ficasse de um jeito que lembrasse o estilo Brigitte Bardot, era estranho me ver tão preocupada com a minha imagem, quando eu já havia me acostumado a agradar sem precisar de esforço. Típica menina de classe média alta, boa educação, amiga da alta sociedade carioca, com traços completamente europeus.

Quem duvidaria de alguém como eu?

Apesar de considerar aquele espaço da casa do Sebastian como um lar, eu não conseguia ver a mesma coisa quando saía na rua e percebia que estava bem longe das ruas da Zona Sul e dos lugares que eu frequentava. Eu não era popular em Bucareste. Eu não conhecia ninguém e ninguém me conhecia.

Sebastian [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora