Será amor?

Insônia

Pov. Emily
   Acordei sem ter muita noção de que horas eram. Meu coração estava muito acelerado; eu havia sonhado que Alison tinha sumido novamente.
   Depois que descobrimos que ela ainda estava viva e que ela havia voltado, e que a vi depois de tanto tempo, passei a ter pesadelos desse tipo todas as noites. Provavelmente era o medo de a perder novamente. Perder a minha melhor amiga,  perder um amor incerto.
   Sempre a protegi e defendi de tudo e todos, ainda mais depois de sua volta; ela parecia tão machucada e tão frágil. Então, logicamente, estamos mais próximas do que nunca. Digo, sempre fui mais próxima dela do que das outras meninas, mas agora, estava tudo diferente, não sei como explicar.
    Antes dela sumir, eu tinha certeza de que sentia algo muito além de um simples amor de amigas e, apesar dos vacilos dela, eu sentia que, de alguma forma, aquilo era recíproco. Apesar de eu nunca deixar claro o que sentia, eu tinha certeza que ela devia saber dos meus sentimentos. Mas agora, mais do que nunca, eu sei que a amo e tenho certeza absoluta de que não quero perdê-la novamente.
    Perdida em meus pensamentos, decido pegar meu celular e ver que horas são. Já se passava das quatro horas da manhã. Observei a central de notificações do celular e Ali havia me mandado uma mensagem há uns vinte minutos e nela dizia: "Não consigo dormir :( você está acordada? Quero conversar com alguém e você foi a primeira pessoa que passou pela minha cabeça."
    Fiquei um tempo observando aquela mensagem e me peguei sorrindo para o celular. Por mais simples que a mensagem fosse, só de saber que é em mim que ela pensa nesses momentos de insônia, já fico bem feliz. Resolvi respondê-la: "Acordei agora por causa de um pesadelo e não consigo voltar a dormir. Está tudo bem? Por que não consegue dormir?"
    Assim que fechei a conversa e fui ver as outras redes sociais, Ali me respondeu. Ver que ela me respondeu tão rapidamente, me fez sorrir novamente. E foi ai que eu percebi a facilidade que ela tem em me tirar sorrisos. Ela escreveu na mensagem: "Oiii!!! Ainda bem que você está acordada, não aguentava mais ficar mexendo nas mesmas redes sociais para o tempo passar mais rápido. Sobre o que foi seu pesadelo? Eu não consegui dormir porque estou com a cabeça cheia, mas não é nada demais."
    Depois dessa mensagem, contei para ela sobre meus pesadelos quase diários e Ali falou que não tinha porque eu me preocupar, que ela não iria sumir novamente e que se ela o fizesse, eu iria junto. Ficamos conversando até amanhecer, quando Ali parou de me responder do nada. Provavelmente ela dormiu. Então fiquei mexendo no celular até cair no sono.

Pov. Alison
    Acordei com o despertador do celular berrando em baixo de mim. A minha vontade era tacá-lo para bem longe, para que assim, eu pudesse dormir mais um pouco. Eu fui dormir muito tarde devido a mais uma noite de insônia causada por longos cabelos castanhos escuros. Emily estava em meus pensamentos agora e eu já não fazia mais questão de tirá-la de lá.
    A verdade é que eu já gosto da Em há muitos anos, antes mesmo do meu "desaparecimento", mas me permiti sentir isso verdadeiramente só agora. Antes eu tinha medo, mas muito medo mesmo, do que as pessoas iam pensar de mim. Tanto que algumas vezes eu cheguei a vacilar com Emily, mas agora isso não importa mais. Não quando eu percebi que ela foi a mais difícil de deixar para trás, mesmo eu sendo cercada de amigos. E ela foi um dos principais motivos de eu arriscar tudo e tentar voltar para Rosewood.
    Mesmo depois de tanto tempo, minha Em continua do mesmo jeito. Só está mais linda e mais segura de si, digamos que mais forte também. Mas depois de tudo que ela passou, não poderia ser diferente. Eu sempre admirei isso nela, em como ela consegue lidar com os problemas de cabeça erguida e como, apesar de tudo que eu a causei, ela continua do meu lado, do mesmo jeito que sempre esteve; me defendendo, me cuidando. Em como ela passa até por cima de sua namorada para ficar do meu lado.
   Paige! Droga! Emily está namorando! Minha ficha não caiu até hoje que ela namora a minha antiga inimiga. Antigamente eu tinha alguma certeza de que meus sentimentos eram recíprocos, mas hoje não sei mais. Quero dizer, Em continua me tratando do mesmo jeito, mas com esse namoro, não tenho mais tanta certeza. Mas também, não posso culpá-la. Veja bem, fui eu quem foi embora, fui eu quem a abandonei. Então se tem alguma culpada aqui, sou eu.
    Resolvi levantar e ir tomar banho, para que assim, talvez, esses pensamentos ruins saíssem da minha cabeça. Depois que terminei meu banho, troquei de roupa e fui tomar o café da manhã. Assim que terminei de comer, recebi uma mensagem de Em que dizia: "Bom diaa! Conseguiu dormir? Ontem você parou de responder do nada. Vamos fazer alguma coisa hoje? Paige vai ficar ocupada o dia todo, então estou livre."
    Nossa conversa de ontem passou pela minha cabeça e então um sorriso bobo surgiu no meu rosto. Tentei disfarçar para que meu pai não percebesse minha súbita felicidade. Então a respondi: "Bom diaa, Em! Desculpa ter parado de responder ontem, eu acabei dormindo, mas juro que não foi por querer! VAMOS!!! Preciso sair um pouco de casa, não aguento mais ficar trancada aqui."
    Desde o momento que ela me convidou para sair, foi impossível não ficar ansiosa. A gente já não se via há um tempinho, porque meu pai não me deixa sair muito por medo. Inclusive, eu teria que convencê-lo a me deixar sair.
    Passamos uma grande parte da tarde trocando mensagens, conversamos sobre tudo um pouco. Era incrível em como o tempo passava rápido quando estávamos conversando e era maravilhoso como ela me fazia sentir. Resolvemos sair no final da tarde, umas cinco e pouca. Quando chegou perto dessa hora, meu coração começou a se acelerar e surgiu uma ideia louca na minha cabeça de dizer algumas coisas para ela. Digo, algumas coisas sobre meus sentimentos. Mas eu tinha medo de como ela iria reagir, tinha medo de como nossa amizade ficaria depois que eu falasse e também tinha medo de perder o controle e falar até mais do que devia. Então deixei para resolver na hora, deixaria as coisas acontecerem naturalmente.