Era só saudade

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Pov. Alison
    Chegou a hora de encontrá-la, combinamos que iríamos nos encontrar no shopping. Meu pai fez questão de me levar até lá e de esperar Em chegar, odeio quando ele me trata como se fosse uma criança, mas até que é compreensível depois de tudo que aconteceu.
    Quando a avistei, ainda de longe, comecei a sorrir. Eu sempre sorrio quando a vejo e é maravilhoso quando ela retribui o sorriso com a mesma intensidade. Quando seu olhar se encontrou ao meu, ela veio em minha direção, deu um "olá" para meu pai e me deu um abraço apertado e eu o retribui. Olhei para o meu pai e ele entendeu que já era hora dele ir embora.
    Ficamos um tempo nos encarando, apenas sorrindo, até que Em resolveu falar:
"Nossa, como é bom te ver sem ser por uma tela de celular! Bom, por onde você quer começar?"
    Não posso negar, suas palavras sempre têm um efeito enorme em mim. Dei uma risadinha e então respondi:
"Quanto tempo a gente não se vê, né? Mas a culpa não é minha, você sabe o quanto meu pai ficou preocupado depois de tudo que aconteceu. Se dependesse de mim, a gente saia todo dia, você sabe. Eu estou com fome, a gente pode começar tomando um café ou comendo algo, o que acha?"
     Em fez uma cara pensativa e disse:
"Eu acho maravilhoso, porque também estou com muita fome, não como desde ontem. Podemos tomar um café na Starbucks e pedir algo para comer também."
     Então seguimos à Starbucks, chegando lá, cada uma fez seu pedido. Em, como sempre, pediu um frappuccino de baunilha sem café e um donut de creme e eu, para variar, pedi um frappuccino de caramelo com café e um muffin de banana com chocolate.
     Sentamos em um sofá para dois, mas acabamos ocupando só um espaço, estávamos muito próximas e aquela aproximação toda me deixou um pouco nervosa, mas eu tentei disfarçar. Então bem naturalmente eu comecei a puxar assunto:
"Nossa, como isso aqui está bom! Estava com muita saudade de comer esse muffin. Ele é, de longe, uma das minhas comidas preferidas."
     Em deu um sorriso e disse:
"Você diz isso porque nunca provou esse donut maravilhoso. Ele é feito por deuses, juro para você. Melhor que ele, só esse frappuccino de baunilha"
     Realmente, eu nunca tinha experimentado qualquer coisa além daquilo que eu sempre pedia. Eu tinha essa mania de ser meio monótona, mas acho que minha indecisão que causava isso.
    Passamos um bom tempo conversando sobre várias coisas, colocando o papo em dia. Apesar de conversarmos bastante por mensagem, parecia que conseguíamos conversar melhor pessoalmente. Além de alguns gestos de carinhos que surgiam de vez em quando. Adorava quando ela tirava o cabelo do meu rosto ou quando, do nada, segurava a minha mão e entrelaçava nossos dedos, ou até mesmo quando ela limpava minha boca quando eu a sujava comendo. Nesses momentos, a minha dúvida sobre a reciprocidade, vinha à tona.
     Chegou um momento que o silêncio tomou conta de nós duas; eu fiquei com meu olhar meio perdido e uma hora, de canto de olho, percebi que Em estava me observando sorrindo. Virei para ela sorrindo e disse:
"O que tem? Minha boca está suja?"
     Em apenas abriu ainda mais seu sorriso e respondeu:
"Não é isso. Eu só estava com saudade de sair com você. Depois que você voltou, a gente se viu poucas vezes e só em uma que as meninas não estavam. Então não deu para matar a saudade completamente ainda."
     Aquelas palavras deixaram meu coração acelerado e eu fiquei sorrindo até me lembrar que eu tinha que falar algo, então disse:
"Eu te entendo, também sinto muita saudade de sair com você. Mas ei, Em, pode ter certeza que vamos conseguir matar essa saudade."
     Depois olhei para ela e vi que seu sorriso continuava ali, peguei em sua mão, encontrei alguma coragem, olhei em seus olhos e completei o que estava dizendo:
"Sei que antigamente eu vacilava muito contigo e, inclusive, perdia muito tempo com coisas banais, dei mais atenção para pessoas que não valiam a pena. Mas saiba que dessa vez eu vou fazer diferente, pois se tem alguém aqui que merece isso, é você. Sua amizade é a única coisa que não posso perder."
     Percebi que ela ficou meio sem graça, mas seu sorriso continuava ali, um pouco menor, mas ainda estava lá, então disse para tentar aliviar as coisas:
"Não precisa dizer nada, só quero que você saiba disso, ok?"
     Em balançou a cabeça, concordando com o que eu havia dito. Seu sorriso havia voltado.
     Depois disso, decidimos que já era hora de fazermos outra coisa. Levantamos do sofá, jogamos os copos e os guardanapos no lixo e seguimos para o cinema. Deixamos para decidir qual filme íamos assistir, só na hora. Acabamos escolhendo um filme de terror que havia lançado há poucos dias.
     Já no cinema, compramos algumas balas e fomos para a sala que mandaram. Sentamos uma do lado da outra. Quando o filme terminou, estávamos ainda mais próximas. Passamos a metade do filme de mãos dadas por causa do medo e não posso negar que gostei muito daquilo. Depois demos algumas voltas pelo shopping, entramos em algumas lojas de roupas, compramos algumas coisas e então, fomos embora. Na hora da despedida, prometemos uma a outra que não demoraria mais tanto tempo para nos vermos novamente. Em me deu um abraço tão forte que a única coisa que eu pude fazer, foi o retribuir na mesma intensidade e eu tinha certeza que aquela noite, seria mais uma noite de insônia causada por Em.

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