Capítulo 1 - Destruída

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(...)Estou cansada - chorei tanto outra vez , Outra vez a pensar que hoje talvez
Haja paz - que o terror só vai não volta, Que a tua mão não se fecha contra mim
(...)Estou cansada - acho que não quero nada, Que não seja uma noite descansada
Sem ter medo ou chorar na almofada, Sem pensar no amor como uma espada
Tão cansada de remar contra a maré, O amor não é andar a pé na noite escura
Sempre segura que a tortura me espera, Insegura tão desfeita humilhada
Tão cansada de não dar luta à matança, À dança negra que me dizes que é amor
Que não concebes a tua vida sem mim, E que isto assim é normal numa paixão
E eu cansada nem sequer digo que não, Já não consigo que uma palavra te trave
Não tenho nada que não seja só pavor, Talvez o amor me espere noutra estrada
Mas tão cansada não consigo procurá-la, Já tão sem força de tentar não ser escrava
Já sei que hoje fico suspensa outra vez, Outra vez a pensar que hoje talvez..."

Cansada - Rodrigo Guedes de Carvalho

Sufocada, assustada, deprimida, apavorada! Todos esses sentimentos brotam do meu coração e invadem todas as partículas do meu corpo

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Sufocada, assustada, deprimida, apavorada! Todos esses sentimentos brotam do meu coração e invadem todas as partículas do meu corpo. Nunca pensei que minha vida terminaria dessa forma, sinto-me tão impotente diante dela.

Você já se sentiu sem forças para lutar? Querendo que tudo termine logo? É assim que me sinto, apenas uma coisa impede que desista e me entregue: Minha filha! Por ela ainda enfrento todo dia essa humilhação e agressões, tanto física como moral.

Deixo as lágrimas rolarem pelo rosto enquanto estou trancada dentro deste banheiro. Estou aqui para me proteger dele. Cada dia está pior.

No início de nosso namoro, ele era perfeito. Carinhoso, atencioso, cuidava de mim, foi meu porto seguro em tantos momentos. Tirando o fracasso que foi nossa noite de núpcias, ele permaneceu durante um tempo do jeito que o conhecia, ou pelo menos tentando parecer o cara que estava apaixonada. Nunca consegui estar totalmente entregue na cama, mas tivemos bons momentos. Depois de alguns meses, começaram os pequenos sinais, ou será que apenas comecei a percebe-los?

Primeiro veio a irritação com os problemas do dia a dia, qualquer coisa o irritava com facilidade. Logo começou as agressões verbais, mas pensei que tudo era decorrente de stress no trabalho. Pensei que talvez a chegada do nosso primeiro filho fosse resolver nossos problemas. Quanta ingenuidade! Aquele foi o gatilho para desmoronar mais ainda nosso casamento. Quando Mauro soube que estava grávida, foi como se tivesse colocado o último prego nas amarras que me prendiam a ele.

Na gravidez, foi quando fui agredida pela primeira vez, tudo começou com um único empurrão.Passamos quase um mês sem conversar depois disso. Quanto sentamos para conversar, o Mauro chorou e pediu perdão, falou que estava apavorado com a mudança da sua vida e prometeu mudar.

Esse foi mais um erro para minha coleção: acreditar na sua mudança.

Daquele momento em diante, as coisas só pioraram. Quando nossa pequena nasceu, fui culpada por não ser um menino. Admito, que no fundo, fiquei feliz por ser uma menina, pois sentia que teria uma amiga para compartilhar meus dias.

O Outro Lado do Amor - AMOSTRA -  ATENÇÃO - Ficou Disponível até 20/02/2017Onde histórias criam vida. Descubra agora