Love Before The Blood

At Where?

POV "Lauren

Levantei-me da cama daquele hotel quando o relógio marcava 04h00min da manhã, como de costume eu não dormi, era algo complicado pra mim, então apenas fiquei ali, cumprindo meu papel naquele acordo, e agora que estou aqui de pé olhando para o corpo nu de Alexa que dorme tranquila no meio dos lençóis, eu não consigo deixar de me sentir suja, como se estivesse vendendo minhas vontades, e meus sentimentos, e mesmo tendo motivos fortes o suficiente para fazê-lo, a sensação dilacerante não da trégua e eu sei que de certa forma mereço me sentir assim.

Caminhei pelo quarto recolhendo minhas roupas, peça por peça evitando lembrar-me do momento em que elas foram parar ali, comecei a me vestir e assim que tudo estava em seu lugar, dei uma última olhada na cama antes de ir até a porta, não interessa o quanto Alexa vá surtar depois, eu preciso ir pra um lugar me sentir inteira, preciso dela.

Joguei meu celular na bolsa que eu estava carregando e fui até meu carro, assim que entrei no veículo arranquei com pressa, corri pelas ruas da cidade até alcançar aquele bairro que já me era conhecido de todas as vezes que eu tinha ido visitar Camila, ela me vendo, ou não... Sorri com o pensamento de vê-la dormir tranquila depois que ela me deixou entrar na nossa primeira noite, assim que estacionei o carro na frente de sua casa não demorei nem meio minuto para escalar a árvore que me dava acesso ao quarto de minha latina, e entrei sentindo o cheiro dela me invadir, mas quando eu olhei para a cama dela, buscando ver seu rosto sereno adormecido, não encontrei nada além de lençóis revirados e um armário aberto com vários cabides vazios.

- Mas, que porra é essa? - sussurrei pra mim mesma, já que sabia que estava sozinha.

Fiz uma pequena busca pelo quarto, tentando achar alguma pista de onde Camila poderia estar, mas não encontrei nada, nem um rastro e... Espera! Rastro... Cheiro, eu posso tentar achá-la pelo cheiro, tudo bem que nos dias de hoje não era nada convencional e eu não faço isso há muito tempo, mas, não custa tentar. Com uma careta para me concentrar inspirei toda a fragrância pertencente à latina, que estava presente no quarto, nas roupas dela, e assim que tinha confirmado cada detalhe daquele cheiro já tão conhecido por mim, eu saltei da janela, seguindo um rastro invisível que quase ninguém poderia seguir, eu estava convicta de que iria conseguir achar minha Camila através daquele cheiro, mas um balde de água fria me tirou dessa certeza, quando o cheiro sumiu, simplesmente evaporou, dando lugar a um cheiro que fez minha visão embaçar e me forçou a parar de aguçar meu sentido do olfato, para não desmaiar, e ali estava à razão do cheiro, um coquetel de ervas que eu conhecia bem, posicionado ao lado de marcas de pneus, seja quem foi que fez isso, sem dúvidas conhecia muito bem detalhes sobre a minha espécie, e com certeza sabia que iam procurar a pessoa que eles estavam levando.

Disparei uma torrente de xingamentos em vários idiomas, uma queimação subiu pela minha garganta, como se ela estivesse totalmente seca, eu caminhei pesadamente até meu carro e alcancei meu celular, estava determinada a ligar para Camila e fazê-la me atender, mas, assim que ascendi a tela me deparei com uma mensagem dela, minha respiração ficou irregular e eu tremia, tudo aquilo em precipitação já que não havia aberto a mensagem ainda, "Por favor, esteja bem, esteja bem..." era tudo que eu conseguia pensar antes de abrir a mensagem.

"Lauren, eu não estarei aqui nos próximos dias, por favor, não me procure, não pense em mim, não me ligue, não torne isso mais difícil. Isso não é um adeus, é só um até logo, que é necessário, antes que se pergunte por que eu estou indo, vou dizer, eu estou indo porque preciso mudar. Mudar por você. -Camila"

Ok, agora eu estava surtada de verdade, como assim ela saiu por aí com alguém que muito provavelmente seja como eu, e me diz pra não ligar e nem tentar encontrá-la? Qual o problema dessa garota, céus, eu já ia ter uma síncope, e ligar para Dinah antes de destruir a porra da cidade toda, mas adivinha só, minha amiga desligou o celular. Minha visão começou a ficar turva novamente e eu entrei no carro tentando me manter concentrada em algo que não fosse meu desespero, respirei fundo algumas vezes e arranquei dali com o carro, não sei pra onde vou, não sei como vou me livrar dessa sensação, mas sei de uma coisa. Eu preciso beber. Beber muito! Infelizmente pra algum homem estúpido perdido pelas ruas escuras dessa cidade que agora tinha perdido toda a cor, eu não costumo me acalmar com álcool.