Capítulo VI

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O Guerreiro negro abriu os olhos lentamente, ele respirou fundo e se levantou. Não sentia nenhuma dor agora, seu corpo estava em perfeito estado. Ele olhou em volta e percebeu que estava no Clã das Estrelas. As planícies de grama verde se estendiam até onde seus olhos conseguiam ver. Ele mirou o semblante azul para o céu, que estava repleto de estrelas com o manto azul arroxeado da noite no fundo.
— Bem Vindo ao Clã das Estrelas! — Uma voz miou ao seu lado, e quando ele se virou, percebeu que pertencia a Estrela Alta. — Você já lutou muito jovem guerreiro, agora é hora de descansar em paz com seus ancestrais.
— Mas, — Pena de Corvo gaguejou em quanto escolhia minuciosamente as palavras. — Meu lugar é no Clã do Vento, com meu filho e minha companheira. — Ele se arrepiou ao pensar em Nuvem da Noite, ela lhe dava nojo, mas precisava manter as aparências então não podia rejeitá-la.
— Você era infeliz lá, — O líder miou com ternura. — E você sabe, que por mais que volte não poderá se reunir com Poça de Folhas...
Pena de Corvo deixou a cabeça pender sobre o peito, ele sabia que as palavras do líder eram verdadeiras, mas ele se recusava a acreditar nelas. O guerreiro piscou lentamente e algumas lágrimas caíram de seus olhos, ele desembainhou as garras e voltou a encarar o líder.
— Eu sei disso! — Ela sibilou com raiva, mas por trás de seu olhar enfurecido havia apenas um gato triste e solitário. — Mas mesmo assim quero voltar! Poça de Folhas deve estar sofrendo com minha morte, e não suporto ver ela desse modo sem poder fazer nada.
Estrela Alta fechou os olhos por alguns instantes, para refletir sobre a situação do guerreiro. Ele respirou fundo e por fim falou:
— A hora dela está próxima, — Estrela Alta percebeu o semblante azul do gato se encher de preocupação. — Em poucas Luas se reunirá com você no Clã das Estrelas.
— Estou confuso, Estrela Alta. — O guerreiro admite. — Eu coisa que eu mis quero no mundo é me reunir com Poça de Folhas, mas não quero que ela morra... Isso seria extremadamente egotista de minha parte!
O velho líder concordou com a cabeça:
— Você está certo jovem guerreiro. Seria egoísta, mas não se preocupe. Até a hora de Poça de Folhas chegar, você ficará aqui e esperará pacientemente.
Pena de Corvo hesitou, estava em duvida, mas por fim ele resolveu apenas concordar com a cabeça. O antigo líder do Clã do Vento se aproximou e encostou o focinho na testa do gato:
— Não fique triste, a maioria dos gatos gosta muito de ficar aqui!
— Não vejo nenhuma razão para isso! — Responde grosseiro.
— Pense no lado bom! — Estrela Alta mia otimista. — Você pode rever sua família, e tem alguém aqui que sentiu muito sua falta...
Pena de Corvo sentiu as pernas tremerem, ele sabia de quem o líder estava falando. Cauda de Pluma, a guerreira do Clã do Rio que aos olhos dos outros gatos amava. Mas isso não passava de uma mentira, a gata havia abusado dele quando era um aprendiz.
— Por Favor, não me diga que é Cauda de Pluma! — Ele mia em um tom de desespero, sua voz saindo com certa dificuldade.
— Por que não? Achei que vocês se amassem... — O antigo líder mia confuso, enquanto tentava imaginar alguma razão para a hostilidade do gato.
— Eu amar ela?! — Ele fala com um tom irônico. — Me poupe! Naquela época era apenas um aprendiz indefeso, mas agora sei me defender! Aquela sem-vergonha nunca mais irá encostar suas patas nojentas em mim novamente!
Estrela Alta se encolheu, um pouco surpreso. Todos os gatos imaginavam que os dois gatos se amassem, mas o guerreiro parecia estar sendo honesto, então ele simplesmente respondeu:
— Okay, não precisa ir ver ela se não quiser...
Pena de Corvo soltou um suspiro aliviado, pelo menos ele não iria ter que se preocupar com aquela gata asquerosa novamente! Afastando os pensamentos perturbadores da época em que Cauda de Pluma havia abusado dele, o gato começou a caminhar lentamente pelas campinas de grama que recobriam o Clã das Estrelas. Tudo parecia estar tranquilo, há distância, ele avistou alguns espíritos de guerreiros agrupados, mas não ele não os conhecia então apenas os ignorou e continuou seu caminho.
"Acho que eu devia visitar meu Pai..." Pena de Corvo pensa, enquanto olhava de um lado para o outro, numa tentativa de se localizar. Abaixo de suas patas, o solo era levemente opaco, de modo que ele conseguia enxergar os Territórios onde viviam os Clãs abaixo dele. Seus olhos azuis estavam fixados na grande Floresta de Carvalhos que circundava o Acampamento do Clã do Trovão. Ele procurava a silhueta de uma bela gata malhada, de olhos côr de âmbar penetrantes e com as patas mais delicadas do mundo! Mas o guerreiro não conseguiu encontrá-la, como já era noite estava muito escuro para poder enxergar devidamente.
— Pena de Corvo? — Uma voz gentil e cheia de emoção chamou.
O gato se voltou para a direção de onde vinha a voz, e quando viu a quem pertencia ela, seu coração sorriu. Era Pé de Cinzas, sua mãe, que havia falecido há pouco tempo... Juntamente com outros gatos do Clã do Vento que foram abatidos pela Tosse Verde. Pena de Corvo sentiu seus olhos marejarem, e ele correu em direção à mãe, e esta o recebeu com um abraço.
— Eu senti tanto sua falta! — Ele miou afundando o focinho na pelagem cinza-claro da gata.
— Tudo bem, agora estamos juntos novamente! — Pé de Cinzas miou, enquanto admirava seu Filhote... Que há muito tempo havia deixado de ser seu Filhote! — Venha, vou levar você até seu Pai! Faz muitas Luas que ele não te vê, e além disso tem muitos mais gatos querendo te ver!
O guerreiro abriu um sorriso singelo, e seguiu sua mãe através das belas campinas do Clã das Estrelas. Ele resolveu que iria esperar, o tempo que fosse, por sua querida Poça de Folhas. Será que finalmente, depois de tudo, eles conseguiram ficar juntos?

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⏰ Última atualização: Jul 21, 2016 ⏰

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