Save Me Boy

Bônus: Eu quero respirar, odeio esta noite

Finalmente chegando na reta final, é a primeira história que estou conseguindo terminar, hahaha, obrigada por estarem acompanhando, se eu tirar nota ruim em álgebra a culpa é de vocês. Esse capítulo é narrado pelo baixinho engraçado, achei necessário.

Duzentos e dois carneirinhos, duzentos e três carneirinhos...

Que vão a merda os malditos carneiros, e Yoongi também, principalmente ele. Sempre tenho dificuldade pra dormir, mas hoje minha insônia está pior, graças ao maldito açúcar amargo.

Como se adivinhando o rumo dos meus pensamentos o tal ser entra no quarto. Ele está com o cabelo levemente úmido, sim, posso dizer só de olhar, confesso, sou um pouco obsessivo. A figura de Suga está fracamente iluminada pela luz do corredor, seu cabelo com uma tonalidade um pouco mais escura devido ao banho que ele toma após trabalhar duro toda a noite em seus passos de dança.

O que aconteceu na sala de treino ainda se repete em minha mente. Nunca mais vou conseguir olhar na cara do hyung, pensei, mas cá estou eu o encarando descaradamente. Recordo que nossas camas estão juntas, ontem eu havia colocado uma ao lado da outra para vermos um filme de terror no notebook, assistir no quarto é sempre mais assustador. Começo a me levantar para separar as camas, mas surpreendentemente Yoongi se larga ao meu lado. Sua expressão está fechada, respiro fundo.

- Desculpa. – Dizemos em uníssono.

Rio suavemente, e ele me olha seriamente quando fala:

- Eu não devia ter dito aquelas coisas.

- E eu não deveria ter agido daquela forma. – Devolvo.

Lembro de sair correndo como uma garotinha e tenho vontade de por minha cara em algum buraco.

- Se isso ajuda, eu me senti muito mal com o que eu disse, depois disso tive meu pior treino. – Yoongi confessa, e após uma pausa continua. – Mas aquilo que você fez... não acho adequado de se fazer com uma fã.

- Ah, aquele final não estava na performance, eu me empolguei um pouco. – falo rapidamente.

Ele assente com a cabeça. Ficamos em um silêncio constrangedor até que Yoongi vira as costas para mim, isso estilhaça meu coração em pequenos cacos.

- Jimin?

- Oi.

- Me abraça.

A rouquidão na voz do outro vem carregada de dor, me pergunto o que o está atormentando. Não tenho alternativa a não ser obedecê-lo, apesar um pouco assustado, pois Yoongi nunca havia me pedido algo assim, era sempre eu quem falava isso, e nesses momentos ele me batia e negava o meu desejo. Mas eu não pude resistir, não hoje. Ponho meu braço ao redor dele e ficamos de conchinha. Estamos tão próximos que tudo que sinto é seu corpo no meu e o marcante cheiro de amêndoas do sabonete de Yoongi.

- Jiminie, eu vou me esforçar, farei as coisas melhorarem entre nós. – Ele fala, com a voz sonolenta.

- Eu também, hyung. – Digo, e ele aperta levemente uma de minhas mãos.

Esse branquelo me magoou bastante com o que me disse na sala de dança, mas eu bem que mereci, praticamente molestei o garoto. Porém ainda fico com uma raivinha, ele sabe que usar meu apelido é o meu fraco, maldito manipulador. 

Então a lembrança de nossos rostos quase se tocando retornam para mim, aposto que ele reparou o que estava acontecendo e ficou sem reação.

- Yoongi... sobre o que aconteceu entre nós, eu fui muito egoísta, somente pensei em mim. Eu não me importei se você me empurraria ou beijaria de volta. – O que eu duvido muito, penso, porém mantenho isso para mim. - Estavam fora de controle, todos meus sentimentos... o que eu quero dizer é que, bem, eu estou apaixonado por você.

O que acontece em seguida não é bem o que eu imaginava, pensei que ele me expulsaria do quarto, ou falaria coisas horríveis, mas ele faz pior, não me responde nada. Os segundos vão se passando como se fosse horas, mas ele continua em silêncio.

- Hyung, diga alguma coisa. – Peço, desesperado.

Só nesse momento ele se move, me afasto um pouco para lhe dar espaço. Mudando de posição ele se deita de costas, meu braço ainda ao redor dele. Não sei dizer se sou oficialmente o ser mais azarado da Terra ou o mais sortudo, Yoongi está dormindo, ele não ouviu nada do que eu disse. Sua expressão é tão serena que não consigo ficar com raiva. Talvez isso tenha sido um sinal dos céus de que não devemos ficar juntos. Deixo esse pensamento de lado e deito minha cabeça sobre o peito de Yoongi, sinto que ela nasceu para isso, estar aninhada a ele. Meu corpo vai relaxando aos poucos e percebo que nessa madrugada não precisarei mais dos carneirinhos.