O sol de um dia escuro

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Acordo de manhã cedo para ir pro colégio, o sol batendo sobre meu rosto. Não gosto muito do sol e toda aquela sensação de calor e brilho no minha pele. Não costumo reclamar, mas esses dias isso vem me matando. Não acredito em como tantas coisas na vida mudam tão rápido. As pessoas reclamam tanto das suas vidas, queria saber o que elas achariam da minha.
O nome Raven Roth não é muito comentado, embora o Roth me coloque em lugares que nunca pensei que estaria. A maioria das pessoas não me conhece por meu nome, mas talvez conheçam por: cria de demônio; estranha; esquisita; e outros nomes que não gosto de falar. Nunca sei o por quê das pessoas me odiarem ou de simplesmente não gostarem de mim, talvez seja porque eu não fale muito, ou as pessoas de hoje em dia tenham muito ódio no coração. Seria eu realmente esquisita? Minhas roupas? Meu comportamento quieto e silencioso? Sinceramente? não sei.
Mas o pior de tudo não é eu ser anti social, e sim ser a filha de uma heroína. Exatamente, filha da Ravena. A famosa Ravena. Talvez isso explique tudo, a filha da heroína conhecida pelo seu comportamento "gótico demoníaco".
A maioria das pessoas deve achar super empolgante ter um pai ou mãe salvando o mundo por aí, mas eu, eu não acho. Já não basta ter que enfrentar o contato social na escola, ainda sou obrigada a ter contato com o mundo mágico da minha mãe. Ela quer que eu me torne alguém como ela, mas essa vida não me atraí em nada. Já faz pouco tempo que eu descobri meus poderes, e desde então ela insiste em que eu vá à reuniões e treinamentos de heróis e essas coisas chatas, mas talvez isso tenha um lado bom... Quando vou, encontro o Robb. A única pessoa que realmente me entende nesse terrível mundo de blá blá heróico.
Depois de me perder em pensamentos deitada na cama, me levanto para ir tomar café.
– Preto, preto, preto, Ah! Mais preto. –Falo comigo mesma enquanto escolho uma roupa.
Depois de vestir uma roupa que obviamente é preta, desço pra tomar café. Ao terminar de descer a escada me deparo com minha mãe correndo louca pelo corredor.
– Mãe, pra onde vai? – pergunto segurando a capa que ela estava vestindo
– Preciso ir, tem algum tipo de monstro atacando a cidade do lado. Deixei seu café na mesa, tenha um bom dia na escola! – ela diz sem me deixar responder e saí voando pela janela.
Não me assusto mais com aquilo. Depois de anos vendo essa cena se repetir, nada mais me assusta, tirando o péssimo dom dela de cozinhar, o cheiro ruim da comida passa pelo corredor entrando em minhas narinas. Vou para cozinha e vejo um prato com o que parece ser um ovo em cima, verde e borbulhante. Prefiro não comer aquilo, parece ser mais monstruoso que os monstros que ela enfrenta. Jogo aquela comida fora e sento no banco da cozinha, tendo que esperar o ônibus da escola pra começar mais um dia empolgante nesse mundo maravilhoso. Acho que a única coisa que nunca vai me faltar nesse mundo é o sarcasmo.

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