-...3...2...1... Feliz ano novo! - E todos brindaram. A essa altura, eu já não sabia mais em qual taça de vinho estava. Todos se abraçaram e voltaram pra festa. Saí da casa e corri pra a areia quentinha da praia. O verão em Coldplace era perfeito.
-Naaaah - Ouvi a Mari, minha melhor amiga, chamar.
- Opa parceira, Tamo junto e é nois - falei, mas lá no fundo sabia que não fazia o menor sentido.
-Nah, olha pra mim- Falou, pegando meu rosto com as mãos- O Guilherme tá aqui!
Ai não. Estava bom demais pra ser verdade. Guilherme é meu ex-namorado. Já tinha fama de surtado do juízo quando começamos a
namorar, mas eu achava divertido. Até o dia que eu tentei terminar e ele disse que ou eu era dele, ou eu estava morta.
- Sobe pra o farol, Nah, vou dá um jeito de tirar ele daqui.
Corri pela areia, por pouco não caindo em vários momentos. Subi as escadas do farol um tanto desequilibrada, mas consegui chegar até o topo. O vento estava forte e muito frio, e eu conseguia escutar barulhos de guinchos enferrujados se mexendo por causa do vento. Fui até a grade, e me inclinei para baixo, procurando algum sinal da Mari, ou do Guilherme.
- Oi gata... - Ouvi claramente a voz do Guilherme, que provocou uma onda de arrepios pelo meu corpo. Virei e me escorei na grade. Lá estava ele, com sorriso malicioso, ficando cada vez mais perto de mim.
- Gui...gui...lherme?- Gaguejei.
-Eu voltei amor, e agora eu vou te levar comigo. Vamos ficar juntos... Pra sempre.
-Guilherme, olha aqui -Falei com dificuldade por causa do álcool- Você precisa ficar longe de mim! Acabou! E se você insistir nessa história, vou fazer com que se arrependa!
Ele pareceu achar graça da minha ameaça, e deu um passo na minha direção. Involuntariamente, dei um passo pra trás, me escorando na grade outra vez.
-Não, Natalia... Você que vai se arrepender por insistir nessa história!
Ele deu mais um passo e em um único movimento pegou meu braço e me jogou com força pra o outro lado do farol. Como eu já estava sem equilíbrio, cai e bati a cabeça com força em uma grade. Ele riu, e me pegou pelos braços, me colocando de pé. Tentei gritar, mas eu estava tonta. Ele me escorou na grade e tentou me beijar, mas eu me desviei várias vezes. E então, eu ouvi um barulho de guincho soltando, me lançando no ar. Guilherme me segurou pelo braço, e me encarava em dúvida, como se pensasse se deveria me salvar ou não. Antes de eu falar qualquer coisa, ele me soltou. E de repente, tudo escureceu.
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