Capítulo 2

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De madrugada, um barulho enorme me acordou de repente, Olavo e Willian haviam montado uma cama de ferro para mim no dia anterior, e percebi que a cama havia se soltado e eu estava estatelada no chão, com ferros em cima de mim. Respirei confusa, enquanto tentava me lembrar do sonho com uma moto e uma tatuagem tribal num braço escandalosamente forte.

Esperei alguns minutos e, quando finalmente comecei a me mexer para tentar sair de baixo dos ferros, alguém abriu a porta do meu quarto com força, me dando um susto enorme.

Imediatamente comecei a gritar. O intruso cobriu minha boca com a mão e falou baixinho:

— Shhhh! Calma, eu vim ajudar você.

Ele me soltou e acendeu a luz, e quando olhei para ele, parei de me mexer de novo. Eu estava diante do homem mais lindo que já tinha visto! Tinha os olhos castanhos claros quase verdes, o cabelo castanho caía sobre seu olho, um corpo escandalosamente musculoso e, curiosamente, por baixo da blusa cinza colada ao corpo, avistei a tatuagem tribal que tinha visto no meu sonho, cobrindo todo seu braço esquerdo.

Ainda confusa, perguntei:

— Quem é você?

— Achei que nunca fosse perguntar. Sou Wallace, seu vizinho. Acho que sua cama não aguentou seu peso — sugeriu rindo.

Fiz uma careta, isso era muito engraçadinho da parte dele, levando-se em conta que sou baixinha e, embora tenha algumas curvas, magra.

— Obra do Pitt e do Willian — expliquei dando de ombros.

— Claro. Como você pôde deixar aqueles dois montarem alguma coisa?

— Eu tinha esperança que boa vontade contasse.

Ele deu uma risada alta e se aproximou de mim, tirou o ferro de cima do meu braço e me estendeu a mão. Só depois que me levantei, foi que percebi no espelho que estava apenas de calcinha e sutiã, como eu tinha mania de dormir.

Corei e ele deu uma risada, olhando meu corpo de uma maneira que os meninos da frente nunca tinham feito. Soltei-me dele e peguei um blusão, jogando-o por cima da roupa, mas que na verdade não escondia muita coisa.

— Seu rosto está da cor do seu cabelo — falou, passando o dedo pelo meu rosto.

Por onde seu dedo passou, pareceu pegar fogo, com esse simples toque.

Ele se aproximou do que restou da cama e começou a tirar o colchão.

— O que vai fazer?

— Montar essa cama direito.

Olhei no despertador, em cima da minha cômoda, eram quase quatro horas da manhã.

— Agora?

— Não terei tempo durante o dia e nenhum dos meninos vai fazer isso para você. A não ser que queira pagar para alguém montar.

— Você não está cansado, chegando a essa hora?

Ele me olhou novamente de cima embaixo, se concentrando em minhas pernas expostas. Eu pigarreei e ele desviou o olhar de volta para a cama.

— Você é bem mais bonitinha do que eles me falaram, e olha que falaram muito de você. Jules, não é?

Bonitinha? Por que homens usam essa palavra para definir uma mulher?

— Bonitinha? — falei com uma careta e ele deu outra risada. — Vai precisar de alguma coisa?

— Algo para comer. Estou faminto.

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