8º Capítulo: A Maldição da Família Levy

10 0 0
                                    


Aquela parecia ser a noite mais fria e estrelada do mês. Wynnie estava sentada em um banco simples de madeira, observando a paisagem pela janela de seu quarto. Ao redor dos ombros tinha uma das peles de animal, para aquecê-la melhor.

As mãos acariciavam o ventre largo e redondo. Estava grávida por mais de 10 ciclos lunares¹ completos. Suas últimas quatro luas – cheia, crescente, nova e minguante – já haviam se passado, agora estava entrando em mais uma lua cheia, portanto, todos no castelo já esperavam pelas dores do parto. Segundo sua parteira, assim que a lua virasse, o pequeno príncipe começaria a ficar impaciente para vir ao mundo.

Cutucou a própria barriga, numa tentativa vã de provocar o rebento para senti-lo se mexer um pouco. Há alguns dias não o sentia se mover, antes era tão agitado...

De acordo com Laila, a parteira, a criança deveria estar se preparando para nascer e quando isso acontecia, era normal que o bebê ficasse mais quieto, concentrando suas forças para o grande dia. Mas, apesar da tentativa nobre de acalmá-la, Wynnie ainda se sentia um tanto exasperada.

- Vamos lá, bebê... – moveu as mãos sobre o ventre. – Só um chutezinho... – mordeu os lábios, nervosa. – Me mostre que está tudo bem aí dentro.

- Ele irá se mover quando necessário, minha senhora. – Laila entrou no quarto, surpreendendo sua rainha.

- Laila... – suspirou. – Você me assustou.

- Desculpe, senhora. – aproximou-se e ajustou a pele sobre ela. – Apenas vim para ver como esta e se precisa de alguma coisa.

- Estou ansiosa e apreensiva, como se algo fosse dar errado...

- Tudo dará certo, minha senhora. – sorriu. – Você e o pequeno príncipe ficarão bem!

- E como pode ter tanta certeza de que é um menino? – observou-a se acomodar no chão, próxima a ela. – Há tempos vem falando que é um príncipe e estou extremamente curiosa para saber o porquê de não achar que é uma menina.

- Por acaso gostaria de uma menina, minha senhora? – pegou um dos pés e começou a massageá-lo, notando a rainha relaxar um pouco em suas mãos.

- Apenas quero que venha com saúde, mas sei que meu marido prefere um varão para assumir a coroa. – deixou a massagem acalmá-la. – Por acaso você diz ser um menino para agradar ao rei?

- Minha missão é cuidar da minha senhora e não agradar ao rei. – riu quando viu erguer uma das sobrancelhas, surpresa. – Digo que é um príncipe por justamente saber que é.

- E como sabe?

- Além da intuição, notei que sua barriga está mais pontuda...

- Como assim? – voltou a acariciar o ventre.

- A senhora bem sabe que tenho anos como parteira oficial destas terras. – percebeu a mulher concordar com a cabeça e continuou. – E durante meus trabalhos, notei que geralmente as mães que apresentavam um ventre mais redondo, davam à luz a meninas. E as que possuíam os pontudos, se tornavam progenitoras de meninos.

- Geralmente? – sorriu. – Então, quer dizer que ainda há uma probabilidade de estar errada?

- Claro. – suspirou. – Nós humanos nunca estamos totalmente certos de nada nesta vida, nem mesmo os grandes anciões.

- E tem alguma ideia do porquê que as barrigas ficam assim, pontudas ou redondas? – sentia-se incrivelmente curiosa e aquela conversa a estava ajudando a se distrair das preocupações com o parto.

A Protegida e o PríncipeOnde histórias criam vida. Descubra agora