Flores Douradas

445 40 2
                                    

   Frisk, a garota dos curtos cabelos castanhos e belos e brilhantes orbes dourados. Sim, aquela Frisk, a garota de um dos sonhos mais incomuns de seu vilarejo: Sonhara com monstros.
   Muito embora soubesse que não foi um sonho realmente, ela preferia acreditar que foi. Talvez porque, assim, a "Frisk dos sonhos loucos" não se tornaria a "Frisk daquele manicômio perto do monte Ebott".
    Com o sono ainda tomando seu corpo por completo, levantou-se preguiçosamente e colocou sua roupa preferida: Um suéter listrado nas cores lilás e rosa, uma bermuda azul e seus "famosos" tênis tingidos de preto por seu próprio pai, quando o mesmo trabalhava em uma tinturaria.
Penteou os cabelos, colocando cuidadosamente suas curtas madeixas lisas no lugar, com a ajuda de um pente fino de madeira.
Saiu do quarto que lhe fora dado aos 7 anos da garota e caminhou até a cozinha, onde sua mãe preparava o almoço.
—Bom dia, Frisk.— Cumprimentou Karin à filha.— Como vai, querida?
—Vou bem!— Disse empolgada.— Ótima, aliás! O que a senhora está fazendo para o almoço?
—Peixe com batatas.— Disse a mãe de Frisk mexendo nas panelas dispostas sobre o simples fogão à lenha.— Ah, amanhã já é véspera de seu aniversário de 18 anos. Tem alguma ideia de o que quer?
Desde o início daquele ano (já que seu aniversário era no sexto mês do mesmo), ela não tinha ideia de o que ia fazer, ou sobre o que queria ganhar.
—Não.— Afirmou sem aparentar nervosismo ou animação na voz. Apenas soltou estas palavras, como se programada para dizê-las.— Vou dar uma volta. A senhora pode me chamar quando estiver na hora de comer?
—Claro, querida, sem problemas.— Disse a mulher, largando a comida no fogão para olhar para a filha.— Mas, Frisk, por favor, lembre-se: Muito cuidado. Não quero perdê-la novamente, ainda que por alguns dias.
—Sim, senhora.— Disse Frisk, já se levantando.— Voltarei antes do almoço. Se não voltar até daqui a pouco, estarei em casa antes do anoitecer, não se preocupe.
Deu um beijo estalado na bochecha da mãe, que a puxou para um abraço.
Frisk saiu andando em direção ao monte Ebott. Como era primavera, poderia achar e colher flores douradas, suas preferidas.
Por não ser longe de onde morava, a moça chegou ao Monte depois de dez minutos, ou menos.
Lembranças distantes eram despertadas na cabeça da garota, de quando era apenas uma criança. Tudo estava exatamente como se lembrava, porém as memórias que ainda estavam "vivas" dentro de sua mente pouco antes de sair de casa, agora desapareceram. Não conseguia lembrar de tudo exatamente como era antes, nem se quisesse.
Balançou levemente a cabeça na expectativa de afastar essas distrações e poder, finalmente, subir o monte Ebott.

~*~*~

Após subir e encontrar as raras e belas flores, Frisk as colheu, cuidadosamente. Por mais raras que fossem, haviam dezenas, milhares delas vestindo a rocha áspera que era o Ebott.
A grama sujava os joelhos da garota quando ela se abaixava para pegar mais flores, porém ela não se importou em ter terra por toda a roupa.
Com algumas flores já colhidas, pôs a cestinha de madeira, a qual continha as flores douradas, no chão.
    Deitou-se e resolveu, mesmo com o céu limpo, observar as poucas nuvens ali presentes.
    Seus pensamentos dirigiram-se novamente ao Underground e Frisk pegou-se pensando em suas aventuras por lá.
    Mesmo que não devesse, acabou por adormecer dentre as flores. Apesar de tudo, de conter memórias tanto boas quanto ruins, aquele lugar era bom. Era o meio que a moça encontrou para descansar só, quieta.

Os Olhos da AlmaOnde histórias criam vida. Descubra agora