Meu Vizinho - HIATUS

Capítulo 5

Assim que termino de arrumar a cama pego meu celular e coloco no bolso, destruindo meu silêncio agora tão querido - diferente de minutos atrás - a campainha toca e corro para ver quem é.

É o Evan.

"Vai embora Evan." Falei alto sem abrir a porta.

"Me deixa falar com você Alexia, só um pouco." Ao olhar pelo olho mágico ele estava olhando diretamente para mim o que me fez recuar alguns passos.

"Sobre o que?" Perguntei em um tom de voz normal - ou o mais normal que consegui fazer.

"Sobre tudo... e sobre nada, você é a única menina legal que conheço aqui nesse condomínio. E eu moro aqui a dois anos!" Respondeu dando ênfase em quantos anos mora aqui.

Abri uma fresta da porta e fiquei olhando-o nos olhos.

"Podemos conversar? Vamos no parque da área de lazer daqui, ambiente neutro e como resultado: nenhum conflito. O que você acha?" Ele perguntou erguendo as mãos em sinal de bandeira branca.

"Certo, só vou pegar um chinelo."

-•-

Assim que chegamos no pátio o clima tenso entre nós se dissipou e cheguei a conclusão de que a tensão da qual já estava acostumando está ficando cada vez mais palpável.
No pátio um caminho de madeira entre as pedras se divide em três; um vai dar em uma fonte para peixes, o outro na piscina e área das churrasqueiras e o ultimo no parque das crianças e mais área de churrasqueiras com mais segurança, todas elas estão intactas como se nunca tivessem sido usadas ou fossem muito bem cuidadas.

"Chegamos e agora? O que você quer?" Perguntei na defensiva, não importa onde estivéssemos ele sempre parece intimidador.

"Ei, relaxa garota!" Ele tentou sentar em um dos balanços de madeira pra criança, mas seu quadril é grande demais e ele não coube, então desistiu daquele e sentou no maior de pneu "Senta ai Alexia." Indicou com o queixo o pneu azul ao seu lado.

Fui até ele, sentei e comecei a me balançar devagar.

"Por que veio pra cá?" Ele perguntou enquanto se balançava mais rápido que eu; indo mais alto.

"Meu pais se separaram e eu fiquei com meu pai." Respondi sem emoção.

Ele pulou do balanço e se agachou de frente pra mim sentando em uma pedra, está usando uma calça jeans escura e uma blusa de manga comprida de duas cores, seu all star vermelho está desbotado e seu cabelo uma bagunça, está com aparência de quem acordou e colocou a primeira roupa que viu, mas mesmo assim, todo desleixado, ele continua sendo o garoto mais lindo que já vi, seu olhar é profundo e escuro como a noite, como se eu pudesse ver todas as constelações lá do céu refletidas ali naqueles olhos fundos sombreados pelas olheiras, seu sorriso é radiante, como se fosse muito feliz o tempo todo ou muito triste e precisasse esconder isso o tempo todo.

"E então? É só isso? Cadê a emoção?" Perguntou brincando.

"Não gosto muito de falar de mim, não tem nada de interessante, sou filha de um dono de um a rede de academias e de uma nutricionista famosa" Completei fazendo aspas com as mãos na hora de pronunciar a ultima palavra. "Vamos falar de você. Que faculdade você faz?"

"Certo, também não gosto muito de falar sobre mim, mas minha faculdade é uma exceção." Ele sorriu e me olhou de um jeito curioso, diferente do de costume, carinhoso talvez? "Eu faço faculdade de artes plásticas, dou aula de reforço também."

Uau, artes?

"Que legal, sabia que você não tinha cara de exatas!" Sorri e ele me olhou curioso como se perguntasse "Nada não, mas pretende fazer o que depois da faculdade? Vai abrir uma galeria?" Perguntei cautelosa afinal não entendo de artes plásticas.