A PORTA DOS FUNDOS

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As apresentações de Juliolino aconteciam somente no terraço de sua própria casa, várias pessoas se amontoavam para ouví-lo, algumas ficavam até do lado de fora, apesar de meu interesse pela música, decidi que iria manter minha atenção nas coisas que aconteciam em volta, como ele quase nunca falava com ninguém, ficava difícil ter alguma informação diretamente com o próprio Juliolino, resolvi que enquanto estivessem todos com suas atenções para o grande músico, eu entraria na casa dele para tentar descobrir algo. A noite chegou, as pessoas já estavam a espera da grande apresentação, parecia que o vilarejo parava, contudo meu foco não era a música, dei um jeito de sumir da vista de meus pais, dei a volta na rua da casa de Juliolino, por detrás da casa dele tinha um bosque, isso facilitou com que ninguém me olhasse, sorrateiramente pulei o muro que separava o quintal da casa dele com o bosque, o muro não era tão alto assim, não foi difícil superá-lo, dava pra ouvir que o show já havia iniciado, isso também me ajudou, pois o som do violino prendia a atenção de todos, forcei com destreza a porta dos fundos, abri vagarosamente, não queria ser notado, apesar de nunca ter visto ninguém com ele eu desconfiava que ele não estava só, pensava que seria difícil para alguém em uma cadeira de rodas se virar sozinho, minha desconfiança estava certa, assim que abri a porta dos fundos a luz do luar penetrou na casa, foi então que vi algo que nunca vou esquecer, não sei ao certo se era homem ou mulher, ou se era humano, vi um ser de quase dois metros de altura, um porte físico musculoso, seminu, parecia ter seios, mas não parecia ser mulher, assim que a casa ficou iluminada a criatura virou-se em direção a porta onde eu estava, para não ser visto acabei me jogando para dentro da casa para uma parte onde não estava iluminada, aquele ser ficou olhando para a porta dos fundos, caminhou em direção da porta, foi então que percebi que ela segurava um chicote, fechou a porta e parecia enfurecida, mas acredito que a criatura não me viu. Agora eu estava ali, dentro da casa de Juliolino, preso com um demônio.

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