Antonela era uma mulher marcante. Do tipo que arrancava olhares por onde passava, balançando os quadris em seu rebolado devastador de femme fatale, postura ereta e confiante, levada pelos passos firmes de quem sabe o que quer e para onde vai.
Cintura fina, cabelos louro platinados e os peitos que fizeram com que eu perdesse a razão incontáveis noites, desde que nos conhecemos há três anos atrás, eram apenas parte de seus atributos.
Terrivelmente sexy e conquistadora, fez com que eu me sentisse caça quando me fulminou pela primeira vez com aqueles olhos verde oliva. Fui praticamente carregada para sua cama, entre beijos quentes e amassos pelo corredor do apartamento em que ela vivia, do outro lado da cidade, na noite em que dava uma festa.
Na época eu ainda não vivia em Sto. Tomé, estava ali apenas passando o final de semana na casa de Joana Cantero, minha prima com quem acabei dividindo o apartamento um ano depois.
Joana, que já cursava medicina, era colega de Antonela e se davam muito bem. Foi ela quem me levou na festa aquela noite e acabou indo embora sem mim, que fiquei dormindo, perdida entre os lençóis de Anto.
Fizemos um sexo incrível por toda aquela noite o que me deixou louca por ela. Não nos soltamos mais e dentro de um mês já estávamos namorando.
Ela sempre fora geniosa, com temperamento difícil, oposto ao meu, pacífico e relax, que segundo ela só era assim devido ao tanto de marijuana que eu fumava, o que me deixava alienada em sua opinião.
Éramos bastante diferentes em muitas coisas e para falar a verdade, parecia mais coisa de pele mesmo. Estávamos sempre discordando e era eu quem sempre precisava ceder para que a guerra findasse.
Ela não parecia se importar tanto comigo e com seu romantismo zero, sempre flertava com alguma outra garota mesmo na minha frente, me deixando louca de ciumes e cada vez mais insegura com minha aparência. Não sei explicar mas era como se isso acabasse me prendendo ainda mais a ela, criando um tipo de dependência.
Antonela era extremamente ligada à aparência e as vezes um tanto fútil. Nunca contou para os pais sobre a nossa relação e quando eles estavam pela cidade eu era obrigada a desaparecer da vida dela até que eles fossem embora. Ela tirava todas as minhas fotos do mural que ficava sobre sua cama e chamava Diego Ferraz, nosso amigo, também gay, extremamente educado e bem apessoado,
para fingir na frente dos pais que era seu namorado, com intuito de conseguir a aprovação deles e com isso ganhar uma grana extra para se vestir bem para o "namorado bem nascido e quase médico".Me sentia humilhada com a situação e um pouco constrangida quando passava por algum restaurante em que eles estivessem jantando todos juntos e ela, abraçada com Diego, fingia não me conhecer.
Levantei da cama aquela tarde e tratei de me arrumar. Antonela, ainda sem roupa em minha cama, ressentida pelo sexo que não fizemos, me observava em silêncio, deitada de bruços, segurando o queixo com as mãos.
Sequei o cabelo, deixando-o ainda mais liso e sedoso, cintilando o reflexo azulado. Maquiei levemente o rosto e carreguei os longos cílios de rimel, destacando meus grandes olhos castanho claros. Eu não usava batom, mas resolvera naquele momento usar algo discreto, num tom de pêssego, que harmonizasse com o blush que me corava suavemente a face.
Vesti a calça jeans mais colada que eu tinha no roupeiro, calcei o mesmo all star vermelho de sempre e pus uma baby look preta, com silk dos Beatles, bem do meu estilo underground, que deixava Antonela, super pop patricinha, indignada.
- Vou até o "La Bomba"- Super Mercado que ficava à pouca distância do meu ap e para chegar lá deveria passar pela frente da casa de Alex, que eu não sabia exatamente qual era, mas estava decidida a descobrir - comprar algo para comer. Você vem junto? - Perguntei, quase cruzando os dedos desejando que ela dissesse que não. -
- Não. Do jeito que você está mau humorada hoje acho melhor eu dormir um pouco. Talvez quando eu acordar você esteja menos desagradável. - Respondeu, com seu habitual ar de superioridade, esperando que eu, como sempre, fosse implorar por sua presença.
- Beleza. Eu não vou demorar. - Respondi, tentando esconder a satisfação no olhar. Enquanto isso ela erguia a sobrancelha, surpresa pela minha mudança repentina de atitude.-
Sem dar tempo para que pudesse rolar uma "D.R.", virei as costas e saí, quase saltitante.
Assim que dobrei a esquina, passando em frente à Dulzura, fui tomada por um frio na barriga e a adrenalina à mil por hora. Reduzi as passadas, olhando atenta para os dois lados da rua, na tentativa de reconhecer alguma pista de qual seria a casa dele.
Havia passado em frente à três casas, na mesma calçada, a direita da delicatessen e ainda não vira nada que me chamasse atenção.
Já perdia as esperanças e tinha os ombros baixos quando ouvi o som do cortador de gramas.
Olhei para o lado e bingo! Lá estava ele, de costas e sem camisa, com um boné com a aba para trás, suado, tão lindo e sexy quanto da outra vez que o vi.
Meu coração ameaçou parar e quase cedi aos seus apelos de pular em frente ao portão, como uma líder de torcida, na ânsia de que ele me visse. Tentei ser racional e segui em frente.
- Droga! Ele não me viu passar. Mas pelo menos já sei onde ele mora! - Pensava, sorrindo como uma criança que ganha um brinquedo novo.
Entrei no mercado sem conseguir me concentrar em algo para comprar. Peguei alguns salgadinhos aleatórios e duas latas de refrigerante, aos quais paguei com o dinheiro que tirei do bolso traseiro da calça, indo embora na sequência, sem pegar o troco e tampouco a nota fiscal, ignorando o chamado da atendente.
Saí de lá quase hipnotizada e poucos passos depois, fui retirada do transe imbecil em que me encontrava, por uma voz que parecia estar gravada em minha mente.
- Já nos conhecemos, não?! Tenho a impressão de ter visto você ainda hoje! - Falou o super gato Alex Roth, sorrindo com aqueles dentes brancos e as covinhas marcadas, secando a testa ainda suada, com a camiseta branca recém vestida, provavelmente apenas para ir ao mercado, que ao ser erguida até a altura do rosto, deixou à mostra o abdômen definido, me fazendo perder o fôlego e o juízo.-
- Oi! Sim, nos encontramos pela manhã, na faculdade, quando eu caí em cima de você. - Respondi, completamente nervosa e enrusbecida, ao mesmo tempo em que pensava: - merda ele sequer lembra de onde me conhece.-
Alex gargalhou.
- Obvio Olivia Klaus, -Meu Deus ele sabia meu nome completo - que eu sei de onde nos conhecemos! Eu estava brincando, era para você sorrir! - Afirmou, gracioso, me deixando ainda mais nervosa e envergonhada.-
- O nylon do meu cortador de gramas acabou. Vim rápido comprar, porque estou aproveitando a tarde de sol para deixar o jardim apresentável para a festa que darei lá em casa hoje à noite para o pessoal da faculdade. É uma forma de me inserir com a galera daqui. Foi bom encontra-la, porque estava pensando em lhe convidar, mas não sabia como.
Será à partir das vinte e duas horas e espero que você vá. Leve suas amigas se quiser. - Completou, sem ao menos me dar tempo de pensar entre uma palavra e outra.-- Obrigada! Irei com certeza! - Sorri. -
- Ficarei feliz. Nos vemos mais tarde então e me desculpe por não cumprimentar você direito, mas não a abracei porquê estou todo sujo e você toda linda!
- Imagine. Sem problemas! - Mas morrendo de vontade de abraçar aquele corpo suado e ainda assim perfumado e me contendo para não gritar e pular, comemorando ter ouvido dele as palavras "você e linda" na mesma frase.
- Até mais. - Dando uma piscadela, ele se foi.
- Até ... - Falei, incapaz de piscar.
### E aí galera, estão gostando da história? Devo continuar??? Preciso da opinião de vocês, deixem um comentário please! Beijinhos! ♥###
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A Nora Que Os Pais Dele Jamais Quiseram
Literatura KobiecaVocê conhece um homem espetacular. Ele é sexy e romântico na mesma medida. A química é indiscutível e incomparável. A paixão inevitável. Parece um sonho e você nunca imaginou amar alguém assim. Tinha tudo para dar certo, não fosse o inferno que minh...