Nove

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Na sala depois de passado o mico, a professora continuou tentando ensinar logaritmo enquanto metade da turma conversava e a outra metade dormia, infelizmente não existe sequer um garoto prodígio na minha turma, ou seja, no final do ano 85% da sala vai bombar (no modo ruim) ainda não sei como o Kelvin se sai na escola espero que melhor do que eu, porque pra ser sincera estou completamente desanimada  este ano. Olhei para o Kelvin pela centésima vez hoje, um pé com um tênis rebaixado vermelho sobre a coxa esquerda, com as mãos no bolso da calça jeans azul rasgada, o olhar perdido em pensamentos, a lingua umedecendo levemente os lábios rosados na tonalidade de um pêssego e o cabelo preto azulado despenteado na altura dos olhos, qualquer menina dessa escola morreria e mataria pra ser "amiga" do Kelvin, estou tentando a me acostumar com a idéia de ser amiga dele, mas acho que não vou conseguir.
  O sinal da última aula bate, junto meus pertences calmamente pra esperar até que todos saiam,  me pego a procura do Kelvin  que não está mais na sala o que é estranho porque havíamos combinado de irmos embora juntos.  Jogo minha mochila preta apenas no ombro direito, respiro fundo e me certifico de que não esqueci nada, me despeço da professora pra soar educada,  cruzo a porta distraída e quando faço a curva para a saída dou de cara com as costas do kelvin, me segurei na parede para não cair com o impacto, meu nariz doía e ficou meio avermelhado. Kelvin virou bruscamente e me segurou pelos ombros.

-ai Kelvin! tinha que parar no caminho?-falei ríspida

-desculpe Meg, estava te esperando! -Kelvin falou colocando sua mão esquerda na minha nuca. - está doendo muito?- ele completou enquanto levava a mão direita a acariciar desde a ponta do meu nariz até entre as sombrancelhas, me olhando fixamente nos olhos, foi um toque doce com ternura, eu já recebi vários toques mas não como o dele. Suas mãos foram deslizando pelos meus ombros, costas, até chegar na minha cintura, seus olhos já não estavam mais ligados ao meus, estavam ligados a minha boca entre aberta,

  Kelvin me puxou mais pra si e quando nossos lábios quase se alinharam voltei a órbita, empurrei o Kelvin e sai correndo sem olhar pra trás e só percebi que estava correndo quando ele me puxou pelo antebraço

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  Kelvin me puxou mais pra si e quando nossos lábios quase se alinharam voltei a órbita, empurrei o Kelvin e sai correndo sem olhar pra trás e só percebi que estava correndo quando ele me puxou pelo antebraço.

-me solta agora Kelvin!- falei com raiva.

-desculpa Meg, eu não sei o que aconteceu... agi sem pensar.

-então você deveria pensar melhor - falei dando as costas pra ele e sai andando.

-desencana Meg! É difícil se segurar quando se tem uma amiga gata!- disse ele gritando quando estava a mais ou menos 4 metros de distancia, para o meu desespero ainda estavam alguns alunos na saída que ouviu toda a conversa. Kelvin disse mais alguma coisa que eu não ouvi porque estava preocupada demais em correr, cheguei na casa da tia Susana pra buscar a Mackenzie em cinco minutos, respirei fundo três vezes para parecer normal, toquei a campainha e a tia Susana me atendeu com o sorriso acolhedor de sempre!

-oi Megan!  Como vai meu amor? Entra!

-oi tia, eu vou bem, obrigada por perguntar!  Onde está a Mackenzie?

- falando nisso aconteceu uma coisa muito estranha hoje  sua mãe foi buscar ela na escola.

-putz... esqueci completamente!

-o que aconteceu com sua mãe?

-também não sei, hoje ela acordou estranha, gentiu, educada, doce!

-você acha que ela esta tentando melhorar?

-esse é o meu maior medo!

-porque Megan?

-sempre antes de melhorar piora... estou preocupada.

-vamos esperar as coisas acontecerem, está bem?

-OK. Acho melhor ir  minha pequena pode estar precisando de mim!

-se precisar de algo não cogite em me  ligar.

- está bem tia! Até mais... e obrigada por tudo. - me despedi da tia Susana com um beijo, cruzei a sala deixando-a no sofá com uma xícara de café nas mãos, abri a porta e sai da casa e quando fui para as escadas o Kelvin estava lá...  ele sempre está!  Desci as escadas e passei por ele sem dizer sequer uma palavra, caminhei tranquilamente até perceber que Kelvin estava me seguindo.

-será que dá pra parar de me seguir?- falei séria para o Kelvin

-não você é minha novela preferida!- ele disse num tom irônico. Fiquei séria,  sem nenhum tipo de expressão.- poxa Meg... nenhum sorrisinho?

-Kelvin... por favor, vai embora - eu praticamente implorei isso pra ele.

-claro... que não né Meg! Temos um trabalho pendente, e terá que ser feito agora!- e por mais que eu tentasse não tinha argumento para mandar ele ir embora.

- tá legal... vamos fazer isso o mais rápido possível.

Caminhamos até  minha casa em silêncio e quando chegamos no portão Kelven fez uma referência para eu passar como nos filmes antigos,  e eu quero muito rir mas não consigo, entro em casa com ele logo atrás de mim, a primeira pessoa que vejo e a minha Mackenzie assistindo desenhos.

-oi pequena. cheguei!- disse sorrindo.

-oi mana senti saudade!

-eu também amor!

-Você tem um sorriso lindo Meg! Deveria fazer isso mais vezes. -kelven disse quando Mackenzie me abraçou.

- quem é Meg? -Mackenzie perguntou confusa.

-a Megan!- Kelvin respondeu.

-Megan é voce? - minha mãe perguntou saindo da cozinha

- Sou eu- respondi quando a vi.

- quem é esse?- minha mãe perguntou de novo.

-o Kelvin mamãe!  O amigo da Megan- Mackenzie respondeu.

-e seu amigo também! - Kelvin completou.

- Bom... esse é o Kelvin,  e Kelvin essa é minha mãe!  ...  ele só veio pra fazer um trabalho da escola e já esta indo.

-Megan... olha os modos!  Kelvin você pode ficar pra jantar se quiser. - minha mãe disse tentando ser amigável

Não disse nada apenas saí  da sala e subi as escadas, quando cheguei no topo parei e olhei pra trás percebendo que todos me olhavam.

-sobe logo Kelvin, quero terminar o trabalho o mais rápido possível.- Kelvin deu de ombros e subiu.
Quando chegou do meu lado fez a mesma reverência da escola me dando passagem, caminhamos lado a lado até chegar no antigo escritório do meu pai, uma escrivaninha antiga com um computador, estantes com vários tipos de livros, um sofá preto rústico e uma enorme cortina vermelha.

-quem usava esse lugar?- Kelvin perguntou jogando a mochila no sofá!

-Meu pai!

-e você?

-eu o quê?

-quando usa a sala?

-só quando quero lembrar dele!

-você querendo lembrar... e eu querendo esquecer!

-esquecer o que?

-Nada Meg...  vamos começar?

-claro!

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A Garota das SombrasOnde histórias criam vida. Descubra agora