Eu nunca estive tão perdida e aterrorizada em toda a minha vida.
Não era nenhuma surpresa para mim me confundir ou entrar em pânico facilmente com os acontecimentos que fugiam do meu controle. Como, por exemplo, a vez em que quase tive um ataque de pânico no meio de um parque quando perdi minha irmãzinha de vista, depois da mamãe deixá-la me acompanhar até o carrinho de sorvete que tínhamos visto há alguns metros de onde estávamos fazendo piquenique. No fim das contas, Ariel só tinha chegado ao sorveteiro primeiro, enquanto eu me distraí com algumas crianças brincando no meio do caminho.
Eu sempre me sentia meio idiota por me desesperar em situações que arrancavam risadas dos outros ou não eram levadas tão à sério quanto o fim do mundo que minha mente arquitetava. No entanto, daquela vez, achei apropriado que minha reação fosse entrar em desespero e não saber o que fazer.
Então eu fiz o que parecia ser a decisão mais inteligente: segui o meu porteiro — que, por algum motivo, sabia exatamente por onde ir para chegar até o exterior do enorme prédio.
As pessoas que haviam se reunido na entrada do colégio não estavam mais por ali. Provavelmente, a aula de orientação já tivesse começado e os estudantes tinham sido guiados ao auditório em que ela aconteceria. Meus olhos arderam com lágrimas só em pensar que, se eu não tivesse sido idiota e acompanhado o grupo que o senhor Maxwell indicou, estaria naquele momento completamente segura em um auditório climatizado, ouvindo sobre a minha grade curricular do ano e os clubes da Ridgway, em vez de tentando não ter uma crise de ansiedade enquanto seguia o porteiro do meu prédio para os céus sabem onde.
Nós deixamos as extensões da Ridgway ainda correndo, apesar de atividades físicas não serem muito meu forte — o que me mantinha seguindo era a vontade de me afastar o máximo possível daquela dracaena. Antes de virarmos uma esquina, olhei de soslaio para trás, para os prédios da escola se afastando. Meu peito doeu e as lágrimas formaram um nó apertado na minha garganta. Eu tinha me esforçado tanto para conseguir uma vaga naquela escola. Para garantir a minha mãe que estava tudo bem.
E agora eu estava fugindo de um monstro que nem deveria ter saído dos livros de mitologia grega que eu tinha na estante do meu quarto.
Acima de nós, o céu tinha se tornado uma confusão de nuvens carregadas, embora o sol brilhasse em toda sua glória quando sai de casa com Jared mais cedo. Enquanto seguia o senhor Wilson rua acima, eu conseguia sentir os respingos da chuva, assim como o vento úmido bagunçava meu cabelo e sacudia a saia ridícula do meu uniforme. Algo naquilo me perturbava miseravelmente.
— Senhor Wilson! — chamei pelo homem, minha voz soando um tanto estrangulada. Ele me ignorou e continuou correndo. — Senhor Wilson! Senhor Wilson, por favor, me diz o que tá acontecendo!
Eu não era muito boa em me localizar pelos lugares, mas, quando viramos em outra rua, na direção contrária à qual Jared tinha dirigido pela manhã ao me deixar na escola, tive certeza absoluta que aquele não era o caminho para o prédio onde minha família morava.
— Agora não temos tempo — o senhor Wilson disse, me puxando até um ponto de ônibus em frente a uma cafeteria. — Aquela dracaena não estava sozinha. Tem mais deles vindo.
— Deles? Você quer dizer mais monstros? — perguntei com os olhos arregalados e a voz soando uma oitava mais alta.
Meu coração, que já estava disparado, alcançou um novo recorde de velocidade e eu estava começando a realmente ter dificuldade em controlar minha respiração. Precisei sentar no banco do ponto de ônibus, uma vez que minhas pernas pareciam fracas demais para sustentar o peso do meu corpo.
— É, estão atrás de você — senhor Wilson respondeu, como se estivéssemos falando sobre o que deveríamos almoçar.
Não consegui dizer nada por bons minutos, que usei para respirar fundo e tentar não sair gritando que nem uma lunática pela rua. Cheguei a fechar os olhos e contar até dez, na esperança de que aquilo tudo fosse um sonho realista demais e eu ainda estivesse na minha cama, atrasada para orientação porque não ouvi meu alarme tocar.
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Aurora
FanfictionAurora Mayne tinha apenas um único e simples plano para sobreviver ao ensino médio: seguir todas as normas como uma boa garota até a temida faculdade. O plano corria nos trilhos até o dia em que, em uma aula de orientação em sua nova escola, a garot...