Capítulo 1

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Jimin voltava para seu apartamento a pé todos os dias. Andava cerca de trinta minutos e não se cansava disso. Mesmo sendo um dos professores com o salário mais alto na universidade, o mesmo preferia guardar seu dinheiro a gastar com algo que, claramente, atrapalharia os seus planos.

Naquele exato momento, Jimin passou por um beco. Olhou para dentro dele como que automaticamente e visualizou um homem entregando um pacote suspeito para uma pessoa que ele reconheceu sem sequer olhar duas vezes. Ao chegar na esquina, virou-a e parou. Não acreditava que naquele beco, seu aluno predileto, Jungkook, teoricamente estava recebendo um pacote de drogas. Balançou a cabeça buscando afastar seus pensamentos e retornou ao seu caminho para o apartamento.

Jungkook saiu do beco, respirando fundo enquanto sentia a frustração tomar conta de si. O pacote que carregava no bolso, era nada mais do que remédios contrabandeados para sua mãe, que um contato seu, havia lhe fornecido por um preço justo. Pegou o celular, discando os números do celular de sua mãe.

- Alô?

- Oi, mãe. – Jungkook parou no meio da calçada, apertando o pacote no bolso. – Estou com os seus remédios.

- Meus remédios? Jungkook, eles custam caro, como conseguiu o dinheiro? – A voz de sua mãe soava preocupada, temia pelo o que o filho tivesse se envolvido.

- Com trabalho, claro. Vou levar agora para você, me espere na frente da casa. – Desligou o celular, antes que pudesse ouvir os protestos da mãe.

Pegou um ônibus que levava até a rua mais próxima da casa de sua mãe. Por dentro, Jungkook sentia-se feliz por pode ajudar sua mãe, coisa que seu pai, por mais "esforçado" que fosse, não conseguia.

Jimin chegou em seu apartamento. Pendurou sua bolsa e foi para seu quarto, tirando suas roupas e jogando no cesto de roupa suja. Entrou no banheiro e tomou um banho rápido. Ao terminar, se vestiu e voltou para o quarto, deitando na cama e ligando a televisão. Pegou seu celular e verificou as mensagens do WhatsApp.

"Yoongi's chat"

Yoongi: Ayo Jimin, os caras vão jogar futebol ás 16h, bora?

Jimin: Preciso corrigir uns trabalhos, mas encontro vocês lá.

Jogou o celular na cama e esfregou o rosto. A vontade de ficar na cama era maior que tudo, e foi lá que permaneceu, encarando o teto. De repente, se pegou pensando em Jungkook. Não havia tido qualquer tipo de conversa com o garoto, e apesar disso, não era motivo para não o ter em seus pensamentos e sonhos.

Levantou da cama contra sua vontade e desceu até o lugar que havia pendurado sua bolsa, pegou-a e foi para o sofá, colocando a bolsa na mesinha de centro. Abriu-a e pegou a pasta que continha todos os trabalhos. Corrigiu um por um, fazendo caretas ao ver alguns erros desnecessários nas questões. E de 45 trabalhos, apenas 23 pessoas acertaram todas as questões. Entre essas 23 pessoas, Jungkook estava no meio. E foi impossível para Jimin, não sentir orgulho.

Jungkook desceu do ônibus e seguiu para a casa de sua mãe. Ao virar a esquina, já pode ver que sua mãe o esperava na frente da casa, olhando de um lado para o outro. Chegou mais perto de sua mãe e percebeu o quão abatida a mesma estava.

- Oi mãe. – Jungkook deu um meio sorriso.

- Filho. – Ela sorriu de volta, abraçando-o brevemente. – Você está bem? Está se alimentando direitinho? – Passou as mãos pelo cabelo do filho, bagunçando-os.

- Sim, to bem. – Ele tirou o pacote do bolso, olhando brevemente para a casa. – Aqui. – Entregou para a mãe, que pegou relutantemente.

- Você não está metido com coisa errado, está Jungkook?

- Não, mãe. – Engoliu em seco. – Apenas aceite os remédios.

- Eu juro que se você está metido com coisa errada, eu lhe dou a surra que não dei na sua infância. – A mulher encarou Jungkook ameaçadoramente, que apenas revirou os olhos disfarçadamente, para não receber a tal surra ali mesmo.

- Tá bom. – Atrás da mãe, viu seu pai se aproximando. – Vou indo.

- Tudo bem. – A mulher se aproximou de Jungkook, dando dois beijos em sua bochecha. – Se cuide.

- Você também. – Jungkook suspirou, virando e indo embora.

Jungkook sentia saudade de sua casa, de seu irmão, de sua mãe... menos de seu pai, que para ele, podia morrer ali mesmo.

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