As crónicas de Zé Fernando, conhecido como Zé Nando pelos amigos.
Soldado Português mobilizado em Angola em 1969, em Luacano, perto do Lago Dilolo.
Lá descobrirá que, enquanto houver Portugueses, Angola será sempre Portugal. Passando de um burro, pa...
Zé Nando encontrava-se a dormir, quando repentinamente, dois pacóvios da companhia de engenharia adentraram o camarote, cantando uma canção horrível, cujo Zé não conseguiu identificar.
Zé não ficou contente com isto.
Zé levantou-se da sua cama, e deu uma surra a cada um, deixando-os com a face marcada.
Os dois pacóvios fitaram o grande bigode de Zé Nando, com as lágrimas no olhos, e saíram do camarote.
Agora sozinho, Fernando aproveitou para cofiar o bigode, símbolo de estilo e charme. Tinha uma face engraçada, este Zé, alguns até a considerariam sedutora, de tão peculiar que era.
Mas ninguém quer saber a aparência física de Zé, pois o que faz a personagem, é o carácter!
Mas voltando à história, Zé, depois de ter expulsado os pacóvios, e de ter acariciado o seu bigode, teve de esperar umas valente horas, a olhar para a escotilha, até atracar no Porto de Luanda, onde a sua jornada realmente começaria.
Mas quando atracou, sentiu-se aliviado, finalmente estava em terra.
Luanda era uma verdadeira cidade, cheia de beleza, um grande centro urbano, muito movimentado. Uma das cidades mais desenvolvidas do continente Africano, digna de respeito e admiração. Mas Zé Nando não podia apreciar estar belezas por muito tempo, nesse mesmo dia tinha de começar a viagem de sei lá quantos quilómetros até Luacano, onde ficaria durante 2 duros anos.
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Após fazer umas merdas em Luanda, de seguir ordens, e afins, Zé finalmente entrou no comboio que o levou, a si e à sua companhia, até Luacano.
A viagem foi dura, este calor dava cabo de Zé, que estava habituado ao clima temperado da sua aldeola no Norte de Portugal. Sentiam-se as saudades, saudades do lar, saudades da sua região, saudades do norte, saudades dos campos, saudades da vizinha avantajada, saudades da sua mãe e seu pai, que estariam, muito provavelmente, naquele preciso momento a lamentar a sua partida para a província ultramarina d'Angola.
O tempo passou, e com o tempo, veio o sono, que o fez adormecer, num sono profundo. Durante o sono, sonhou com algo que mudaria a sua vida... Nesse sonho viu Amílcar Cabral, Samora Machel e Agostinho Neto, mortos. Isto despertou algo na mente de Fernando. Ele agora percebi-a, com toda a claridade, que Angola é Portugal! Que o Movimento Popular da Libertação de Angola não passava de um bando de comunas ingratos e traidores.