My Other Half

Be Happy with Yourself

Ginny não conseguia se aquietar desde que se mudou para Vancouver na última semana. Faltavam exatos dois dias para a primeira reunião com o elenco fixo da série. Ela fora a primeira atriz a compor o elenco, pois segundo Adam e Eddy, criadores da nova série da ABC, Ginnifer era perfeita para o papel de Snow White em Once Upon a Time. Quando foi conhecê-los, ambos foram gentis e muito educados com a mesma, também muito fanáticos pela Disney, o que era acolhedor para a mulher, que sempre fora encantada pelo rato mais famoso do mundo e suas produções. Aparentemente, não houve testes para a escolha da atriz. Era Ginnifer Goodwin e ponto, pensou com orgulho de si mesma.

Sentia orgulho de toda a sua trajetória. Suas conquistas e fracassos faziam dela a mulher madura e decidida que era hoje, como não se alegrar com isso? Sempre fora esperta e batalhadora. Sua família era de classe média, sua mãe, uma dona de casa mais do que orgulhosa de sua profissão, era o alicerce da família, sempre prezando pelo bem estar do marido e das duas filhas que tinha. Seu pai era dono de um estúdio de gravações e como a esposa, amava a família mais do que qualquer coisa no mundo. Ginnifer tinha a irmã mais velha, Melissa, como sua melhor amiga desde que se entendia por gente e as duas eram inseparáveis até então. Pois agora, ela (Ginnifer) encontrava-se no Canadá, sozinha e encantada com seu novo trabalho, enquanto Melissa e seus pais ainda estavam no Tenessee. A saudade que sentia de casa já lhe era familiar, porque a lista de trabalhos da atriz, apesar de ser pequena, já contava com filmes de grande sucesso como "He's Just Not That Into You" e "Something Borrowed", que tomaram um bom tempo fora de casa.

Ao acordar pela manhã, imediatamente lembrou-se do compromisso que tinha com a assessora, Amanda, seria em parte dia das garotas e em parte profissional. Era o dia de cortar as madeixas longas e escuras, orientação dada por Adam e Eddy, que precisavam de uma Snow White com um moderninho pixie cut e era isso que faria, confiando a tarefa para a cabelereira de Amanda que era dona de um salão de beleza chique localizado dentro do grande shopping canadense, ou seja, também COMPRAS! Levantou-se da cama quentinha com muito esforço apesar da animação, indo para o banheiro fazer seu rito matinal. Para logo em seguida dirigir-se para a pequena cozinha do apartamento em busca de algo para comer. Não havia nada de bom, então se contentou em descer para um café no Starbucks que ficava ao lado prédio. Arrumou-se rapidamente, colocando uma roupa confortável e quente pois planejava explorar o território até o horário que Amanda prometeu ir lhe buscar. Como era curiosa, andou vários quarteirões e sentindo-se confiante depois de míseros sete dias, adentrava as ruas estreitas sem o menor receio. Até o telefonema da assessora:

- Oiii, achei que você já tinha me esquecido - e fez um bico, sabendo que a amiga imaginaria a sua expressão.

-Oi florzinha, óbvio que não, estava esperando que VOCÊ desse o ar da graça - a mulher do outro lado da linha riu, fazendo com que Ginny também abrisse um sorriso.

- Bom, se for assim, está perdoada. Resolvi dar uma volta pelos arredores, não percebi o tempo passar e agora estou perdida, mas estou em frente à uma loja com uns vestidos caros e do tipo frufru - ela torceu o nariz, fazia mais o estilo street- Whatever, venha me buscar agora!

- Sim senhora e antes de desligar, o tal vestido "frufru" também faz parte da sua personagem, sabia? - disse só para irritar a atriz, encerrando a ligação antes que ouvisse Ginny sussurrar um sincero "merda".

As duas se encontraram na fachada da loja de vestidos frufrus e partiram em direção ao shopping, que por sinal, era enorme. O salão de beleza da amiga de Amanda ficava no segundo andar, que por sorte, era onde tinham estacionado o carro, não demorando mais que dez minutos de caminhada até chegarem lá.

Apresentaram-se e Ginny contou orgulhosa de seu novo emprego e sobre o tipo de corte que deveria ser feito, simpatizou com a dona do lugar e logo as três estavam preenchendo o ar com gargalhadas. Ginny era assim, levava alegria e espontaneidade para onde ia, um raio de sol personificado. Algumas horas depois saiu de local com o coração feliz e a cabeça leve, literalmente. O corte havia ficado magnífico nela e segundo todos que estavam no salão, realçou as belas feições da morena, principalmente o par de olhos verdes que possuía, que ficaram maiores e mais destacados no delicado rosto de Ginnifer. Envergonhada e tímida pela chuva de elogios que recebeu, agradeceu gentilmente a todos do recinto, saindo de lá com a amiga.

Foi um dia espetacular para ela, sua amiga e elas desfrutaram da companhia uma da outra, comprando e rindo das histórias como uma tarde qualquer, fazendo-a relembrar de outras tardes que passara assim com a mulher, que conheceu por acaso durante a faculdade há 6 anos. Eram amigas desde então, e naquele momento, Ginnifer sentia-se grata pela amizade tão linda que havia cultivado.