Prólogo

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Estava tudo escuro, não conseguia ver um palmo a minha frente, estava frio, mas tinha a sensação que mesmo que estivesse de casacos ele não passaria. Vi alguém se aproximando, mas ele estava mais escuro que a própria escuridão.

- Se junte a mim, seremos mais fortes juntos. - Sua voz grossa, a mesma dos outros sonhos, sussurrava no meu ouvido.

- Quem é você? - Eu tive coragem de dizer, mesmo com os arrepios que ele me dava e a sensação de escuridão que ele trazia.

- Sou igual a você minha cara, predestinado. - Ele ainda estava perto demais.

- Não sou predestinada a nada. - disse seca. - E não vou me aliar com você. - Algo dentro de mim dizia que estava fazendo a escolha certa.

- Você vai querida. Ou por bem ou por mal - Ele avisou e sumiu, logo em seguida vejo Agnus caído, ferido e quase morto. Saio correndo em sua direção desesperada. - Isso é o mínimo que poderei fazer se não se aliar a mim, querida! - Ele sussurrou no meu ouvido de novo.

- AGNUS - Eu acordei gritando.

- Senhorita, esta tudo bem? - Minha criada entra em meu quarto. - Santo Uler, aconteceu de novo? - Ela disse assustada olhando em volta, então eu começo a olhar também. Meu quarto está todo revirado, parecendo que um vendaval passou por aqui, e passou, eu. - Dessa vez, esta bem pior, minha senhora! - Ela disse começando arrumar as coisas. - Precisa de algo, uma água, um chá?

- Não, obrigado Helen. Preciso que prepare meu banho, quero ir ver Agnus. - Eu disse me levantando.

- Agora senhorita? - Ela me perguntou estranha.

- Sim, por quê? Algum problema? - Eu pergunto tentando entender o que estava acontecendo.

- É que... Hum... - Ela começava uma frase e parava para pensar, eu já estava ficando nervosa.

- Fala de uma vez Helen. - Eu disse autoritária.

- Agnus sumiu. - Ela disse muito rápida e meu coração parou.

- O que? Como assim? O que aconteceu? - Eu disse nervosa, já pegando umas roupas e começando a me trocar.

- A poucas horas atrás, os guardas foram ao celeiro para alimentar os animais, e ele não estava mais lá. Já procuraram em toda a redondeza do castelo, mas não o encontraram. - Ela me explicou nervosa. - Aonde a senhorita vai? - Ela perguntou quando me viu indo em direção à porta.

- Encontrar Agnus! - eu disse sendo obvia.

- Não vai tomar banho? - Ela me pergunta.

- Não tenho tempo para isso. - Digo fechando a porta e saindo correndo em direção ao celeiro. Ouvi gritos chamando meu nome, mas não quis olhar quem era. Corria o mais rápido que podia, meu coração estava extremamente acelerado, o desespero me consumia, "Que Agnus esteja bem, que Agnus esteja bem", eu repetia na minha cabeça tentando acreditar que era uma verdade. - Onde ele esta? - Eu entrei gritando no celeiro, os guardas me olharam apavorados.

- Estamos procurando senhorita, vamos encontra-lo - Eles disseram tentando me acalmar, mas a única coisa que eu pensava era que o cara dos meus sonhos estava com ele. Sai dali correndo pelos campos do castelo, os guardas corriam atrás de mim querendo me acalmar, mas não ligava para eles, eu queria Agnus, e faria de tudo para encontrar.

Depois de alguns minutos o procurando, me deparei a uma enorme floresta, eu não havia entrado ali ainda, mas assim que pisei dentro dela um arrepio tomou conta de mim. Rapidamente, me lembro do sonho. Aqui pode até estar mais claro, não ser aquela escuridão toda, talvez por causa do sol, mas eu reconhecia esse lugar, embora eu nunca estive realmente aqui, somente nos sonhos. Escuto Agnus gritar e disparo ao seu encontro. Vejo de longe ele caiu e sangue escorrendo de suas costas.

- AGNUS! - Eu grito e logo em seguida corro em sua direção. Sento ao seu lado e começo a chorar, abraçando-o.

- Eu te avisei. - Uma voz me diz quase que em sussurros e a identifico, o homem do meu sonho. Choro mais ainda, nervosa, com medo e preocupada. Agnus se meche ao meu lado e logo se coloca de pé, o que me assusta. Levanto-me e procuro o ferimento que a pouco eu tinha visto e não encontro nada, apenas o sangue que escorreu. O que aconteceu? Embora eu queira saber a resposta, minha felicidade de vê-lo bem é maior, subo em suas costas e começo a cavalgar com um sorriso no rosto.

Era incrível! Anda em meu cavalo, sentir o vento bater em meu rosto. Solto a clina de Agnus, abro os braços e olho para o céu, que agora esta nublado, avisando que a chuva estava chegando, o que é meio estranho, nunca chove nessa época do ano, mas eu não ligava, amava a chuva. Sinto as gotas começar a cair e acelero o passo de Aguns, não para chegarmos mais rápido em casa, mas para que eu sentisse mais, mais vento, mais chuva, mais a natureza.

A Escolhida De UlerOnde histórias criam vida. Descubra agora