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Belrod planava em seu companheiro Tesahti, um dragão da montanha, observando a beleza da vegetação que crescia ao redor dos campos da Grande Árvore.

Em todo o continente de Blueoaken a paisagem era encantadora aos olhos de qualquer criatura que a visse, e segundo as lendas passadas de geração em geração, aquele era um dos motivos pelo qual os habitantes de Redsun sempre ansiaram atacar e tomar Blueoaken para eles.

Uma recente previsão de um dos 12 sábios fora o motivo para tal alarde, o que influenciou fortemente ao aumento da demanda de elfos guardiões para a população e principalmente para a Grande Árvore, de onde nasciam os frutos misteriosos, nos quais apenas os 12 sábios tinham acesso para manter o equilíbrio de Blueoaken.

Como já acontecera ha tempos atrás, os elfos sombrios de Redsun tentavam a todo custo chegar até a Grande Árvore, para monopolizar todos os elfos do continente e transformá-los em escravos do mal.

Belrod fora convocado para vigiar o bosque, que cercava o derredor da Grande Árvore, o que o deixou demasiadamente orgulhoso e preocupado ao mesmo tempo. Aquela era uma tarefa muito importante, mas ao mesmo tempo era quase como um suicídio devido às ameaças.

Ainda assim o orgulho predominava sobre o medo, e não restavam dúvidas da coragem e da valentia do jovem elfo guardião.

- Tesahti, devemos parar. Sinto que a brisa deste lado do bosque está diferente. O bosque está me dizendo que algo está fora do normal. - Belrod fala para seu dragão, que mesmo sem responder, parecia entender o que seu destemido amigo lhe falara.

Tesahti finalmente pousa em um solo da terra onde havia muitas flores azuis, predominantes naquela área e em boa parte do continente. Belrod desce de seu amigo dragão e respira fundo, notando que eles não estavam sozinhos.

Algo fez com que o coração do elfo guardião batesse mais forte, e o medo queria aparecer, mas em uma batalha interior, Belrod venceu a si mesmo e observando atentamente aquela parte do bosque, olhou para a direção de onde sentia que havia algo errado.

- Tesahti, fique. - Belrod ordena a seu dragão - Quero que você regresse a vila dos guardiões caso eu demore a voltar. Traga-os aqui, sinto que há algo errado e nós podemos impedir. Não deixarei que os Vermelhos Sombrios destruam nosso povo.

Tesahti permaneceu quieto, mas como um animal inteligente que era, faria o que seu amigo lhe pedira, mesmo que não falasse, ele daria um jeito de ajudar Belrod.

Belrod depositou uma pequena flor azul escuríssima em uma bolsa e contornou o longo pescoço de Tesahti com a alça da bolsa. Aquela flor era um símbolo de ajuda, caso seu dragão precisasse voltar para a vila, seus companheiros entenderiam o recado.

Belrod deu as costas para Tesahti e concentrou-se no bosque e nos sinais que lhe estava emitindo. Seguiu em uma direção onde notara que o cheiro estava diferente e podia perceber o medo que as árvores estavam sentindo. Cuidadosamente o guardião se desvencilhava por dentre a mata e em dado momento sentiu um terrível susto.

Um objeto totalmente desconhecido estava aos pedaços no chão ao lado de uma copa destruída de um pequeno carvalho. Aquilo parecia algo muito complexo de ser construído e não parecia ter vindo da natureza, o que fez um arrepio doloroso subir pela espinha do elfo.

Chegando mais perto, ainda temeroso, checou o objeto e notou que teria espaço dentro do mesmo, suficiente para um ou dois pequenos elfos. A natureza emitia ondas de desespero, o que deixava Belrod assustado.

Abismado com tudo o que estava observando, foi surpreendido por um ser até então desconhecido e que lhe chamou a atenção por seu cabelo escuro e seus olhos quase no mesmo tom.

Todos os elfos de Blueoaken possuíam a pele demasiadamente branca e o cabelo azul, com olhos da mesma cor. Aquele ser na frente de Belrod era assustadoramente belo.

- Pare! - ordenou o destemido guardião empunhando sua espada - Seja o que for que estiver tentando fazer, não obterá êxito.

- Não tenho medo de você! - fala o ser que provavelmente era uma fêmea, embora seu corpo contrariasse suas palavras de coragem.

- O que você é? - Belrod notou que ela não era de sua espécie, embora tivesse traços físicos semelhantes, ela ainda era diferente de qualquer elfo já visto. Belrod estava encantado com ela, e o que o deixou ainda mais espantado foi quando notou no formato redondo das orelhas daquele ser. Ela não pode ser uma humana, pensou ele.

Assustada, ela não respondeu a pergunta e encolheu-se, agarrando um pedaço metálico do objeto destruído, tentando proteger-se.

- Não te machucarei - Belrod baixou a guarda, mesmo sabendo que não era prudente, guardou sua espada. - desde que você prometa que fará mesmo.

Olhando nos olhos castanhos e brilhantes daquele ser, sentiu algo estranho dentro dele. Mesmo sem entender o que estava acontecendo, ele sentia uma incrível afeição por ela.

Embora estivesse assustada, ela observava a bela aparência do elfo a sua frente. Seus cabelos azuis como o céu da Terra, pele alva, olhos como topázios azuis e orelhas pontudas. Era encantadoramente belo.

- Você é uma humana? - Belrod aproximou-se cautelosamente dela, que levantou seu objeto metálico protegendo-se. - O que faz aqui?

- Sim, sou humana. - afirmou, sem desviar a atenção dos belos olhos do guardião. - Tive problemas com minha aeronave.

Antes que qualquer um dos dois pudesse pronunciar qualquer outra palavra, um estrondo ensurdecedor assustou-os, fazendo olhar na direção de onde o vinha. Um elfo alto e com cabelos vermelhos como sangue fresco surgiu cambaleando, mas assim que viu as figuras paradas o observando, tornou a ficar ereto e parado, em posição de ataque.

- Parados! - bradou o cabelo de sangue, observando os dois. Seu olhar curioso pousou sobre a humana, o que incomodou Belrod, que sentia um imenso anseio de protegê-la. - Uma humana? Acho que obteremos grandes coisas tomando o continente de Blueoaken.

- Você não conseguirá tomar nosso continente! - Bradou Belrod com veemência. O elfo do continente vermelho riu maquiavelicamente e soltou um ruído parecido com um chamado. Dentre a vegetação verde e azul emergiram mais dois elfos semelhantes, ambos empunhavam espadas e possuíam um porte ameaçador.

Atento em cada movimento daqueles Vermelhos Sombrios, Belrod quase se esqueceu da humana assustada que escondia-se atrás dele, isso até o momento em que ela segurou com força o braço dele. Belrod conseguia sentir todos os anseios dela através daquele simples toque e notou como ela estava com medo.

Os elfos de Redsun avançaram ferozmente contra eles, que estavam acuados. Belrod nunca perdera uma batalha, mas o medo daquela humana estava afetando-o e além do mais, eles estavam encurralados.

Belrod não poderia render-se, não sem dar o melhor de si por seu povo.

Nos poucos minutos seguintes o que se ouvia era o tilintar das espadas em uma dança que parecia coreografada por um mestre, palavrões vindos dos Vermelhos Sombrios, respirações ofegantes e tudo isso no meio de um terrível silêncio da floresta.

Um dos elfos de cabelo vermelho atingiu a humana com um golpe desferido por seu próprio punho, pois a garota já havia o desarmado segundos antes. No chão ela defendeu-se com um chute que fez o elfo ruivo cair no chão.

Poucos metros dali, Belrod lutava contra dois elfos, que disputavam bravamente. Mesmo sendo treinado como guerreiro, o guardião estava com dificuldades para derrubar aqueles elfos, e foi atingido pela lâmina da espada do elfo com cabelos cor sangue e cambaleou para trás, apoiando-se em uma árvore.

A Batalha de BelrodOnde histórias criam vida. Descubra agora