Capítulo 1- I Don't Even Know Your Name

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Then the crowd came

And pulled you away

And then you were gone

And I don't even know your name

All I remember is that smile on your face

And it'll kill me everyday

'Cause I don't even know your name

> I Don't Even Know Your Name, Shawn Mendes.

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Jasmine Martinez

Já tinha desistido há muito tempo de tentar adormecer quando a minha mãe bateu à porta do meu quarto, com força.

-Acorda Jasmine! – gritou. - O autocarro deve passar por aqui numa hora!

Desde as quatro e meia da manhã que tinha decidido que não valia a pena tentar adormecer, pois toda a ansiedade que sentia dentro de mim não o permitia. Hoje seria o primeiro dia de aulas na nova escola, e digamos que estava bastante nervosa, pois sabia que quando descobrissem de onde eu vinha – o que iria acontecer mais tarde ou mais cedo - iria ser alvo de chacota e de brincadeiras de mau gosto. Mas infelizmente é algo a que já estava habituada.

Tentei descontrair e levantei-me da cama de um salto, e dirigindo-me para a casa de banho para me preparar para a escola. Sentir a água quente a cair no meu corpo fez-me relaxar um pouco mais. Esperava sinceramente que conseguisse fazer amigos desta vez, e que durassem mais tempo do que os outros, pois, de cada vez que finalmente sentia que estava integrada nalgum grupo de amigos, era forçada deixá-los para trás e a mudar de cidade. Já tinha perdido a conta às vezes que isso tinha acontecido, e esperava que desta vez fosse diferente.

Depois de já estar vestida e arranjada, peguei na mochila e olhei para o relógio que trazia no pulso. Senti o nervosismo a aumentar ao ver que faltava menos de uma hora para as aulas começarem.

Entrei na cozinha e senti logo o cheiro do café fumegante que a minha mãe estava a preparar, e, depois de me dar os bons dias, serviu-me uma chávena cheia.

-Então, pronta para o primeiro dia de aulas na escola nova? – perguntou-me com entusiasmo, o mesmo com que me perguntara da primeira vez em que tivera de mudar de escola, e na segunda, e na terceira... Não sei se era um entusiasmo genuíno ou se estava a penas a fingir para me encorajar, ou até mesmo para se encorajar a ela própria, porque sim, era preciso coragem para voltar a passar por tudo de novo, uma vez, outra, e outra...

-Sim, acho eu... - respondi, sussurrando esta última parte, e achei que ela não tivesse escutado.

-Jasmine, logo, quando as aulas terminarem vais ter de vir a pé para casa, ou então apanhas outra vez o autocarro, porque, como sabes, nós chegámos à pouco tempo a Nova Iorque e ainda não tivemos oportunidade de tratar de arranjar um carro, nem que seja alugado. A vida não está fácil.

Assenti com a cabeça, mas não pude deixar de pensar que a vida não estava "fácil" principalmente por culpa do meu pai. Ás vezes pensava se a nossa vida não seria muito mais fácil sem o meu pai, mas depois era inevitável não me sentir culpada por pensar isso, afinal, apesar de tudo, era meu pai.

Continuei a beber o meu café enquanto via as notícias na televisão. Os meus pais desde sempre – por causa das suas nacionalidades - que faziam questão que um dia víssemos os noticiários mexicanos, e noutro dia os noticiários colombianos. Hoje era a vez do mexicano.

Estava outra vez a ser retratada a notícia de refugiados que tinham tentado atravessar a fronteira do México com os Estados Unidos, mas tinham sido apanhados e reportados outra vez para o seu país. Ultimamente eram muitos os casos em que isso acontecia, e sentia sempre uma enorme angústia por essas pessoas, porque eu própria já tinha passado por isso, ainda que no meu caso não tenhamos sido apanhados pela polícia.

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