AUDREY; Eu sei o que você fez no verão passado

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Terça-feira, 26 de Julho, 23:25

Ficar sozinha em uma sala de cinema poderia ser uma das coisas mais assustadoras do mundo. Pego a vassoura de madeira que havia ao lado da porta de saída e varro as fileiras cheias de pipocas. Provavelmente toda a sujeira havia sido feita devido aos sustos que o filme proporcionava aos telespectadores. Estúpida. Lakewood era incrivelmente estúpida. Seis meses se passaram desde que Piper Shaw, uma jornalista louca, chegou na cidade e começara a matar pessoas inocentes em busca de vingança e todos agiam como se nada tivesse acontecido. Apenas fizeram um filme inspirado na cidade chamado "Assassilândia" e seguiram suas vidas normais, apontando e observando cada passo dos "6 de Lakewood", os qual eu fazia parte. Era incrível o gosto das pessoas por tragédia. Faço um montinho de pipoca e as junto com a pá que ficava pendurada na vassoura. Levo-as até o lixo e saio da sala de cinema, trancando sua porta.

O lugar não era grande coisa, apenas uma recepção colorida em vermelho e branco, como num circo, e uma grande sala de cinema que de 15 em 15 dias alternava entre filmes modernos e clássicos do cinema. A grande estreia da vez era o filme inspirado nas últimas mortes que Lakewood adicionou à sua lista sangrenta.

Vou até o balcão da recepção no qual servia também para compra de doces e a escolha da sua pipoca mágica. Cato as poucas pipocas que haviam caído no chão pelo processo da pipoqueira e ajeito os doces que estavam esparramados pelo balcão. "Beep" meu telefone toca anunciando uma nova mensagem de um número desconhecido.

"Eu sei o que você fez no verão passado, e acredite, você vai pagar."

Meus olhos correm pela recepção do cinema tentando identificar o dono do que provavelmente seria uma brincadeira de mal gosto. Ninguém. Outra mensagem chega.

"Acha que é uma brincadeira ? Estou sendo mortalmente sério, parceira."

"Quem é você ?"

"O amigo de uma amiga sua. Piper Shaw. Eu sei os segredos sujos que você guarda."

"HAHA' Engraçado. Dê o fora, babaca!"

Boto o aparelho no bolso de trás de minha calça, pego as chaves do cinema e saio. Tento achar o responsável pela brincadeira, mas a rua está deserta, há apenas meu carro estacionado em frente ao cinema. Ring, ring, ring. Meu celular toca fazendo com que eu me assuste.

"Alô ?"

"Hey, assassina. Afim de dar uma volta?"  Uma voz estranha fala do outro lado da linha

"É melhor você parar ou eu vou ligar para a policia."

"Ótimo, assim eu mostro todas as cartas que você escreveu para a Piper e temos uma nova suspeita no caso. É melhor você me escutar." A voz firma um tom ameaçador

"O que você quer?"

"Você vai saber. Encontre-me no depósito da cidade, tenho algo interessante para você. Número 5." A ligação acaba.

Entro no carro e logo começo a dirigir. Olho para todas as esquinas que passo certificando-me de que não há ninguém me seguindo. O que estava acontecendo? Quem estava me ligando? O que um maluco tinha para me mostrar na grande "garagem" de Lakewood?. Infelizmente estas não eram as coisas que mais me preocupavam. Eu nunca fui uma das pessoas mais corretas, e depois de tudo que aconteceu... O desgraçado sabia algo sobre meu passado. Sabia sobre meu envolvimento com a Piper, e se isso fosse revelado, eu seria mais uma condenada. Se a Emma ou qualquer um de meus amigos descobrissem... Eu tinha que impedir, mesmo que isso significasse acreditar em um estranho.

Chego em meu destino. O grande depósito de Lakewood é nada mais que um lugar cheio de "mini-garagens" para as pessoas guardarem coisas que não querem mais em casa ou que simplesmente consideram inúteis, mas não o suficiente para se desfazerem delas. O lugar é escuro e protegido por cercas e um pequeno portão de ferro, tendo 4 fileiras de construções quadradas e acinzentadas. Pulo o portão e corro pelas fileiras procurando a garagem de número 5. Cada construção tem uma porta protegida por um cadeado, um número em cima e o nome de quem a pertence. 7...6...5! Encontro o gigante número 5 e o nome de Jake Fitzgerald ao seu lado. Jake. Eu sabia. Isso era apenas mais uma brincadeira do escroto do Jake. Meu celular anuncia uma nova mensagem.

"Entre."

"Jake, este tipo de brincadeira não tem graça! Você me assustou." Grito esperando Jake surgir com sua voz irritante e boba, rindo de mim e especulando coisas, mas não há nada.

Tiro o cadeado já aberto e jogo-o no chão. Abro a porta do depósito e um cheiro pútrido invade minhas narinas. Algo estava apodrecendo dentro daquela garagem. Ligo a lanterna de meu celular tentando iluminar o local onde estranhamente há só um monte de saco de lixo no fundo e árvores de natal feitas de papelão penduradas por cordas no teto. Me aproximo dos sacos de lixo desvencilhando-me das árvores que batem em meu rosto interferindo na passagem. O cheiro fica mais forte e a sensação de enjoo começa a tomar conta de meu corpo. Fico de joelhos em frente aos sacos e começo a tirá-los de cima do que parece estar provocando o fedor. Meu corpo estremece. O cheiro parece ficar mil vezes mais forte e lágrimas começam a e escorrer de meu rosto. Sob os sacos de lixos encontra-se o corpo estripado de Jake. Levo minha mão até a boca e corro para fora do depósito em desespero. Desligo a lanterna de meu celular e vejo que há uma nova mensagem.

"Gostou, do presente, parceira?"

Segunda feira, 1 de Agosto,  17:30

Em questão de segundos o anfiteatro da escola se torna um caos. Pessoas correm e gritam de um lado para o outro em desespero. Brooke está parada no centro do palco em estado de choque depois de gritar e chorar pelo namorado morto. Seu lindo vestido branco agora estava encharcado pelo sangue de Jake e uma parte do intestino do mesmo está enrolado em seu pescoço.

"Audrey!! Audrey!! Vamos, temos que sair daqui!" Diz Noah enquanto me puxa para multidão

"A Brooke, eu tenho que..." Minha fala é interrompida pelo som do meu celular. Nova mensagem.

"Não conte nada a ninguém, ou eles saberão sobre sua visitinha, assassina." Junto da mensagem há uma foto minha ao lado do corpo de Jake na noite em que fui ao depósito.

"Todos para a biblioteca, estamos interditando esta escola!" Ouço a voz do xerife ordenando nosso caminho.

"Audrey, o que foi?" Noah me puxa com mais força

"Nada..." Guardo o celular e sigo para a biblioteca

Somos levados até a biblioteca junto de todo o resto da escola. A policia estava investigando cada aluno presente e revistando todas as bolsas e armários. O pessoal da biblioteca está inquieto. Uns choram e outros especulam sobre o que teria acontecido com Jake. Estamos encostados na parede em frente a uma prateleira enorme cheia de livros de ciência que dizem "O corpo humano". Bem apropriado para o momento. Emma chora nos braços de Kieran enquanto Zoe, Eli, Stavo e Noah observam os outros.

"O que você acha que está acontecendo?" Pergunto para Noah

"O cúmplice da Piper está terminando o seu trabalho, como eu disse antes... Agora temos a prova viva. Quer dizer, morta."

"Mas qual o objetivo dele? Apenas matar ?"

"Não... Se fosse apenas isso, ele não teria feito a revelação de forma tão teatral. Talvez ele tenha mais coisas para mostrar..." Puxo Noah para um canto reservado

"Olha, um estranho vem me ligando e me mandando mensagens há dias e eu tenho ignorado..." Um policial entra e começa a revistar as mochilas. As pessoas protestam

"Que tipo de mensagem?"

"Nada demais... Coisas como "eu sei o que você fez" e "você vai ver, hahaha"  Noah faz uma careta

"Okay, isso é bem estranho."

"Noah... Eu tenho que te contar uma coisa..." Um celular começa a tocar. O policial que estava revistando as mochilas pede silêncio e em poucos segundos o único som que se escuta é o toque do aparelho.

"Está vindo da minha." Emma se afasta de Kieran e junta a mochila do chão, pegando o celular que tocava freneticamente. "É do Jake... Este celular é do Jake."

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⏰ Última atualização: Jul 22, 2016 ⏰

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