1° Cápitulo: Primeira vista

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- 11 de abril, 1989. Eu morava em um lugar onde nunca chovia, nunca nevava, nunca tinha sol ou lua, era apenas a escuridão da minha mente. Ainda tenho 8 anos, não tenho amigos na escola, sempre estava sozinho, mas isso não me importa... só ela precisa me notar em meio a esse mundo frio.

Dia 1: Cortar o cabelo

  -Mãe: Adam, olha só o tamanho de seu cabelo, você esta parecendo uma menina. Agora vá pedir dinheiro ao seu pai para cortar o cabelo!
  -Pai: Eu ouvi, Adam. Tome, aqui está o dinheiro.
  - Fui ao salão, não sabia oque pedir, então falei: Moça, preciso de algo que faça a garota da minha escola me notar.
  A mulher sorriu e logo começou a cortar meu cabelo, e cara... eu não imaginva que era tão ruim cortar o cabelo, tenho sensação de arrependimento a cada fio de cabelo que toca o chão. Finalmente o corte acabou, a moça girou a cadeira e me pediu que abrisse os olhos e cara... eu tava parecendo um cantor famoso, de uma nova época, sem aqueles longos cabelos de rockeiro, eu me senti... adulto.

Dia 2: Enfrentar a escola.

  -Estou me perguntando porque estão todos rindo, são todos tão feios, cheios de sarda e piolhos, será que pela primeira vez estão sentindo inveja de mim?
   -Entrei na sala e lá estava ela, cabelos longos vermelho, um pouco de sarda de um jeito que eu gostava e olhos verdes... eu só queria saber se ela me notou.
   -Entrei na sala e sentei ao lado dela e mais uma vez vi ela respirar fortemente ao mesmo tempo que eu me sentava, ela parecia estar puxando o meu perfume, mas eu não sabia como reagir, então simplesmente dava uma respirada bem rapida e sentia o cheiro do perfume dela, as vezes respirava tão rapido que meu nariz assoviava, talvez seja o nervosismo.
  -As horas se passavam, a professora falava e eu não escutava nada, só escutava meus pensamentos rodiando o quanto Katarina era bonita.
  - O intervalo começou, fui ao parque naquele frio, rodiado de neve e me sentei no balanço sozinho, como eu sempre fazia, mas dessa vez foi diferente... algo acontecia, eu podia ouvir garotas em minhas costas falando de mim e de repente, passos mergulhando na neve em minha direção, era Katarina... ela se sentou ao meu lado no balanço e olhou para o céu.
  -Katarina deu um leve sorriso e disse: Você não acha triste, quando a chuva cai do céu?
   -Eu congelei, não sabia oque dizer, só pensava o quanto era doce o som da voz dela... mas respirei fundo, senti minha boca esquentar e perguntei: Porque seria triste?
  -Katarina respondeu: Elas estão tão perto do céu, e não conseguem subir mais, chegam em seu limite, caem e morrem, dando vida a esses matos que atrapalham a beleza da neve.
  -Eu respondi que a chuva era a melhor coisa que poderia acontecer, é nela que se encontra a vida, é ela que nos faz viver assim como esses matos.
  -Ela parou de olhar para o céu e começou a olhar para mim, disse que eu estava diferente e ela tinha gostado do meu cabelo.
  -Então ela se levantou, disse que nos vemos por aí e correu em direção às amigas dela.
  - No final do dia, em direção a minha casa no ônibus, eu estava olhando para a janela e sorrindo, pensando no que ela me contou sobre a chuva.
  -Cheguei em casa, ajudei a fazer a janta, sentamos à mesa e oramos agradecendo a refeição... terminei de comer e subi para o quarto mais cedo, eu precisava dormir mais cedo para acordar logo e ir para escola, ver Katarina novamente com aqueles cabelos vermelhos ao vento.
  - Quando o ônibus chegou a escola, algo de diferente tinha acontecido, todos estavam em frente a escola junto com os professores, era Katarina...
  - Katarina tinha sofrido um acidente de carro em direção a escola e estava no hospital.
  - liguei pro meu pai, pedi para ele pegar a caminhonete e chamar o vizinho com caminhão de limpar neve para ajudar no caminho, eu precisava ver Katarina.
  -Quando cheguei ao hospital, meu pai falou com a enfermeira, ela nos deixou entrar mesmo eu sendo de menor, pois meu pai disse ser tio dela e eu primo.
  -Quando entrei no quarto lá estava o pai de Katarina sentado em uma cadeira, conversando com Katarina ali deitada sobre uma cama.
  -Que alívio... Katarina estava bem, só machucou a cabeça e desmaiou com o susto. Então ela olhou para mim e disse: Adam? É você mesmo? Oque faz aqui?
  -Eu não sabia oque dizer, então meu pai colocou a mão sobre meu ombro e respondeu a ela: Ele me ligou desesperado, pedindo para traze-lo aqui porque você tinha sofrido um acidente.
  -Eu pensei: Oh pai, porque o senhor disse que eu tava desesperado, isso é detalhe demais.
   - Mas Katarina sorriu, e disse: Obrigado por estar aqui Adam.
   - Eu pensei: Ela ficou feliz mesmo com minha presença, ela se importa comigo.
  -Naquele dia ela recebeu alta do hospital, pediu ao pai dela que ele deixasse eu ir com ela para casa, depois meu pai iria me buscar na casa dela, e o pai de Katarina deixou, meu pai deu uma carona para todos até a casa de Katarina, pois o carro dela não estava funcionando e já era caminho para minha casa.
  -Sentamos sobre a mesa e todos começaram a comer, eu olhei para todos, fechei os olhos e orei pela comida sobre a mesa e em pensamentos orei pela saúde de Katarina.
  - Ouvi silêncio e senti uma mão quente puxando meu braço, abri os olhos e todos estavam de olhos fechados e de mãos dadas, era Katarina puxando-me para fazer oração junto a mim. Após agradecermos a oração, ouvi o pai de Katarina dizer em voz alta: Agora continuando a oração que Adam estava fazendo pela saúde de Katarina: Obrigado também senhor, por ela estar aqui em casa do nosso lado, por estar viva e ter ganhado um novo amigo, amém. ( E todos repetimos: Amém. )
  - Eu me perguntei, como ele sabia que eu estava orando por Katarina? Mesmo com o acontecimento era impossível, pois eu estava agradecendo em voz alta por aquela refeição.
  - Katarina pegou minha mão e me levou para o quarto dela, disse ao pai dela que eu dormiria na casa dela essa noite e o pai dela ligou para meu pai avisando e meu pai permitindo.
  - Sentamos sobre a cama um frente ao outro, de pernas cruzadas e Katarina me disse algo que eu não conseguiria acreditar se outra pessoa me dissesse.
  -Katarina: Sabe como meu pai sabia sobre sua oração? Ele consegue ler mentes.
  -Eu sorri, disse: Sério? sei... e você também ler?
  -Ela sorriu e disse: Sim, eu herdei e sei o quanto você queria falar comigo, o quanto queria que eu notasse seu cabelo, o quanto você gosta do meu perfume, cor do meu cabelo e até mesmo das sardas em meu rosto. E quero que saiba que isso tudo é recíproco, gosto de tudo em você também, mas se você tivesse sardas, não combinaria com seu cabelo preto.
  - Eu congelei, não sabia oque dizer, não sabia oque pensar, e eu não conseguia parar de olhar para o sorriso dela.
  - Ela sorriu e disse: Tudo ao seu tempo.

O dia se passou, os meses se passaram, 6 anos se passaram e minha vida só fazia ficar melhor, conheci várias amigas e amigos de Katarina, vivemos varias experiências juntos e eu todas noites quando me deitava, pensava que algo estava faltando naquele dia, mas não sabia oque... Eu e Katarina temos 14 anos, e todos os dias ainda sinto que falta algo, mesmo com tudo aquilo de ler mentes que nos fez passar por várias situações, desde colar em provas até espalhar segredos dos outros, algo faltava, e eu sabia que Katarina sabia oque era, pois ela sempre olhava para mim e dizia: Tudo ao seu tempo.
  Afinal oque aquilo queria dizer?
  -Até que um dia refleti sobre se tinha algum nivel alem da amizade, e se existisse, como chegar nele?

    25 de Julho, 1993

Capítulo 2: O primeiro Beijo

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