Make It Rain

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Flashback On

Quando eu tinha oito anos de idade, gostava de ficar assistindo desenhos na casa da minha avó, nas tardes ficava sentada no grande sofá, logo afrente de uma grande TV, onde maioria das vezes assistia Bob Esponja ou show dos Looney Tunes. Na maioria das vezes que eu assistia, eu estava sozinha, minha avó geralmente estava assistindo suas novelas ou dormindo, meus primos estudavam de tarde e meu irmão também, então não estavam comigo, e meus pais estava no trabalho.

Mas houve uma tarde diferente de todas. Não totalmente, eu estava sozinha, meus primos na escola, meus pais no trabalho, e minha avó, bem, minha avó, naquela tarde disse-me que teria que sair, iria ao médico. Então de fato estaria sozinha, totalmente.

Eu estava na sala, lembro que o céu estava cinza, e as nuvens bem juntas num tom quase preto, minha avó disse que tentaria volta antes da chuva, pois ela tinha certeza que iria chover. Estava assistindo Bob Esponja, sentada do sofá ao lado direito da sala, onde havia três sofás, o sofá qual estava era grande e comprido com espaço para três pessoas, se estivessem sentadas corretamente.

Então começou a chover fortemente alguns minutos após minha avó ter saído.

Lembro que estava tão distraída que nem sequer o vi entrar. Lembro dos seus olhos grandes e brilhantes, tão frios quanto o tempo. Lembro de dizer para ele ir embora. Lembro de o ter empurrado. Lembro das suas mãos geladas e grandes, queimando e rasgando minha pele. Lembro dos elogios que soavam tão horrendos aos meus ouvidos pela sua voz grave e seu cheiro de álcool. Lembro que ele tirou meus óculos e os colocou na janela. Lembro dos raios e dos trovões, dos clarões, o som da água no telhado. Lembro da dor infinda que sente quando ele colocou algo em mim.

Dentro de mim.

Então tampou meus olhos e sussurrou.

-Vai doer apenas um pouco.

Lauren P.O.V

A chuva que caia lá fora, era sentida por mim. Dentro de mim.

Os raios lá fora, lançavam uma forte luz dentro do cômodo, mas não havia luz dentro de mim, os estrondos dos relâmpagos, ecoavam para dentro da minha mente, me fazendo tremer, as gotas grossas que se jogavam no vidro de janela, eram como as gotas de suor escorrendo pelo meu rosto, meus óculos estavam embaçados, minha respiração pesava.

"Merda! Eu estava tendo uma crise".

Meu corpo se encolhia na parede. Sentia-se dentro do quarto um frio extremo, eu puxava mas as mangas do suéter que usava.

Respire,respire,respire,respire...

Meu subconsciente repetia.

Feche os olhos, e respire, solte o ar e o puxe novamente...

Assim o fiz, fechei meus olhos com força, e respirei e inspirei.

Foi quando uma voz infantil cortou um grito de um dos trovões da tempestade lá fora.

-Você nunca consegue. – fechei mais meus olhos. – É engraçado que quanto mais você tenta, pior fica.

Abro meus olhos, apenas um pouco.

Então fito a pequena garota de cabelos escuros e longos, com uma pequena franja, ela estar sentada na cama, com as penas para fora e as balança levemente, ainda sim vejo alguns marcas roxas pequenas pela sua pele pálida, ela vesti uma jardineira branca, e por dentro uma blusa de mangas cortadas pretas, e calça uma pequena bota também preta, sua pele branca, e suas bochechas e os olhos verdes brilham por trás das grandes lentes dos óculos.

Souls Of SymmetryOnde histórias criam vida. Descubra agora