My dog. My brother.

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10 anos depois...

O campo de batalha por esta altura estava em silencio total. Corpos mutilados, cabeças decepadas, rios de sangue e a lua no seu anunciando o fim de mais um dia.

As tropas do rei de Narmo foram destruídas, nem um homem vivo para contar a historia, mas em breve ele enviaria mais homem para o combate e eles teriam que aproveitar todo o tempo que lhes restava para descansar e, mais importante, para festejar.

No acampamento, musicas alegres eram cantadas por vozes bêbadas à volta da grande fogueira. Todos os homem estavam sem as suas armaduras e sem as suas armas por perto. Não temiam um ataque surpresa, pois sabiam que a sua rainha os protegeriam. Embora ela fosse o demónio encarnado em mulher, ele protegia os seus, enquanto estes lhe fossem necessários e todos eles sabiam que eram necessários naquele momento.

A rainha encontrava-se na sua enorme tenda, sentada, quase deitada encostando as suas costas e a sua cabeça coroada gentilmente contra a cabeceira da cama baixa que era revestida por lençóis de cetim vermelhos. Na sua mão direita encontrava-se um cálice dourado feito com o ouro roubado ao rei de Durl, o reino dos anões do sul, que agora se encontravam todos com as suas cabeças decepadas e o seu sangue possivelmente ainda escorrendo pelas colinas e minas que eles tanto amavam e presavam. Na sua mão esquerda, se encontrava a cabeça do capitão da guarda do batalhão vencido, Ulbow ou Guerreiro da Justiça, como também era conhecido.

O sangue da cabeça do capitão escorria pela mão e braços de Berenice e gotas solitárias caiam sobre o vestido negro da rainha, o que deixava uma mancha ainda mais escura na sua vestimenta. Os buracos onde deviam estar os olhos co capitão ainda se encontrava com o nervo óptico que balançava e girava sempre que a rainha movimentava a cabeça.
- Senhora? - Um homem alto, bem vistoso e com um forte cheiro a álcool entrou no quarto.
-General. Já o tinha chamado faz dois minutos. Porque demorou tanto? - Perguntou Berenice com a sua voz serena, característica que tinha herdado da sua morta, e muito bem morta, mãe.

- Eu...Eu apenas peço perdão, minha rainha. - O homem correu para junto da cama e se ajoelhou, falando com uma voz tremula.

- Tudo bem, eu estou de bom humor hoje, general. - Ela colocou o cálice sobre uma pequena mesa do lado da cama e passou uma das suas compridas unhas no pescoço do homem ali ajoelhado. - Poderia, por favor, trazer o meu cachorro?

O homem se levantou e saiu apressadamente, voltando minutos depois com um homem nu ajoelhado no chão, preso por uma corda grossa enrolada no seu pescoço. O seu aspecto era horrível. O seu cabelo ruivo estava sujo, os seus joelhos sangravam de tanto serem arrastados pelo chão tal como as suas mãos e o seu corpo estava coberto por hematomas. A rainha se levantou e o homem se sentou no chão como se fosse um verdadeiro cachorro amedrontado. Os seus olhos verdes eram baços, como se uma película de fina areia estivesse os cobrindo levemente e o seu olhar transmitia profunda melancolia e cansaço.

- Ari, meu querido irmão. - Berenice andou lentamente até o homem ruivo ali sentado e acariciou os seus cabelos sujos. - Você tem sido um otimo bichinho, meu amor. - Ela desceu a mão para o rosto do irmão e acariciou o seu rosto marcado por feridas. - Sei jantar. - Ela depositou a cabeça no chão e logo o homem esfomeado se debruçou sobre ela e começou a morder a sua pele e a sua carne como um verdadeiro animal faminto.

Berenice puxou os cabelos do irmão, fazendo com que ele se afasta-se do seu bufe, o que arrancou rosnar do fundo da garganta daquele ser. Colocou a sua mão direita na frente do rosto de Ari e o mesmo começou a lamber, ofegante, o sangue seco que estava na mão e no braço da rainha.

Depois de terminado, ela largou a sua cabeça, deixando que o mesmo voltasse a se debruçar sobre a cabeça e se aproximou do general, limpando a baba na sua roupa. Começou por passar o braço pelo peito do general até começar a descer até as partes intimas do homem, que, mantendo a postura, apenas fechou os olhos. Ao ver aquilo, Ari, como qualquer animal irracional, cujo ele agora parecia ser, ficou excitado, o que todo o mundo poderia ver.

Logo, os três se envolveram em longos momentos de loucura sexual e violência. Quem comandava todos e quaisquer movimentos era a rainha e nem um som saia da boca dela, ao contrario dos dois homem que pareciam gemer como duas mulheres. A feição de Berenice era calma, nem uma evidencia de prazer se encontrava naquela vastidão pálida de perfeitos traços que todos poderiam dizer que tinham sido esculpidos pelos deuses, se ela própria não fosse a encarnação do demónio na terra.

***

Berenice caminhava no vale onde tinha decorrido a batalha do dia anterior. O ar já cheirava a podridão, o típico cheiro da morte. Se debruçou sobre uma poça de sangue já coagulado junto de um monte de corpos e passou dois dedos por esse liquido, o levando calmamente à boca. Ao sentir o sabor enferrujado na sua boca, sorriu e limpou os seus dedos na túnica azul escura que tinha vestida. Com os seus pés descalços, ela continuou caminhando pelo vale infestado de moscas e corpos em decomposição, sentindo pedra e membros humanos por baixo dos seus pés. Ela se sentou no chão, junto de outra pilha de corpos e puxou o corpo de um homem loiro para junto de si, deitando a sua cabeça no seu colo, começando a acariciar os seus cabelos.

-Logo o seu reino será meu, meu querido. Não se preocupe. - Murmurou olhando para o sol lá no alto enquanto continuava a enrolar os seus dedos nos cabelos do desconhecido. - Cuidarei bem da sua família. - Sorriu. - Serão os meus escravos favoritos.

Narmo era um reino elfico. As criaturas elficas eram das mais belas que Berenice já tinha visto. Bons arqueiros, fortes, rápidos e muito controláveis, o que lhe agradava terrivelmente.

- Minha doce rainha. - Uma voz masculina soou atrás dela, mas isso não a fez mover nem um milímetro. - Já passa do meio dia. Você acha que o rei de Narmo enviará mesmo mais tropas?

- Eu tenho certeza, Erthor. - Ela virou o seu rosto um pouco para o lado, para conseguir ver de soslaio o homem de cabelos negros compridos atrás de si. - Eles são elfos, conselheiro. São bondosos,fortes, mas terrivelmente teimosos e com um enorme mau perder. Você deveria saber isso melhor que ninguém. Você é um deles.

Erthor baixou um pouco a cabeça.

- Me perdoe o atrevimento, minha deusa, mas eu sou um elfo negro. Somos diferentes.

-Diferentes, você diz? Eu não vejo qualquer diferença. Matei e escravizei o seu povo, meu querido Erthor, tal como vou fazer com eles, então, para mim, são todos iguais. - Berenice colocou a cabeça que estava no seu colo delicadamente no chão e se levantou, ficando de frente para o elfo.

Erthor assentiu e levantou o rosto, passando o olhar por todo o corpo da rainha escondido por trás daquela túnica, parando um pouco mais que o necessário no enorme decote. Mordeu o lado inferior e subiu para o rosto da mulher que o observava sem qualquer expressão facial. Ele olhou para baixo, embaraçado por tal ato, mas antes que pudesse dizer uma sequer palavra, Berenice colocou as mãos nos seus ombro, fazendo com que ele olhasse para ela, com os seus olhos verdes cheio de medo.

Ficaram algum tempo olhando um para o outro, até a rainha o soltar a começar a andar o sentido do acampamento, sendo seguida por ele de longe.

Quando estava acabando de subir a pequena colina, sentiu o chão tremer por baixo dos seus pés e logo setas apareceram por todo o seu redor. Não tardou para os seus soltado aparecerem, gritando, correndo colina abaixo com as suas armas.

Berenice permanecia quieta, deixando todos os guerreiros passar correndo do seu lado. Quando o ultimo passou, Erthor se colocou do lado dela, também olhando para o acampamento.

- Você tinha razão.

- Eu sempre tenho. - Ela subiu até chegar no topo da colina e então se virou para o campo de batalha que estava consideravelmente. - Meu amado Erthor...Pode me fazer companhia, asseguro que isto será um belo espectáculo.

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⏰ Última atualização: Jul 22, 2016 ⏰

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