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Quando aconteceu eles eram apenas duas almas. Perdidas. Tristes. Sim, somente duas almas.

Eu estou cansada. Cansada é apelido. Estou exausta. Estou voltando do meu curso e escutando Lívia tagarelar. Estávamos no trem, indo para Francisco Morato e parecia que não chegava nunca.

- Eu ainda não acredito que gaguejei. - bufa Lívia.

Lívia é minha melhor amiga. O seu maior problema é que ela ama falar. Sempre tem assunto. Eu não reclamo, já que é sempre bom ter pessoas assim por perto - e eu também sou muito falante as vezes.

No momento, ela estava contando como havia gaguejado na palestra do dia anterior.

Duas estações antes o trem tinha esvaziado por completo. O que não era ruim. Ambas moramos longe e eram as últimas a sair do trem. O lado positivo era que elas ficavam mais a vontade. Sempre tento ver tudo pelo lado positivo.

Mas hoje algo mudou. Não era apenas eu e Lívia. Eu estava distraída, ainda ouvindo minha amiga, quando meus olhos pousaram em um garoto. E, meu Deus!, ele é incrivelmente lindo. Me peguei encarando o mesmo e, quando ele me olhou, eu desviei o olhar. Sorri envergonhada para Lívia.

- Lí, acho que ele está olhando pra mim. - cochichei, tentando não olhar para o garoto.

- Que gato, Sophia. - Lívia riu, e eu o olhei mais uma vez.

Finalmente chegou na estação e nós duas corremos para a saída. Nós sempre chegamos atrasadas na escola, especificamente na segunda aula. Não podíamos nos dar o luxo de atrasar mais.

O garoto também desceu, porém ele passou por nós e foi para o outro lado da estação, provavelmente pegaria o trem para Jundiaí.

Antes que eu o perdesse de vista, o encarei pela última vez e ele sorriu. Meu coração acelerou e faltou explodir. Se ele era lindo, o seu sorriso era muito mais.
Me virei para Lívia e a puxei.

- Lí! Pega o número dele pra mim. -pedi, colocando meu celular na mão dela.

- Não! - Lívia disse. - Eu não. Por Deus, que vergonha, Sophia.

- Ah vaaai! Amiga, por favor. Nunca te pedi nada! Eu te compro uma barra de chocolate!

Lívia revirou os olhos e resmungou algo como "vou cobrar" quando correu de volta para a estação.
Não demorou mais de cinco minutos e Lívia estava de volta, com um sorriso triunfante e um número de celular.

Assim que a avistei com um sorriso enorme, meu sorriso também aumentou. Aquilo foi o mais próximo de um filme que minha vida havia chegado.

- É Breno o nome dele. - Ela disse, devolvendo o meu celular. O peguei e saímos correndo para não perdermos o ônibus.

- Te aaamo! - gritei para Lívia, sorrindo de orelha a orelha.

Chegamos no ponto de ônibus no instante em que ele estava saindo, nos esprememos entre as pessoas até descermos no ponto em frente a escola.

Triunfantes por ter chegado a tempo, corremos até a secretaria da escola e apresentamos nossa carteirinha.

- Corram meninas. - Disse o coordenador, sorrindo para nós. - A segunda aula já irá começar.

Um Romance Nada ClichêOnde histórias criam vida. Descubra agora