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- Algum problema com isso? - Perguntei.

- Tem, sim. - Ele olhou pra mim e sorriu.

Sorri e revirei os olhos.

- E essa calça? Depois daqui você vai para alguma discoteca?

Olhei para minha linda calça boca de sino e revirei os olhos.

- Eu vou, sim. Quer ir comigo?

Ele riu e eu acompanhei. Após isso, ficamos um tempo em silêncio.

- Onde você está me levando? - Perguntei, estranhando a rua que entramos.

- Ao cemitério. - Ele disse, com um ar calmo.

- O quê?! Ta doido?

- Tô brincando. Lembro quando eu era daqueles roqueiros loucos e meu primo me chamou de poser por eu não ir ao cemitério a noite.

- Ah, então eu sou bem poser. - eu disse, rindo.

- Mas eu ainda não fui. Um dia eu vou, aí você vai poder ir comigo.

Dei uma risada nervosa.

- Conte comigo.

Sempre que ele olhava para mim e sorria, meu coração dava uns pulinhos, e eu me peguei sorrindo boba. Ele é do tipo de garoto que não deixa uma conversa morrer, é engraçado e sempre está te perguntando coisas estranhas.

Mais um fato sobre ele: Fala muito palavrão. Meu Deus!

Ele puxou meu cachecol e enrolou no pescoço.

- Nossa, eu fico muito viado com esse cachecol. - falou rindo. - Mas nada contra os viados.

Eu ri

- Meu cachecol é lindo, tá?

- Lindo em você. Em mim fica uma bosta.

- Fica nada. - Falei, jogando o cachecol em volta do pescoço dele e rindo.

Andamos até chegar em um escadão e então Dante parou.

- Ué, aqui? - perguntei, um tanto surpresa.

- É, eu gosto daqui. E também já peguei muita mina aqui, é um ótimo lugar.

Revirei os olhos e coloquei as mãos na cintura.

- Tô brincando, amor. Vem cá, senta comigo.

AAAHHHHH, ELE ME CHAMOU DE AMOR, QUE FOFO.

Garota problemática. Eu hein.

Sentei ao lado dele e ele sorriu. E pra ser sincera, nem sei o que aconteceu. Deu um chazan!  e lá estávamos nós nos beijando.

Fato sobre mim: não sei beijar.

Fato sobre ele: sabe beijar, e muito bem.

Foi mais ou menos assim: eu estava encostada na parede e ele na minha frente. Ele sorriu. Sua mão estava na minha cintura e a minha em seu braço. Ele pegou minha mão e jogou por cima do ombro, e a outra coloquei em seu cabelo. Foi lento - quase surreal - quanto mais ele chegava perto, mais apreensiva eu ficava. Daí seus lábios encontraram os meus. No começo eu derreti em seus braços, mas depois ele intensificou o beijo. Suas mãos percorriam toda extensão das minhas costas enquanto eu o arranhava por cima da camiseta e puxava seus cabelos.

Vai dizer que não foi bom?

Ah não. Foi incrível.

Na verdade, parece que ele tá querendo te engolir, cuidado.

Ou pode ser o contrário.

Quando fomos ver, era oito e meia da noite.

O-ou.

- Temos que ir, tenho um trabalho da faculdade pra apresentar.

- Já? - Choraminguei.

- Nem sei se vou conseguir. A senhora sugou todas as minhas forças.

Eu ri.

- Ah claro, culpa toda minha.

Levantamos. Ele pegou minha mão  e fomos andando e conversando. Quase chegando na estação ele disse.

- Vamos honrar esse AllStar?

- Quê?

- Apostar uma corrida.

- Ahh não! Não vou correr. Me recuso.

Daí comecei a correr.

Em dois segundos ele me passou.

ELE ROUBOU!

- Que vergoonha. - ele disse, rindo.

Mostrei a língua enquanto arfava.

Droga, por que não consigo correr dois minutos sem morrer?

Talvez por isso você seja gorda.

Obrigada de novo, consciência.

Chegamos na estação e passamos pela catraca.

- Você poderia ir até Campo Limpo comigo e depois voltar, né?

- Ah, eu vou.

- Sério?

- Ahaam.

Ele sorriu e me puxou. Eu fiquei mole. Tenho que parar com isso.

Quando entramos no trem, pareciamos aqueles casais bonitinhos que ficam conversando/se pegando na frente de todo mundo. Ah, foi incrível!

Chegamos na estação de Francisco Morato e descemos, para pegar o outro trem. Tivemos que esperar uns vinte minutos.

Melhores vinte minutos.

Ele é insuportável.

Quando íamos entrar no trem, ele disse.

- Você é especial, sabia?

- Por quê?

- Por quê você não faz meu tipo. - Ele olhou para mim e sorriu. - Gosto mesmo de você.

É interessante quando uma pessoa fala isso para você. Seu cérebro se separa, uma metade fica.

AAAAWNNN, QUE AMORZINHOOOO!

Enquanto a outra está.

Como assim não sou seu tipo? QUE MERDA É ESSA?

E com toda essa confusão, a única coisa que fiz foi murmurar um "uhum".

Dessa vez foi rápido. Entramos no trem, sentamos e logo chegou na estação. Quando descemos, eu já estava me perguntando quando nos veríamos de novo.

Claro, tinha que ser logo.

Ele passou a catraca e eu acenei.

Ele mostrou o dedo do meio.

Garoto problemático.

Eu ri.

Nem acredito que está dando tudo certo.

Ah, minha querida, você não faz idéia de como está errada.

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⏰ Última atualização: Jun 04, 2018 ⏰

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