Capítulo 2

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         ASSIM QUE CHEGUEI NA CLAREIRA da cabana me dirigi logo ao jardim traseiro para guardar a arma inutilizada, passando direto sem nem dar uma olhada na entrada e ignorando tudo ao redor. Suspiro mais uma vez antes de trancar o armário e finalmente me dirijo para a entrada da cabana, mas meu caminhar é interrompido quando eu me deparo com várias frutas e ervas da floresta em um cesto feito de madeira retorcida com algumas graminhas se florzinhas á beira da minha porta.

   — Mas que merda é... — paro de falar quando percebo o que aquilo significava. Alguém tinha deixado aquilo ali. Alguém sabia sobre mim e que eu não tinha conseguido caçar hoje. Eu estava sendo observada. Estava prestes a correr de volta para o jardim traseiro quando me lembrei que os cidadãos sabiam onde eu morava, e que a cesta poderia ter sido um presente de Jefrey, um amigo da mesma idade da cidade, por meus 19 anos.

   Ri do tamanho da minha paranoia.

   — Você se aposentou faz tempo Amani. Ninguém está te observando. Ninguém mais sabe que você existe. Deixe de ser paranóica. — Ri mais um pouco, peguei a cesta e me dirigi á cidade. Se ele iria me dar um presente desses, que pelo menos desfrutasse comigo.

   Devia ser meio dia, logo na hora de folga dele. Caminhei pelas ruas da cidade que emitiam um ar aconchegante de sempre e me encontrei com vários cidadãos, cumprimentei a todos e continuei a caminhar para a praça onde ele sempre sentava e almoçava. Mas como ele era meio esquecido eu aproveitei a oportunidade para comermos juntos.

   Eu achei ele bem no lugar em que pensei que estaria. Ele estava sentado lá mas sem nenhuma porção de comida à vista, na verdade ele estava envolto por garotas. Mas isso não era uma novidade. Jefrey estava sempre rodeado de garotas. Senti um pequeno sentimento ardente dentro de mim, mas ignorei ele. Ele estava cercado por Draines, então não tinha nenhum problema. Mesmo repetindo isso em minha mente eu ainda sentia uma pontada de ciúmes.

    Jefrey era um dos poucos jovens solteiros na cidade, além de ser bonito e inteligente, então era considerado um bom partido. Droga, nem eu que pensava muito em coisas românticas achava ele um bom partido. Jefrey não era meu namorado, nunca nem deu a entender isso, era gentil, companheiro, divertido e fazia muito sucesso em seu trabalho, então eu, uma garota qualquer e sem um futuro definido não tinha direito de dar um chega para lá nas garotas, além do mais, Jefrey era livre para escolher uma companheira. Então eu não deveria interferir, mas uma parte de mim queria, tentai o máximo possível não atrapalhar seu momento, mas meu lado egoísta estava muito forte hoje, e essa parte de mim venceu.

   Eles estavam conversando sobre alguma coisa que eu não pude entender muito bem. Caminhei em sua direção com toda confiança que eu poderia e parei atrás dele silenciosamente, as garotas me notaram pararam de conversar e sorriram para mim de forma cúmplice, abaixei o cesto sem fazer nenhum ruído e coloquei minhas mão em seus olhos.

   — Adivinha quem é? — falei tentando fazer uma imitação de uma voz de mulher diferente. As meninas que olhavam com sorrisos genuínos e charmosos. Uma vez, elas disseram que nos formávamos um belo casal, é claro que eu neguei, mas minha face corada em contraste á minha pele pálida me denunciou.

   Jefrey era o oposto de mim, tinha cabelos castanhos escuros, olhos castanhos e uma pele bronzeada, era do tipo magricela forte, era charmoso e galanteador, e era um arquiteto e construtor. Já eu, porra, eu era pálida, sem sal nenhum, cabelos prata brilhante, olhos azuis profundos — a única coisa que eu considerava bonita em mim, mas ok — e eu era uma boa para nada, uma Zé ninguém que morava na floresta e que tinha sorte de ter um amigo igual e ele.

   — Hummm, deixa eu pensar... Sei lá, uma vagabunda da praça? — falou ele, eu não estava vendo a cara dele, mas pude sentir o sorriso em sua voz. As garotas em sua frente começaram a rir e eu sorri também. Tirei as mãos dos seus olhos e dei um tapa em seu braço. — Ei! — disse ele esfregando o braço estapeado. — Foi você quem perguntou minha cara, não tenho culpa por falar verdades. Não gostou pode ir do departamento reclamar.

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⏰ Última atualização: Nov 02, 2016 ⏰

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