Ceram

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Chegara agora perto de uma velha cabana de madeira.

Preciso pedir abrigo. A neve cairá logo. Achei que conseguiria chegar até a cidadela de Glor antes da primeira noite.

No céu, um trovão explode como um choque entre dois gigantes. Nuvens assustadoramente cinzas se esforçam bastante para não deixar a luz de Nazir chegar até a superfície. O dia havia escurecido e quase se tornara noite. O vento forte e gelado bate contra seu corpo.

Tantos anos longe de Dalvar e eu havia me esquecido de como o frio aqui é impiedoso.

Lamenta-se.

Preciso alcançar a cabana logo.

Anda contra o vento com dificuldade e alcança à cabana batendo duas vezes contra a porta.

Está tão quieto. Será que mora alguém?

As janelas estão cobertas de gelo. Depois de tirar um pouco do gelo, olha através da janela e não vê nada. Nem um movimento se quer.

Decide forçar a porta e descobre a mesma está aberta.

Estranho.

Abre a porta devagar entrando com cuidado. A mão direita pronta para forjar uma espada de gelo se algo o ameaçasse. Devagar, primeiro um passo, depois o outro. O piso range como se reclamasse de seu grande peso. Ceram pára silencioso tentando escutar algo.

Acho que está vazia.

A luz que chega ao interior da velha cabana é bem pouca. Estranhamente a mesa ainda contém alguns copos e pratos como se estivesse pronta para receber alguma refeição que jamais viera. Ceram passa o dedo na mesa deixando uma trilha em meio à grande camada de pó.

Acho que já faz um tempo que está vazia.

Na cozinha, tudo parece intacto. Algumas panelas exalam um mau cheiro de comida podre.

Quem quer que tenha vivido aqui, saiu com muita pressa.

No quarto, uma cama grande e velha como a casa parece esperar por alguém.

Por que teriam ido embora assim?

Ceram olha pela janela e vê que a neve começou a cair.

Vai esfriar mais ainda. Preciso de fogo. Por sorte, esperando na lareira havia uma grande quantidade de lenha.

Por Nessa, pelo menos algo de bom.

Com muito custo, consegue fazer uma faísca pegar na madeira velha.

Acomoda-se perto do fogo. O vento sopra lá fora fazendo os grandes pinheiros balançarem como se estivessem dançando uma musica.

Ceram volta seus pensamentos mais uma vez para Sizuel. Levanta a mão esquerda, encara o pingente do amigo enrolado em seu pulso. Fecha os olhos e relaxa retornando novamente ao passado.

- Culpados. – Foi a primeira palavra do rei após escutarem Juba. – Estão banidos da Ordem.

Quatro servos se aproximam e começam a arrancar seus mantos e a desmontar suas armaduras.

O rei continua. Rígido em suas palavras.

- Seus nomes serão apagados da história de Dalvar. As futuras gerações jamais saberão que existiram. Serão desonrados. Sizuel e Ceram, suas pedras e armaduras serão dadas a outras famílias para que tenham a honra de servirem a esta nobre casa.

Tan entregou as pedras ao nobre rei.

- Não são dignos disso. – O rei encarou as pedras firmemente e depois de uma pausa continuou. – Serão levados e jogados para morrer na garganta de gelo.

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⏰ Última atualização: Jul 24, 2016 ⏰

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