Mostras-me uma música sobre o assunto e esperas pela minha opinião. Como posso dar uma opinião verdadeira se tu não sabes a verdade? Se tu não sabes que aquela música encaixa perfeitamente na minha vida? Se tu não sabes que o assunto da música passou pela minha vida? Espero que não leves a mal eu nunca te ter contado; é que a última vez que contei a alguém, essa pessoa disse-me que a culpa era minha e ainda ficou chateado por eu não ter contado mais cedo. Ficas também? Se estás a ler isto, ficas a saber agora. Só vais saber quando leres ou quando eu arranjar estômago suficiente para te contar que também alguém acabou com a minha inocência. Não quem eu gostaria, não quando eu gostaria e não da forma que eu gostaria. Acho que ninguém acha uma situação agradável mas como tu dizes "quem não passou por isso, não sabe o que é" e para todos os efeitos, eu não sei o que é. Perguntas-me o que acho da música. Faço-me de forte, engulo a água salgada que começava a encher os meus olhos e digo que está muito bom. Não me atrevo a dizer mais nada. Talvez para não reparares que afinal eu sei o que é. Não! Foi mesmo para não reparares na fraqueza da minha voz que começava a tremer de embaraço. Enterrei-me mais uma vez. Comecei a escrever isto e sei que vais ler e não vou ter outra opção se não admitir as diferenças das nossas infâncias e esperar que não reajas da mesma forma que ele. Esperar que me abraces, digas que está tudo bem e nunca mais toques no assunto. Espero pela tua leitura. Aguardo a tua reação.