Explosões, vergonhas e afins

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E de repente senti aquela típica, mas horrível sensação de ter um peso na barriga. Mas não é um peso normal. É tipo uma bigorna que passou uns dez anos no polo sul, outros cinco no polo norte e mais sete nos Himalaias: Geladinha como se quer.
As palavras do Nuno ainda retumbavam na minha cabeça, que tentava processar aquela informação o mais rápido possível. Por esta tarefa exigir muita capacidade cerebral, estaquei com tal afirmação.

- Mariana? - perguntou o Nuno, que se mantivera calado depois da bomba que tinha lançado - estás bem?

Voltei à vida com a voz dele, como se me tivessem dado uma estalada.

- Escuta Nuno: eu não sei se quero saber do que raio é que vocês estiveram a falar. Mas sinceramente, e por favor, diz-me só se por acaso falaram sobre mim. - virei-me para a Catarina - E não, antes que me interrompas, não estou a ser narcisista ou egocêntrica, só estou a zelar pela minha saúde mental.

O Nuno pareceu ponderar sobre a minha perguntar, pois olhou para a Catarina, com aquele olhar de quem pede uma opinião, um aviso ou apenas uma luz verde para avançar. A Catarina parecia tão perdida quanto ele, o que fez com que uns minutos de silêncio me parecessem sete horas.

- Falámos - Disse o Nuno, por fim.

Desviei o olhar para a janela, que mostrava o pátio e consequentemente, outros alunos que nele estavam sentados a aproveitar o sol da hora do almoço. Uns liam, outros conversavam e havia até quem fizesse pequenos grupos de estudo para os exames finais que se aproximavam. Não me parecia que a hora do almoço fosse a melhor para estudar, mas cada um organiza o seu tempo da forma que acha melhor, certo?

- Escuta - Recomeçou o Nuno - Não dissemos nada de mal. Aliás, tu sabes que eu não o deixaria sair de lá com dentes se dissesse algo sobre ti que fosse... - Pareceu ficar um pouco perdido, pensando no adjetivo adequado - ...desagradável. - Completou.

Pelo sorriso vitorioso do Nuno, deve ter achado que me tinha apaziguado.

- Então o que é que falaram sobre mim? - Perguntei como quem não quer a coisa. - Também te falou sobre os amigos-super-esquisitos-da-praia?

- Bem, na verdade... Nem por isso. Ele disse que, do que se lembrava, vocês se tinham conhecido num campo de férias de uma semana e tu tinhas gostado logo muito dele, mas não tinha existido confiança suficiente da parte dele, por achar que não ia resultar entre vocês.

A Catarina, que se tinha mantido apenas a escutar durante todo o tempo, olhou para mim de forma alarmante, percebendo qual seria o meu próximo passo.

- Mariana, por favor não. - Quase suplicou ela - Por favor, na escola não...

- MAS ESSE GAJO É ESTUPIDO OU FAZ-SE!? - Gritei no meio do refeitório, levantando-me de um pulo, com um ar de revolta estampado na cara.

Toda, mas literalmente toda a gente que se encontravam no refeitório (estamos a falar de umas cinquenta alunos e sete auxiliares) se virou para mim imediatamente com expressões de susto ou alarme.

E fez-se silêncio. Um silêncio que poderia ter durado as sete vidas de um gato. Mas não. Os burburinhos começaram, tal como a risota.
Captei a conversa em murmúrio da mesa do lado:

"-É doida varrida"
"-Isso ja toda a gente sabia!"
"-Toda também não, Jaime"
"-Não duvides que agora toda a gente que está aqui tem a certeza"

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⏰ Última atualização: Aug 30, 2016 ⏰

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