Leucemia Crônica. Essas duas palavras rondavam minha mente a cada segundo. Uma simples notícia, me fez duvidar de todo o meu futuro. Há três dias não saio do quarto, deitada na minha cama fitando o teto, acredito que nem tenho mais lágrimas para derramar.
— Infelizmente, com os exames que fizemos, descobrimos uma doença grave.
— O que minha filha tem, doutora? — minha mãe perguntou aflita.
— Luana, você está com Leucemia Crônica. Essa doença não tem cura. Você não tem muito tempo de vida.
Naquele momento vi meu mundo desabar. Apenas algum tempo de vida. E todos os meus sonhos, meus projetos, toda a vida que eu ainda tinha pela frente? Desapareceriam junto comigo. Nunca seriam vividos.
Lembro-me da minha revolta quando recebi a notícia, gritei com a médica e com minha mãe, e a cada momento que me lembrava daquela cena sentia vontade de gritar novamente.
Eu tinha tantas perguntas a fazer, tantos questionamentos a serem respondidos, mas tudo parecia estar dando voltas e não conseguia pensar em nada, a não ser na minha morte em breve.Sentei na minha cama e encostei o rosto na parede, novamente chorei desesperadamente. Eu estava desnorteada e não via solução melhor do que chorar, chorar e chorar. Sentia uma dor aguda em meu peito que me fazia soluçar ainda mais. Eu estava acabada. Eu não havia dormindo desde que recebi a notícia e comido muito pouco.
Sabia que tinha que por minha mente em ordem e seguir em frente, não podia dormir e me alimentar mal e ainda tinha uma série de coisas que precisava saber, mas se eu iria morrer logo, porque não ficar aqui, chorando, esperando a morte chegar?Não tinha ânimo para levantar da cama e nem mesmo motivo algum. Se meus sonhos haviam sidos substituídos pela escuridão sem fim, porque prologar o sofrimento?
Sentia um mal estar muito grande, estava enjoada e de tempos em tempos colocava para fora aquilo que eu não havia comido. Sentia frio, mesmo que lá fora estivesse um dia quente e ensolarado, e dores por todo o meu corpo. Seria assim até que meu fim chegasse.
No quarto dia em que estava isolada em meu quarto, meus pais bateram na minha porta logo cedo, trazendo o café da manhã.
— Filha, sabemos que está sendo difícil, mas você precisa se alimentar, assim você pode fazer o tratamento mais rápido e se recuperar logo.
Olhei nos olhos de meus pais e observei ali um misto de preocupação, medo e tristeza. Eles não estavam preocupados por não estar me alimentando direito, eles tinham medo de perder sua única filha. Há três dias atrás eu estava indo alegre para a minha faculdade, agora estou aqui, sendo um peso e uma grande preocupação para meus pais. As palavras de minha mãe não foram confiantes, foram incertas. Ela sabia de algo que eu não sabia sobre minha doença, e disse aquilo apenas para tentar me animar.
— Eu não quero ser um peso para vocês. — disse, virando o rosto para a parede. — é melhor se prepararem para o pior. Têm uma filha desenganada.
— Não diga isso filha! — meu pai segurou minha mão com lágrimas escorrendo pelo seu rosto. — Você fará o tratamento e será curada. — disse, mais tentando convencer a si mesmo de que aquilo era verdade.
Conforme os dias iam se passando, as lágrimas iam cessando, porém eu continuava sem saber o que fazer. Decidi aproveitar o máximo nesse pouco tempo que me resta.
Fui a faculdade algumas vezes, mas quase sempre saia mais cedo por me sentir mal. Não falava muito com meus pais e quando falava era totalmente grosseira. Sempre fui certinha, fazia tudo correto, porém agora já não havia motivo para isso.
Meus amigos? Bem, poucos deles estiveram ao meu lado me apoiando. Pérola ficou por vários momentos em meu quarto ouvindo meu choro. Não havia nada que pudesse me controlar.
Últimamente estava vivendo assim, isolada de tudo e de todos, apenas deixando aquela doença me consumir aos poucos.Meus pais pediam intensamente que eu fizesse o tratamento, alegando que assim eu seria curada. Porém, decidi não fazê-lo. Agora sou apenas uma doente, não tem porque prolongar o sofrimento, meu e dos que me amavam.
Assim seriam meus últimos dias de vida. Apenas deitada em meu quarto, olhando para o teto, perdida em um turbilhão de pensamentos.
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Confia Em Deus
SpiritualE quando você recebe a notícia de que está com uma terrível doença, como você reage? E quando todas as esperanças se perdem, o que você faz? Se aquilo que você mais teme lhe acontecesse, você continuaria tendo fé? Como ter fé mesmo que tudo diga que...