Capítulo 2

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Naquele dia, porém, Pérola me fez um convite que me deixou totalmente surpresa. Eu havia esquecido a pessoa mais importante de todas: Jesus.

— Luana, vamos à igreja comigo hoje?

Desde que descobri a doença, não tinha nem mesmo tocado no nome dele. Afinal, onde estariam todas as promessas que ele havia me feito?

Mesmo assim, decidi ir. Não fiz questão de me arrumar muito. Coloquei uma roupa simples e me dirigi até a igreja sendo acompanhada por Pérola. Estranhamente, estava me sentindo bem. Estava cansada, enjoada, e com medo de passar mal na igreja, mas estava emocionalmente bem.

Decidi ir ao culto de sexta-feira a tarde, o qual iam poucas pessoas, meus amigos e os outros jovens costumavam ir à noite, devido ao trabalho e aos estudos. Apenas eu, Pérola e Arthur estávamos lá, no meio dos membros mais velhos.

Me sentei em um banco mais afastado, e esperei o culto começar. Era estranho. Até então eu estava lá, na primeira fileira, atenta a palavra, ao louvor, sempre sorridente e feliz. Nunca conversava muito com os irmãos, apesar de sempre sorrir para eles, mas desta vez estava me sentindo uma verdadeira anti-social, meus lábios não se moviam, tanto para sorrir quanto para falar.
Eu costumava ajudar na obra dos jovens, porém ali, escondida no canto da igreja, me sentia como os membros desviados que aceitavam o convite de ir a igreja.

Pérola e Arthur, seu namorado, eram obreiros e faziam parte do ministério de louvor, portanto, tive que me sentar sozinha. Eu não sabia se achava aquela situação boa ou ruim. Tempos atrás, eu estava convidando Pérola para ir à igreja. Agora, era ela quem me convidava.

Assim que entoaram o primeiro louvor, meu coração foi sendo quebrantado. Amava aquele louvor e ele sempre falava profundamente comigo. Dizia exatamente aquilo que não conseguia colocar em oração.

Deus, meu Deus

Tudo está tão difícil para mim

Deus, meu Deus

Muitos me perguntam onde tu estás

Dentro de mim minh'alma se abateu

Mas tua mão contudo me escondeu

Em tua presença, oh Deus

Quando eu chorar

Vou me lembrar

Que até aqui sua mão me sustentou

Digo à minh'alma: Espera em Deus

Pois ainda o louvarei

Eu o louvarei

Algumas lágrimas surgiram conforme eu ouvia aquela canção e ao final do louvor eu chorava junto com toda a igreja. O Espírito Santo estava me renovando! Eu podia senti-lo novamente!
Aproveitei aquele momento e abri meu coração novamente. Pedi perdão por toda a minha rebeldia e fui renovada. Quebrantei meu coração e fui cheia!

O pastor trouxe uma palavra interessante, mas sinceramente, não compreendi muito bem. Ele leu em Hebreus 11, um versículo que fala sobre fé, e disse que, não importa o que aconteça, devemos permanecer confiando em Deus. Isso me pegou de surpresa. Confia em Deus? Mas o que seria isso, exatamente?

Não levando em conta a pregação, o culto foi ótimo e me senti renovada.

— Lu, você está se sentindo bem? — Pérola perguntou preocupada, no final do culto.

— Só estou um pouco cansada. — encostei minha cabeça no banco da igreja fechando os olhos, desanimando novamente. — Acho melhor eu voltar para a casa.

— Eu levo você até lá.

— Não é porque estou doente que preciso de escolta! Eu posso muito bem ir sozinha, obrigada pela preocupação. — disse irritada, e Pérola me encarou surpresa.

— Luana, preste atenção no que você está dizendo! Está parecendo eu, quando ainda não era de Cristo. — fez uma pausa, me encarando seriamente. — Você prestou atenção na palavra de hoje?

Balancei a cabeça negativanete.

— Para falar a verdade, não entendi muita coisa. O culto foi bom mas, esperava que o pastor profetizasse as  promessas de Deus para nossas vidas, e não que falasse sobre fé.

— Mas aí é que está! A fé é a chave para alcançar às promessas de Deus!

— Que promessas, Pérola? Eu estou doente! Vou morrer! Não tem mais promessas.

— Tenha fé, Luana! Fé que pode ser curada! Fé que encontrará o Criador se ele quiser levá-la! Desculpe falar dessa maneira, mas digo porque sei em quem tenho crido e sei que nosso Deus pode mudar o nosso cativeiro.

Suas palavras me deixaram surpresa.  Era bom ver a mudança de Pérola, percebi que naquele momento eu estava muito errada. Em uma fração de segundos, percebi que não adiantava nada ser fogo de palha, sentir a presença do Espírito Santo e no momento seguinte esquecer de tudo. Pérola havia aceitado Jesus, Arthur tinha sido o instrumento, poedria ter sido eu, porém estava muito ocupada, presa em meus próprios medos, e agora, presa em meus problemas.

Deus havia falado comigo, eu precisava confiar nEle, e era isso que faria.

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