— AH! Ham?... O que? — desperto assustado da cama caindo no chão. Não consigo me lembrar do que aconteceu. Sento-me para me recompor, ainda estou no quarto.
Ah, sim, podem me chamar de João, sou um adolescente de dezesseis anos, alto, magrelo, pálido, ruivo e me encontro em um hospital psiquiátrico. Eu não andava muito bem da cabeça a seis meses atrás, ao longo do tempo vou contando a vocês.
Voltando... Bem, não é tão grande o meu quarto, mas é confortável mesmo as paredes sendo forradas com algo fofinho para que não haja acidentes nos surtos. Eu não sou de me tacar na parede ou qualquer outra coisa como os outros aqui, aliás sou bem normal. Não dei muitos problemas aos enfermeiros.
Ah! E tem uma cama, o banheiro é um penico de metal debaixo da cama. A única coisa do que posso reclamar. Enfim, hoje irei sair desse lugar.
— João? — a enfermeira Rosana, uma mulher loira, gordinha e baixinha, um doce comigo, abre a porta devagar. — Está tudo bem? O que faz aí no chão? Ouvimos você gritar.
— Estou bem sim, eu só... — o que aconteceu mesmo? — ...caí da cama. — sorrio e levanto do chão.
— Garoto. — ela sorri. — seus pais já estão aqui para te levar, venha se trocar e pegar seus pertences.
— Claro.
Nem acredito que vou sair daqui, não que aqui tenha sido ruim, só quero voltar para casa e tentar ter uma vida normal sem ver "ela".
— Meu garotinho! — essa melosa é minha mãe, Dona Cecília. Ela está me apertando muito forte.
— Mãe... Larga um pouquinho. Oi pai. — ele toca meu ombro e sorri. Meu pai não é muito de falar, Seu Valter.
Meus pais costumavam vir uma vez por mês para me visitar e saber da minha situação.
— Ele não deu muito trabalho, senhores Reis. — diz Alberto, o médico responsável por mim. — Já está pronto para voltar à rotina normal.
— Muito obrigado Doutor. — Meu pai aperta a mão do médico e finalmente vamos embora.
— Pronto para voltar para casa filhinho? — pergunta minha mãe no banco da frente.
— Espero que sim.
— Então vamos. — papai liga o motor do carro e partimos. Fico olhando pelo vidro traseiro o hospital diminuindo, acho que vou sentir saudades.
São três horas de viagem até em casa, vou ficar ouvindo música (valeu mãe por trazer meu celular e os fones) até chegar. O rock pesado e melancólico está me deixando com sono, mas não quero dormir ainda. A trajetória também não ajuda, campos e montanhas, nunca fico acordado nas viagens.
Porra, não quero dormir, mas meus olhos ficam pesados demais para mantê-los abertos.
Sinto alguém cutucar minha perna, tiro os fones de ouvido.
— Filho chegamos. — minha mãe fala.
— O que? — olho para fora e lá está minha casa. Pequena, só tem um andar, mas o quintal é grande.
— Você dormiu no caminho. — papai diz tirando o cinto de segurança.
Pego minha mochila e saio do carro devagar. Meu corpo me impede de andar.
— Qual o problema? — mamãe me olha preocupada.
— N-nada. — sorrio e forço meu corpo a se mover para entrar em casa.
Está tudo do jeito que eu lembro, pelo menos algumas coisas. Eles mudaram o sofá de lugar, era mais no canto e agora está no meio da sala. Parece maior por dentro. Meu quarto é a última porta à direita. Não me lembro de ter um altar religioso aqui no fundo do corredor, deve ser coisa da minha mãe. Abro a porta do meu quarto... Nossa está do jeito que deixei.
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Macabre Dreams
Mystery / ThrillerSonhos e pesadelos vividos, uma figura sinistra em seus sonhos, ver seus pais virando demônios? Enquanto todos te dizem que é uma ilusão, um sonho, você teriam sanidade para enfrentar tudo isso? Confira então, este singelo conto de horror que conta...