Não vou dar nem um piu sobre hoje com meus pais, vão armar um escândalo.
Ainda bem que não estão aqui de tarde. Entro em casa e vou direto para o quarto, tiro a roupa ficando de apenas de cueca, preciso dar um jeito nessa roupa. Pego uma limpa para mim antes e corro para varanda, taco as roupas na máquina, encho de sabão e ligo.
Preciso de um pouco de realidade. Ligo o computador depois de um longo banho, nada como um bom jogo para me fazer esquecer de hoje. Fico um bom tempo jogando, meus pais chegaram, mas não perguntaram como foi a aula (ainda bem). Pego a janta e volto para o quarto, fico sentado na cama vendo filme pelo computador.
Que sono... Ainda é cedo, mas acho que não vai fazer mal. Fecho os olhos e não consigo dormir. Aconteceu de novo de virar para todos os lados possíveis, porém não adianta e decido acordar.
— Que merda é essa? — não me encontro no meu quarto, só minha cama está aqui nessa floresta escura e enevoada. Um ruído de galho quebrando me chama atenção e viro para o lado esquerdo.
Ela está lá, atrás da árvore escura... A garota ruiva, por que dessa vez ela não parece assustadora?
— Ei! — chamo ela levantando da cama. — V-você ... — vou indo para trás pois ela vem em minha direção. Ela está perto demais de mim, sinto o chão cair dos meus pés. Quase caio do barranco e ela não para de vir em minha direção.
Bem, eu quis chamar atenção dela só não pensei que ela viria a mim desse jeito. Sai um ruído da garganta dela parecendo um grito preso e então se joga em mim, nós dois rolamos barranco abaixo. Levanto devagar depois que paro de rolar, ela não está mais aqui, pelo menos não no chão.
A floresta daqui é mais sombria. Está chovendo também, algumas gotas caem no meu rosto. O que faço agora? Abraço-me pois ficou frio de repente. Melhor andar por aí talvez encontre alguma coisa.
Quanto mais andava mais frio ficava e a chuva apertava. O mesmo som de grito preso vem da minha direita nas árvores.
É ela de novo. Dessa vez não movi um músculo esperando ela se aproximar de mim. Não parece, mas estou morrendo de medo e frio. Não tanto quanto hoje mais cedo, embora tenha parecido corajoso.
O rosto dela está coberto com os cabelos molhados, porém quando ela se estica para perto do meu rosto consigo ver seu nariz pequeno e pálido seguido de grandes olhos verdes.
— Humhumhum... — ela faz para mim e segura meu braço puxando para as árvores. Ela me levou até uma de tronco largo com uma abertura enorme. Apontou para dentro, parecia desesperada.
— Quer que eu entre ali? — pergunto quando ela começa a me empurrar. Ela assente várias vezes. — Espera... Você me entende? — assente novamente.
Percebi que meu braço estava vermelho, assim como o vestido dela, o chão e tudo mais. Isso não é água caindo do céu e sim sangue. Que caralho de lugar é esse? Outros sons estranhos, grotescos e enlouquecedores vêm de várias partes, aqui dentro da árvore não dá pra saber de onde exatamente.
De repente sinto alguma coisa atravessando minha barriga e a garota foge ao olhar para mim. Quando olho para baixo, uma mão negra com garras afiadas saia de dentro de mim.
Acordo tossindo no meu quarto. Que coisa foi aquela? Levo um bom tempo recuperando ar até levantar com o estômago embrulhado em direção do banheiro. Vomito tudo no vaso até minha barriga doer. Lá se foi a janta descarga a baixo.
Volto ao quarto em busca das horas, cinco da manhã, o sol ainda nem saiu. Desmorono na cama quente ainda do meu corpo. Não estou com cabeça para ir a aula hoje. De qualquer forma alguém vai me obrigar a ir. Fico deitado até dar a hora de levantar e o desconforto no estômago passar. Arrumo-me e vou tomar café como de rotina.
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Macabre Dreams
Mystery / ThrillerSonhos e pesadelos vividos, uma figura sinistra em seus sonhos, ver seus pais virando demônios? Enquanto todos te dizem que é uma ilusão, um sonho, você teriam sanidade para enfrentar tudo isso? Confira então, este singelo conto de horror que conta...