Prólogo

44 8 2
                                    

Em um dia extremamente quente... no mau sentido.

— Eu disse para não pegar nada! Nada! — gritou Nick de cima de uma pilha de moedas de ouro.

— E quem disse que eu peguei alguma coisa? — Mira reclamou apontando punhais para o dragão a sua frente.

Os punhais se desmanchavam quando entravam em contato com as escamas de Smaug. O interior da montanha parecia um forno, e as três garotas, belos cupcakes, prontas para serem assadas.

— Fui eu! — elas ouviram Maris gritar. A garota escalava precariamente uma parede. A espada que pendia em sua cintura alcançava a ponta de seus tornozelos. — Eu peguei a Pedra Arken.

Você o quê?! Existem milhares de coisas aqui, e você pegou logo a mais importante?!

Nick tentava mirar em Smaug para deter o dragão, que observava a discussão em silêncio. Seus olhos brilharam com a menção da Pedra Arken. Com uma garota empoleirada em cada canto do salão, o dragão girava indeciso, sem nem sentir os tiros.

— Ela estava no lugar errado, o senhor B. não ia achar nunca. — explicou Maris, agora empoleirada no alto do salão, com a espada desembaiada.

— Põe ela no lugar, nós distraímos ele. — Mira se lançou nas correntes penduradas no teto da caverna e começou a se balançar em volta do dragão.

— Qual é feioso? Cadê sua mamãe? Você é um filho renegado da Khaleesi, Smaug? — Nick pulava de montanhas em montanhas de ouro. Um pula-pula nada agradável. — Mari, querida, anda logo!

Maris saltou nas costas do dragão, fixando a espada entre as escamas, para se manter firme.

— Ai! Tá quente, quente! Ah... — resmungou a garota montada na imensidão que era o dragão. As suas palmas começaram a criar bolhas, porém ela se manteve firme enquanto Smaug rodopiava para todos os lados, em busca das duas garotas que se movimentavam rapidamente. Era como um rodeio, só que ao invés de um touro, era um dragão furioso de duas toneladas.

A morena deslizou aos poucos a espada entre as escamas, até estar presa precariamente em sua lateral.

A ação durou pouco mais que um segundo. Maris jogou a pedra para debaixo da barriga do dragão enquanto soltava a espada, evitando assim ser esmagada pela cauda dele.

O dragão se desequilibrou com a própria cauda e cambaleou pelo salão.

Nesse momento o portal abriu. Mira soltou as correntes e aterrissou ao lado de Maris, arrastando a garota consigo.

— Nããão! — um Smaug furioso ressoou por toda a montanha, bem a tempo de ver as três desaparecerem sob uma pilha de moedas de ouro.

Muitos, muitos e muitos dias antes. Em um dia extremamente frio... no bom sentindo.

O sol fraco já se punha na grandiosa Londres, abandonando a fachada cinzenta para um crepúsculo avermelhado.

Casais passeavam de mãos dadas, amigos riam e se divertiam, turistas tiravam fotos em todos os lugares, passarinhos voavam alegremente e três amigas riam como loucas em cima da ponte, em quanto tomavam sorvete.

As três riam das muitas histórias adquiridas em um ano de amizade e dos seus planos para o futuro. Preocupações como essas distantes naquele mundo isolado na ponte onde se encontravam.

— Parem! — pediu uma das garotas, loira com olhos cinzentos. As outras duas riam e tentavam sujá-la com sorvete.

— Ah, relaxa Nick. — essa era Maris, que já tinha sorvete em seus longos cabelos castanhos e espreitava os olhos para a colega ao lado.

— Nem pense nisso! — respondeu Mira, ao olhar Maris, mas já era tarde. Seus cabelos loiros já exibiam uma longa trilha de chocolate. Seus olhos tremendamente azuis faiscavam em diversão as amigas e ali começou uma guerra de sorvete.

— Esse definitivamente foi o melhor ano da minha vida! — comentou a garota de olhos cinzas.

— Algo haver com os meus encantadores olhos azuis? — perguntou Mari toda brincalhona, piscando para a amiga.

— Você não tem olhos azuis! — rebateu Mira.

— Ah Mira, fica quieta, vai, a Nick entendeu o que eu quis dizer.

— Mesmo correndo o risco de explodir o ego da Mira, sim, esse ano foi sensacional graças a vocês. — respondeu Nick rindo da cara de Mira.

— Sim, eu sei que eu sou demais! — gabou-se ela.

— Menos Mira. — disse Mari — Bem menos, muito menos. — as três se entreolharam e riram. — Mas a Nick tem razão. — continuou a garota — Esse ano teria sido horrível sem vocês.

Maris sorriu para as amigas, que retribuíram o sorriso voltando a rir sem motivo nenhum.

Três garotas risonhas que brincavam com sorvete no frio de Londres.

Guerreiras do Tempo - Descobrindo o SegredoOnde histórias criam vida. Descubra agora