Nos últimos dias, durante o café, no escritório, João falava sobre um novo amor. Confidenciava-me que estava radiante sobre o novo affair. Todas as manhãs, quando chegava ao escritório, o primeiro a me procurar era ele para contar que tinha visto seu novo amor na praça ou passando de carro entre uma rua ou outra.- Só falta criar coragem e pegar o número do telefone dele.Eu pasmava ao saber que João estava completamente apaixonado por alguém e ainda não tinha trocado miseras palavras.- Você não me entende. Essa pessoa é diferente de qualquer outra que já conheci em toda minha vida. Tenho que ir com calma.Eu tentava compreende-lo na certeza de que ele estava certo quanto aos seus sentimentos. João nunca mencionou o nome da pessoa por quem estava apaixonado. Não sei o que se passava na mente dele.- Calma, em breve conto-te quem é e você me dará razão em eu estar assim... tão, tão apaixonado.Finalmente, após longos trinta e cinco dias de espera, eis que João consegue o número do telefone de sua paixão aguda. Mais uns quarentas e cinco dias se passaram entre telefonemas desvairados. E, nada de João revelar-me quem era o ser amado. Ele marca um encontro, porém faltava-lhe um local. Eu prontamente ofereci meu apartamento, prontamente João negou-se a aceitar e preferiu ir ao motel.No dia combinado, às duas e meia, João estava em frente ao motel, fumando um cigarro atrás do outro. Lá pelas três, já entrará no quarto reservado. Pedro só chegou às três e meia. Com ar de cansado, Pedro se explica:- Demorei porque estava esperando meu primo vir me trazer de carro. Sabe como é, né? Não é legal chegar ao motel de ônibus ou mototáxi.João aceita as desculpas e já questiona. - E cadê o seu primo?... Ele já se foi?- Não, não. Ele veio me trazer e vai me esperar lá fora.- Como assim ele vai te esperar? E você disse que estaria com quem?- Simples: disse que viria encontrar com João, um amigo que conheci a alguns poucos meses que, para não nos incomodarem, marcamos encontro no motel.- Mas, mas...Pedro serve-se de uma bebida e já desabotoa a camisa social. Observa cada centímetro do corpo de João e desamarra o tênis, depois tira as meias, a calça jeans e a cueca.- Está fazendo o que aí parado, não vais despir-se também?João encabulado serve-se de uma bebida. Abraça-o, beija-o, passeia suas mãos por todo o corpo que ele há tempos desejava. Sentia-se com medo, mas louco para chegar aos finalmente com Pedro. João havia se esquecido do primo de Pedro que estava do lado de fora a esperar. E foram corpos que se estremecem, mãos bobas aqui e ali, sussurros e gemidos infindáveis...- Quando eu irei te ver de novo?- Quem sabe no final de semana.- Ok. Pedro retirou-se primeiro para que o primo não soubesse de quem se tratava o tal João que havia arrebatado o seu coração de menino.No outro dia, durante o café, no escritório, João narrou sua aventura amorosa. Ele estava radiante. Empolgado perguntou-me se gostaria de saber quem era o ser amado. Prontamente disse que sim.- Pedro, filho de Carlos, casado com Sandra, irmão de Cássia. Conhece?- Sim. É meu primo.