Toque

I

Merilie

Era uma segunda feira, eu amava segundas feiras, minha mãe havia viajado e iria chegar hoje e eu queria lhe fazer uma surpresa, ela viajava muito por conta do trabalho de inicio assim que eu perdi a visão ela parou um pouco e ficava mais tempo comigo, depois de anos de conversa e a minha adaptação ela resolveu voltar a trabalhar, não havia o por que dela não voltar!

vivíamos só nos duas, aliás três, eu, ela e meu cachorro Toby, depois de muito tempo minha mãe veio conseguir me deixar ficar sozinha e fazer minhas coisas só, eu já estava me acostumando em ser assim, cega! E já sabia me virar bastante bem.

Eu me chamo Merilie Martinez, eu tinha 14 anos quando perdi a visão em um acidente de carro, estava vindo eu e meu pai do jogo do nosso time preferido e nesse mesmo acidente além de eu perder a visão eu perdi meu pai pra sempre, fui em vários médicos, tentei três cirurgias, mas nunca conseguir sucesso, os médicos me deram 0,0001% de chance de voltar a enxergar um dia, mas eu perdi as esperanças e resolvi encarar minha realidade e tentar me adaptar a essa nova fase da minha vida.
Eu já estava bem, aprendi a enxergar o mundo de outra forma, eu sempre amei pintura e dança, por influencia do meu pai imagino, eu fazia aula de pintura em um estúdio que tinha perto de casa e já andava minha cidade quase toda sozinha ou com meu amigo e parceiro de todas as horas Toby.
E foi em uma de minhas saídas que o magico aconteceu, eu queria comprar a revista que minha mãe tanto gostava, então resolvi ir até a banca de revista que ficava a dois quarteirões de onde morava, era segunda feira como disse e eu a conheci meio que desastrado como ela ou ate mesmo que louco como uma segunda feira, mas a conheci!
Estava atravessando a rua pra voltar pra casa com auxílio de minha bengala que usava pra me guiar eu parei pois sentia a presença de alguém se aproximando e cabum, ela esbarra em mim, ela vinha de costa estava se despedindo de alguém e acabou que caindo por cima de minha bengala e a destruindo toda, derramando um copo de suco na gente, que pelo cheiro parecia de laranja, a pessoa já chega gritando e com uma raiva que não havia necessidade, afinal a principal afeta aqui era eu e depois eu que sou a cega.
--Você não olha por onde anda não? Estou toda suja de suco, Por acaso você é ...
-- cega?
-- me desculpe eu não quis ofende-la!
-- tudo bem já me acostumei com isso
E ela me deu a mão me levantando do chão e juntando minha revista que estava toda molhada de suco e minha bengala que estava destruída.
-- o que eu posso fazer pra te ajudar? Ja sei, ( pensou ela),  Eu vou comprar outra revista fica aqui.
E ela foi mesmo, voltou ate a banca comprou outra revista e veio me entregar em mãos 
-- e como você vai voltar?
-- eu moro aqui pertinho!
-- eu não posso deixar você por aí andando sozinha, sem sua bengala eu te levo, vamos eu te guio, só me diz como chegar lá
-- ok, e você está toda molhada também

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Rehna

Eu acabei de me despedir do meu namorado Raul, ele iria viajar com o pai dele pra acampar sei lá onde, quando de repente eu vinha andando de costas enquanto mandava beijo pra ele, observando o carro se distanciar, ele morava ali perto, quando eu sinto algo esbarrando em mim, a queda foi tão louca que eu pensei ter quebrado alguma coisa, mais, aí quando me viro eu já vinha gritado com ela, e percebi um olhar tão angelical e ao mesmo tempo assutado com que estava acontecendo, eu realmente tive que ajuda-la, então como meu suco acabou com sua revista eu resolvi comprar outra pra substituir e como eu havia destruído a sua bengala me sentir obrigada a levar a tal menina cega pra casa e fui eram dois quarteirões que se tornavam intermináveis naquele dia, tinha tanta coisa pra fazer agora eu estava toda molhada de suco de laranja e ainda tinha que fazer a boa ação de levar uma garota cega em casa.
Passamos pela portaria era um prédio muito bonito e esperamos elevador 8 andar, chegamos, o lugar era aconchegante tudo no seu devido lugar acho que não tinha assim uma agulha fora do palheiro, como diz o ditado! Muito bonito por sinal diferente da minha bagunça era tudo bem certinho.
-- eu posso usar teu banheiro? Preciso me lavar (disse)
-- vou pegar uma camisa pra você
-- não precisa, você mal me conhece e não sei quando poderia devolver!
-- não precisa devolver não. Essa camisa eu já nem uso mais.
-- esse cachorro é lindo!
-- é o Toby ele cão guia.
-- e porque você não foi com ele?
-- eu queria caminhar pouco sozinha é tão pertinho resolvi ir rapidinho lá só comprar essa revista
-- como você lê? Se é... Cega!
-- (risos) não é para mim é pra minha mãe queria comprar pra ela, ela adora essa revista!
E então ela me veio com a camisa, ficou parada por alguns instantes estendendo a camisa na minha frente, eu não sei eu gelei
-- você vai querer ou não?
-- ou me desculpa, aliás eu me chamo Rehna.
-- e eu me chamo Merilie, eu posso gravar seu rosto? Pra eu lembrar da garota que me ajudou
-- na verdade eu estou mais pra desastre, mais pode sim.
Vestir a camisa que ela me deu, e ela se aproximou de mim na intenção de tocar meu rosto, não sei se era luz do ambiente, o silêncio da cena, os seus olhos que eram um verde quase branco que iluminava seu rosto e sua pele que era tão branquinha parecia um boneca de porcelana ou seu toque, eu sei que eu pude senti- lá ali, naquele momento, foi tão mágico eu nunca sentir algo tão estranho e tão dócil a ponto de sentir um arrepio que vinha desda da última vértebra lombar até a nuca, parecia que já a conhecia a tanto tempo, não eu nunca tive atração por nenhuma mulher, mas a forma que ela tocou meu rosto deu uma vontade descabida de beija-la e assim eu fiz, foi impulsivo sem pensar em nada, nossos lábios se tocaram por alguns minutos em um beijo parado que só ouvíamos nossas respiração mudar de frequência que foi surpresa tanto pra mim quanto pra ela que ficou sem reação.
E minha única ação foi sair dali correndo e assim o fiz!