Toque

II

Merilie

E estávamos em meu apartamento, eu já esperava ansiosa pela chegada de minha mãe, e essa garota que surgiu na minha vida do nada causando assim algumas reviravoltas e me colocando a pensar em muitas coisas na minha vida que antes eu desconhecia, ela era única e totalmente desengonçada, eu tiro pelo nosso primeiro contato que foi mais que avassalador, depois de ser levada pra casa por ela, que ela insistiu em vir me deixar eu lhe ofereci uma camisa minha, que já não usava já faz algum tempo, mais que mantinha ali, eu não gostava de me desfazer de certas coisas na minha vida então eu sempre guardava roupas até por que sempre pode acontecer um imprevisto como esse ou alguém precisar, ja pensei até em doar algumas mais isso não vem ao caso agora.
Estávamos nós na sala e eu pedi pra toca-la até por que nós cegos só podemos reconhecer o rosto de alguém pelo tato e eu gostava de guardar na memória o rosto das pessoas, eu sei que quando eu a toquei foi diferente de todos as pessoas que eu já havia tocado, seu rosto era tão lindo e cada curva, cada detalhe que deslizava a minha mão eu conseguia sentir algo dentro de mim que se tornavam inexplicável, eu sei que depois de alguns minutos percorrendo cada detalhe do seu rosto eu recebo meio que imprevisível algo encostar nos meus lábios e eu simplesmente congelo, intacta, muda, eu só conseguia ouvir na cena o barulho que vinha de nossa respiração que aumentavam compassadamente, eu fiquei inerte não pude dizer nada até por que também acho que nem teria tempo, pois segundos após ela ter me beijado ela simplesmente sumiu, eu só ouvi o barulho da porta sendo fechada e eu ainda fiquei alguns segundos ali na minha sala em pé, sem eu mesmo entender tudo isso, eu à desconhecia, só sabia que seu primeiro nome era Rehna mais nada. Não tinha um telefone ou endereço pra onde ter que procurar e tentar entender o que foi aquilo. Eu confesso que fiquei mexida com aquele beijo eu confesso que eu nunca havia me imaginado estar com uma mulher e não sei explicar nada do que estava se passando, mais eu gostei tinha sido bom inesperado, amedrontado, louco e a partir dali eu começaria pensar seriamente a respeito de minha sexualidade. Eu seria lésbica por ter gostado do beijo? Não saberia eu como explicar isso pra minha mãe, que aliás já estava atrasada, me sento no sofá da sala ouvindo música pelo tablet o Toby se deita ao meu lado e põe a cabeça no meu colo, minutos depois só escuto o barulho da chave abrindo a porta.
-- filha eu já estava aflita de saudades
-- você demorou
-- o vôo atrasou um pouco, mais eu trouxe pizza, a gente pode ficar abraçadinhas na cama, comendo e ouvindo um filme que tal? E você me conta como foi sua semana sem mim, vou tomar um banho.
-- ta bom, vou procurar um filme bem legal de comédia eu quero rir um pouco.

Eu e minha mãe sempre fomos muito amigas, e quando ela estava em casa, não queria saber de trabalho só dedicava seu tempo pra me mimar e paparicar, por um lado eu gostava muito e por outro é que me fazia me sentir como uma criança e eu gostava de ser independente. Passamos metade da noite conversando sobre tudo que tinha me acontecido, não falei do detalhe do beijo é claro, ainda não estaria eu preparada pra isso, até por que eu mesma não sabia, terminamos de assistir ao filme e acabamos por dormi as duas ali exaustas.

*********

Rehna

Eu sair de lá, até por que estaria eu me aproveitando de uma garota cega? Não sei, eu só sei que eu não pensei em nada, naquele momento juro que não tinha o controle do meu corpo ele agiu por conta própria e a única forma que eu vi de sair daquela situação foi fugir da cena.
Cheguei em casa no meu mundo na minha bagunça, confesso que perto do apartamento de Merilie minha casa era uma obra de arte daquelas bem coloridas do estilo de Picasso, mais eu entendia meu mundinho e sabia onde cada coisa se encontrava, eu morava sozinha, vim pra cidade pra trabalhar, meus pais moravam no interior com meus dois irmãos, eu era a filha mais velha vim pra cidade tentando buscar meu sonho, recebi uma proposta numa grande academia de dança que tinha perto do centro da cidade eu dava aula pra criança ainda, mas eu tinha um sonho que era um dia me tornar dona da minha própria academia de dança, dava aula meio turno, e estudava pela manhã fazia administração pra fazer gosto de meu pai ele afirmava que eu era muito sonhadora que não tinha pé no chão, então pra não desistir do meu sonho eu precisaria trabalhar me manter e ainda estudar, de início minha mãe não quis aceitar que eu viesse morar sozinha na cidade grande, temia por mim, ela sempre falava que eu sou muito desastrada e que não dou certo de morar só, mais eu já deixei bem claro se eu vou fazer o curso que meu pai quer que eu faça eu iria fazer do meu jeito então ela teve que aceitar.
Voltando a garota que conheci, foi incrivelmente magico eu não conseguia parar de pensar nela e não entendia nem um pingo oque estava se passando comigo, juro que eu não queria pensar, mais vira e meche ela me vinha a cabeça.

Peguei uma macarronada gelada do freezer coloquei no microondas, fui até meu aquário colocar comida pro senhor Fih, era meu peixinho carpa nishikigoi, que tinha desde que tinha 10 anos de idade, fiquei deitada no sofá da sala pensando até porque na minha cama não sabia muito bem o que era colchão e o que era roupa jogada, eu definitivamente não conseguia me manter organizada eu até tentava mais não conseguia manter minha casa organizada por mais de duas horas então desistir dela até porque não ia ficar louca, quem odiava era minha mãe sempre que ela vinha aqui em casa era horas e horas de sermão, bom eu com meus pensamentos fui interrompida com barulho do apito do microondas, fui buscar pra eu comer, quando Raul me liga, tinha até esquecido dele
-- amor eu estou morrendo de saudades, definitivamente não devia ter vindo ta sendo um saco aqui sem você
-- eu intendo amor, o tempo passa rápido já já você está aqui me enchendo de beijos.
Depois de horas de papos jogados fora com Raul terminei de comer minha macarronada e me deitei no sofá olhei pra camisa dela que ainda estava no meu corpo, tinha um cheiro tão bom o cheiro dela que tava guardado na camisa a um bom tempo, peguei um pedaço da gola e dei um cheirinho lembrando mais uma vez do nosso beijo.. eu precisava tirar essa garota de minha cabeça e logo, horas se passaram e eu ali no sofá mesmo, acabei pegando no sono.