500 A.D
Mansão KiraoniLaurent havia viajado muito tempo, uma hora de carruagem e três à pé, mas finalmente havia chegado no local que devia, a mansão Kiraoni, sua antiga casa.
O local não podia mais ser chamado de mansão, estava a anos destruída e o terreno estava vago, sem dono, e com boatos de que estava amaldiçoado pelos donos que morreram ali.
Andando pelos arredores, Laurent tentava se lembrar do exato lugar em que era o escritório de seu pai. Virando madeiras podres e movendo pedras enlameadas, Laurent procurou, por muito tempo, esse tempo que ele não tinha. Tendo que voltar logo para os territórios de Rosewall, Laurent acelerou o processo, até que se lembrou de algo, estava procurando no lugar errado. Correu para o antigo jardim e olhou em volta, analisando as árvores. O local estava muito diferente do que ele poderia se lembrar, claro, mas não tanto. O rapaz andou em direção às árvores e começou a bater levemente em cada uma delas, até que em uma, foi extraído um som diferente. Laurent pegou sua rapieira e quebrou a árvore. Estilhaços de uma liga metálica enferrujada e enfraquecida caiu no chão. Na árvore, podia-se ver um pequeno buraco, onde dentro havia um dossiê. Laurent pegou o livro, olhou em volta, e foi embora.
Estava anoitecendo e Laurent não estava nem na metade do caminho de volta. Não sabia o que Rosewall iria falar se ele falhasse com o dever.
Tudo estava quieto, a não ser pelos sons de tosse que o cocheiro produzia uma hora ou outra. Laurent aproveitou o momento para ler o dossiê. Várias coisas ali iriam ajudá-lo com seu propósito. Enquanto lia, Laurent percebeu que havia algumas páginas citando ele, e quando leu, ficou chocado com o conteúdo. Olhou para a adaga, analisando-a, enquanto tentava compreender o que acabara de ler. A lâmina e o jovem tinham uma ligação maior do que ele pensava.
Os devaneios de Laurent foram interrompidos quando a carruagem parou. Olhou para fora e não viu o cocheiro. Desconfiado, saiu da carruagem e foi averiguar a situação. Nada de cocheiro. Estava beirando o pôr do sol e ele tinha que chegar logo na mansão Wartephs. Laurent teve seus pensamentos interrompidos por um barulho, atrás da carruagem. Eram passos, mas para a surpresa de Laurent era só o cocheiro.
— Senhor, para onde foi? Por que parou a carruagem e sumiu assim? — Questionou Laurent.
— Desculpe, eu fui uri...
O cocheiro não teve tempo de terminar de falar, pois seu corpo havia sido dividido ao meio. Foi tudo muito rápido, Laurent desembainhou as duas lâminas e ficou atento a qualquer movimento.
— Naquele dia eu achava que era somente ele, não sabia que tinha um a mais. Laurent Kiraoni, filho do demônio. — Disse uma voz.
— Como sabe meu nome? E quem é você? — Respondeu Laurent.
— Fui empregado para vigiar aquela mansão, ninguém nunca foi lá por conta da má fama que ela tinha. Você foi o primeiro, seja como for, tenho que fazer umas perguntas.
— Acho muito presunçoso de sua parte, não responder, mas desejar respostas.
— Hum, muito bem. Meu nome é Solomon Patrick. A Instituição North me contratou para encontrar uma pessoa, Laurent Kiraoni, filho de um mago, conhecido como o demônio.
— O que essa instituição quer de mim?
— Por que não me acompanha para descobrir? — Respondeu Solomon.
— Nada feito. - Enquanto dizia isso, Laurent desembainhou as lâminas. — Acho que tenho mais de um motivo para lhe matar!
— Não vai ser fácil garoto, já vou avisando.
Solomon segurou uma espada de duas mãos enorme. O homem era alto e musculoso, tinha pele escura e nenhum cabelo na cabeça. Seria difícil para Laurent derrubar um colosso daqueles.
Ataques rápidos, mas ineficientes. Laurent era rápido, o suficiente para esquivar de qualquer ataque, mas não para sempre. Estocada após estocada, todas faziam pequenos furos no homem, que parecia ser de ferro. Laurent estava começando a desconfiar daquele homem.
— Estranho. Até o mais resistente dos humanos já deveria estar morto depois de tantos ataques, mas nenhum lhe feriu. O que é você? — Disse Laurent.
— Me force a lhe contar! — Gritou Solomon enquanto ria.
Após dizer isso, o homem entrou em um frenesi profundo, atacando com uma brutalidade desumana. Laurent começou a esquivar novamente. Ofegante, Laurent não sabia mais o que fazer, até que se lembrou do dossiê.
Pegando a adaga, Laurent avançou, ou matava agora, ou seria morto. Nesse meio tempo, Solomon viu a adaga e se assustou. O homem se afastou rapidamente.
— Parece que as coisas ficaram sérias garoto.
— O que quer dizer com isso? — Perguntou Laurent.
— Hum... Então você não sabe. Melhor para mim. - Após dizer isso, Solomon sangrou.
Laurent estava parado, sem saber o que estava acontecendo, até que após alguns segundos, Solomon estava mudado. Era um Orc.
— A adaga garoto, me dê, grr! — Disse o monstro.
— Mas o que...
Solomon avançou, jogando a espada em Laurent, acertando seu seu braço esquerdo, arrancando-o fora.
— Podíamos ter resolvido isso pacificamente. Agora terei de levar um defunto até a North.
Solomon se aproximou do corpo de Laurent, sentiu o pulso no braço direito, e o garoto estava morto. Olhando aos lados, procurando a adaga, o orc ficou confuso. Não se via adaga alguma, até que uma névoa negra soprou. O orc sentia o cheiro de morte, e escutava palavras antigas.
A névoa havia cobrido Laurent, e rapidamente o jovem se levantou, com um novo braço, totalmente negro, com a runa Ger, a runa da Colheita, escrita em sangue no deltoide. Quando a névoa se dissipou, o cabelo de Laurent estava negro, que antes era loiro, os olhos estavam em um lilás intenso, que antes eram azuis. A adaga bebia sangue através do braço de Laurent.
— Demônio... — Disse o Orc.
Laurent avançou com uma velocidade inumana, tão rápido quanto os olhos de Solomon poderiam ver. Em um instante, o orc estava morto, com seu sangue sendo consumido. Asas estavam saindo das costas de Laurent, até que ele parou, e caiu no chão, inconsciente.
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Sin:Wrath
FantasyNo continente de Sannufy, existem 9 províncias, uma delas é Nineloty, e é aqui que essa história começa. Laurent carrega um fardo que talvez não possa carregar para sempre sozinho. A ruína e a glória acompanham as escolhas como consequência.