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- Justin McCann

- Justin? Passaste aqui a noite?

- Passei. - Murmurei com a boca cheia de panquecas. - Bom dia, avó.

- E a Ivy? Não veio contigo?

- Vim por causa da Hailey.

- O quê? Como assim por causa dela? O que tínhamos conversado?

Expliquei por alto o que se passava, até a ida à polícia.

Beijei a testa da minha avó e choquei os punhos com o meu avô, ouvindo a sua gargalhada quando deixei a casa.

Tudo aquilo que queria era convencer Hailey a fazer a denúncia. Caso negasse falar com a polícia, eu não iria dar um passo em falso.

Resolver as coisas e voltar para a ilha, para resolver o mais importante.

Conduzia até ao motel.

Ao fim de uns minutos, ouvi as sirenes da polícia a aproximarem-se do local, o que me fez acelerar ainda mais a moto até chegar ao motel.

Só podia ser a Hailey.

A correria pelos corredores do motel eram infernais.

Enquanto uns subiam, outros desciam e ainda alguns paravam no corredor, pálidos de tanto medo que se estava a acumular por dentro.

Terceiro piso, quarto quarenta e dois.

A porta estava entreaberta.

Havia sinais de entrada forçada. Não sabia se devia ou não avançar, porém, afastei a porta, tendo perfeita visão do interior do quarto. Vidros pelo chão, a faca de cozinha ao lado de um rasto de sangue.

Os batimentos cardíacos dispararam no momento em que um corpo deitado no chão chegou aos meus olhos.

Como conhecia aqueles cabelos cor de mel, a pele pouco bronzeada e o corpo bem constituído, que tanto costumava observar há anos.

Impossível não sentir um vazio maior que nunca.

Cai de joelhos ao lado do seu corpo.

Tudo pulsava dentro de mim. Emoções descontroladas, nenhum pensamento claro naquele momento.

Relembrava o que sentia cada vez que a via.

Cada vez que a fazia gargalhar. Cada sorriso que se desenhava no seu rosto, ou até as bochechas avermelhadas de tão chateada que conseguia fazer com que ficasse.

Eu era o pior dela.

Ela era o melhor que havia em mim.

Conseguia sentir o quão bom era amar alguém tão cheia de vida.

- De joelhos! - Um estrondo seguido de um grito autoritário despertaram-me do enorme devaneio. - Mãos atrás das costas!

Algemas em redor dos meus pulsos.

Mãos fortes a pressionar o tecido da camisola que usava, impedindo-me de qualquer tentativa de fuga.

- Está preso pela tentativa de assalto e pelo assassinato de Hailey Porter, tudo o que disser pode e irá ser usado contra si em tribunal.

Matar a pessoa por quem quase matei outra?

Três horas depois

Continuava sentado numa sala isolada, com apenas uma porta.

Olhava para a janela ao meu lado, sem conseguir ver. No entanto, tinha noção que um polícia estava constantemente a vigiar-me do outro lado.

A porta foi aberta entretanto.

Havia confessado tudo, o que me levou ao Canadá, à Hailey. O porquê de estar no motel, principalmente.

Porém, não estava a ser credível. Era o único suspeito.

Fui a última pessoa a vê-la com vida, o meu telemóvel era a prova viva. Havia deixado o objecto na cama da Hailey, o que me pôs no mesmo local que ela, dai estar a ser acusado.

O que podia fazer?

Garanti que havia ficado em casa dos meus avôs.

O tenente avisou-os que estava detido, pediu que se dirigissem à esquadra. Só conseguia imaginar o olhar desiludido da minha mãe.

Da Ivy, que tanto me alertou.

Senti lágrimas nos meus olhos, só por pensar que jamais iria confiar em mim, que jamais iria tê-la de novo.

- Sr. Justin McCann, tem direito a uma chamada, antes de ser levado para as celas da esquadra.

Mantive-me em silêncio.

Creio que o telemóvel era a única prova no caso. Não encontraram a verdadeira arma do crime.

Levantei-me, olhando para as algemas nos meus pulsos.

Fui levado para uma cabine telefônica perto das celas da esquadra. Marquei o número da minha mãe, pois não tinha coragem de ligar á Ivy.

- Estou? Justin?

- Mãe, não posso demorar...

- Eu sei que não o mataste filho e vou ajudar a provar a tua inocência. Não vou cometer o mesmo erro do passado, prometo!

- Diz à Ivy que a amo e que lamento o que aconteceu.

- Vejo-te amanhã meu amor, aguenta por favor.

Desliguei a chamada.

Respirei fundo antes de entrar na cela e esticar os punhos através das grades. O tenente retirou-me as algemas.

Esfreguei os meus pulsos, relembrando o que acontecera há uns anos.

Ser acusado de assassinato?

IVY II  ➛ JUSTIN BIEBEROnde histórias criam vida. Descubra agora